Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 10

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Já era a terceira camada de base que eu passava no pescoço tentando esconder aquele roxo. Se meus pais já acharam que era um chupão, imagina o povo daquela escola. Ainda mais agora que infelizmente eu estou mais visível pras pessoas.

Olhei de novo no espelho e vi que já estava bem escondido, acabei roubando a base da minha mãe já que eu não costumo usar maquiagem e nem tenho.

Peguei minha mochila e saí do quarto, passei na cozinha e peguei uma maçã. Já estava atrasada e provavelmente minha mãe já queria meu pescoço por atrasar ela também.

Entrei no carro rápido, puxando o cinto. E como eu disse, ela reclamou da demora. Dirigiu até a escola falando disso o caminho todo. Ainda bem que foram menos de cinco minutos já que não tinha trânsito.

Desci do carro já me despedindo, pela primeira vez eu preferia o inferno escolar do que as broncas da minha mãe. Entrei na escola seguindo em direção ao meu armário, por sorte ele ficava no final do último corredor próximo do laboratório, quase ninguém ia lá.

Depois que fechei ele andei em direção ao campo de futebol americano, primeira aula era de educação física e no campo. Entrei quase me arrastando, eu simplesmente odeio aulas de educação física.

Por sorte ele cedeu a aula pro treino dos meninos nos deixando no banco. Subi nos últimos bancos e me deitei, eu já nem ligava mais pra estar sendo folgada.

Estava olhando pro céu e vendo as nuvens quando vi uma sombra tampar minha visão.

- Vai dormir aí?

Olhei pra Carol que estava sorrindo pra mim. Um sorriso lindo, diga-se de passagem.

- Poderia, estou com muito sono.

- O professor vai te colocar pra fazer cinquenta polichinelos.

Ri concordando, de fato ele faria isso. Eu sei porque ele já fez isso com um aluno que dormiu na aula dele.

- O que é isso?

Ela apontou pro meu pescoço, eu arregalei os olhos sentando no banco e peguei meu celular pra olhar o reflexo. Mas não dava pra ver o roxo.

- Era só um bichinho, mas eu já matei. Fica tranquila.

Ela disse me mostrando o bicho na mão dela. Fiz uma cara de nojo me recuperando do susto. Não que eu não quisesse que ela visse, mas isso ia gerar muitas perguntas.

- Eu não gosto desses mosquitos.

Disfarcei sorrindo amarelo. Ela me olhou como se me analisasse, mais especificamente pro meu pescoço.

- Ah sim... entendi.

- ME SOLTA!

Ouvimos um grito e olhamos pra uma parte do campo mais afastado.

Valéria estava ali segurando um aluno que era do mesmo grupinho que eu, os excluídos. Melissa voou até lá tão rápido que eu só percebi quando ela já estava discutindo com a Valéria.

Arregalei os olhos vendo tudo de longe, não dava pra ouvir mas ela parecia brava. O menino saiu correndo dali, pegou sua mochila ajeitou os óculos e saiu correndo pra dentro da escola.

- Parece que ela voltou a pegar no pé das pessoas.

Carol comentou vendo a mesma cena que eu. O professor estava tão ocupado ajudando os meninos no treino que nem viu nada.

- Ela nunca parou.

Eu comentei olhando pra baixo. O fato é que eu sempre fui zoada por ela e pra mim isso era algo recorrente, só que eu nunca tive uma Melissa pra me defender, não ate agora.

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