Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 11

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Sentei no chão pegando as canetas coloridas que eu tinha comprado no dia anterior. Estava pensando em como fazer caber uma frase inteira em um papel sulfite de um jeito que não parecesse um trabalho de uma criança do jardim.

Suspirei olhando pra tela do meu celular que estava aberto no Google tradutor com uma frase traduzida do inglês pro espanhol. Olhei de novo pra folha e decidi começar logo. Eu ainda tinha um compromisso antes de ir pro aeroporto.

Peguei a caneta mais chamativa que eu tinha e comecei a escrever. Fui letra por letra tentando não errar, até tentei pronunciar alguma palavra mas foi em vão, eu esperaria pra aprender com ela.

Tudo bem, eu vou contar o que está acontecendo.

Hoje a minha amiga, única amiga até uns meses atrás. Está vindo morar aqui, no caso ela vai fazer intercâmbio na mesma escola que eu estudo. Digamos que ela já queria isso a muito tempo, e os meus pais queriam receber intercambistas também, então juntamos o útil ao agradável.

Nos conhecemos no chat de um jogo quando eu tinha treze anos, ela sempre me disse do seu sonho de fazer intercâmbio aqui. Mas como ela era nova demais na época seus pais não deixaram, então só agora que ela já tem dezessete pôde finalmente vir.

Meus pais aceitaram na hora a minha ideia e desde então estamos esperando por esse dia.

Olhei pro papel de longe vendo a frase "sea ​​bienvenida a mi mundo y esto no es una simulación". Estava bem ridículo, mas pelo menos eu estava tentando ser legal.

Nunca tinha me encontrado com ela pessoalmente, a única coisa que eu sabia é que ela era da Colômbia e falava espanhol. Eu sei que ela entende e fala inglês muito bem, porém eu queria ser legal.

Guardei as canetas, deixei o papel em cima da minha mesa e peguei meu celular vendo uma mensagem da Carol. Ela tinha me convidado pra tomar sorvete no outro dia e eu aceitei que fosse hoje. Me ajudaria a me distrair.

Ouvi a campainha e saí do quarto encontrando o banguela no corredor deitado todo esparramado. Eu ri fazendo um leve carinho, me levantei pra abrir a porta mas não pude impedir minha mãe que abriu ela antes de mim.

– Bom dia.

Carol disse simpática e eu sorri amarelo. Ela vestia uma calça jeans preta rasgada no joelho e um sobretudo verde escuro por cima do que parecia uma regata preta. Minha mãe ficou em silêncio por um tempo antes de sorrir e cumprimentar ela.

– Bom dia, senhorita...

– Carol Walker. Já nos conhecemos mas eu esqueci de dizer meu nome da outra vez.

Passei pela minha mãe e tentei afastar ela da porta.

– Ah sim. Juízo vocês duas. E, Alice...

Olhei pra ela pedindo mentalmente pra que não dissesse nada que me fizesse passar mais vergonha.

– Esteja em casa até às três horas. Precisamos estar no aeroporto com antecedência.

– Tá bom.

Fiz menção de sair mas não podia esperar pelo que viria.

– Por favor, sem pescoço roxo dessa vez.

Ela disse antes de sair. Arregalei os olhos quase desistindo de sair e voltando pro meu quarto. Olhei pra Carol que estava em silêncio de braços cruzados mas com o vislumbre de um sorriso no rosto.

– Pronta?

Assenti e saí fechando a porta e tentando ignorar o pequeno momento vergonhoso que minha mãe fez questão de me colocar. Andamos até o carro dela e eu entrei me acomodando e puxando o cinto, ela fez o mesmo e começou a dirigir.

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