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Sentia a areia fina da praia entre meus dedos enquanto me distraía com ela. Minha parte menos favorita de morar aqui era a praia, mas ao mesmo tempo era um ótimo lugar pra refletir. E talvez a parte pior era não ter com quem conversar enquanto se está olhando pro mar quebrando à sua frente.
Eu até gosto de estar sozinha e pensar em silêncio sobre a minha vida, mas ter alguém pra conversar pessoalmente às vezes faz falta. Conversar só com a minha amiga virtual através de telas não é a melhor coisa do mundo.
Depois que sai da escola nessa terça feira entediante resolvi vir até aqui, na praia. Queria pensar um pouco e pra minha sorte ela estava vazia, provavelmente a maioria das pessoas tinham coisas mais úteis pra fazer. É tão ruim ser tímida porque você tem medo até de ter que encarar e ver as pessoas te olhando.
É como se elas tivessem te julgando a todo momento, quando provavelmente elas nem estão nem aí pra você.
Quando o sol começou a querer se por no horizonte eu resolvi que era hora de me levantar e ir pra casa. Meus pais chegariam em breve e eu precisava estar lá se não quisesse levar um grande bronca. Levantei devagar e limpei minha calça que tinha resquícios de areia, peguei minha mochila e comecei a caminhar pelas ruas.
Senti o vento gelado batendo no meu rosto e bagunçando ainda mais o coque desajeitado que eu tinha feito nos meus cabelos. Apertei o passo com o intuito de chegar mais rápido em casa, eu não morava longe mas era uma distância relativamente longa pra uma pessoa sedentária como eu.
Quando eu finalmente passei pela porta de casa suspirei aliviada tirando a mochila e o casaco e pendurando no seu devido lugar. Andei até a cozinha em busca de algo pra comer, mas quando cheguei lá vi o que não queria. Meu pai estava sentado no balcão de costas pra mim conversando com a minha mãe que assim que me viu fechou a cara com uma expressão seria.
- Onde estava?
Soltou tão rápido que eu mal tive tempo de raciocinar. Pensei em mentir e dizer que estava no quarto mas pelas expressão brava dela provavelmente já tinha me procurado lá.
- Eu decidi dar uma passada na praia.
Falei a verdade deixando meus ombros caírem um pouco frustrada. Minha mãe sorriu mínimo e concordou com a cabeça me fazendo comemorar internamente.
- E como foi a aula?
Meu pai perguntou acenando pra que eu me aproximasse, andei devagar até eles e me sentei no banco ao lado do meu pai.
- Como sempre...
- E já conseguiu fazer novos amigos?
- Eu tenho amigos... mas eles não conversam muito comigo.
Menti fingindo desinteresse. Na verdade eu não gostava muito de fazer amigos, eu tinha um certo bloqueio quanto a isso, era como se as pessoas fossem me julgar por qualquer coisa que eu fizesse, eu tinha medo.
- Você não pode só ter amigos virtuais Alice, precisa conviver com pessoas de verdade, pessoas reais.
- Minha amiga virtual é real, ela só não está aqui pessoalmente.
- Devia chamar alguns desses seus "amigos" pra vir aqui então. Eu posso fazer um lanche e algumas coisas pra vocês.
Meu pai sugeriu sorrindo, eu arregalei os olhos levemente tentando arrumar uma desculpa. Olhei para os lados pensando em algo até que senti a mão da minha mãe no meu ombro me fazendo olha-la.
- Sem pressão.
- Eu... eu vou tentar.
Respirei fundo e sorri descendo do banco pronta pra fugir dali.
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𝔸 𝕧𝕚𝕕𝕒 𝕕𝕖𝕡𝕠𝕚𝕤 𝕕𝕖 𝕧𝕠𝕔𝕖̂ | ✓
RomansaAlice é a típica garota do ensino médio que é tímida e faz parte do grupinho dos excluidos. E como todo bom clichê, ela é completamente apaixonada pela capitã do time de vôlei. Carol Walker, a capitã do time de vôlei e uma das garotas mais populares...