Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 14

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Eu ainda olhava pro capacete na mão dela, estendido na minha direção, pensando se aceitava ou não. Meu tio já tinha saído com meu outro tio e meu pai tinha entrando em casa com a minha mãe. Ellie estava na janela me olhando ao lado da minha prima.

Eu acho que elas pensam que estão bem escondidas mas eu consigo ver elas perfeitamente bem. Olhei pra Melissa de novo que já tinha desistido e abaixado a mão que segurava o capacete.

– Quer saber... deixa pra la, podemos fazer outra coisa.

– Não. Tudo bem, mas pra onde vamos?

– Não sei.

Deu de ombros e me estendeu o capacete de novo. Eu peguei ele e coloquei na cabeça vendo ela repetir o ato.

– E se me levar pra um lugar e me matar? Nunca vão saber.

Ela riu e eu ri também.

– Se eu quisesse te matar faria aqui e agora. Não preciso de esconderijo pra isso.

Franzi a testa e analisei a situação antes de subir na moto.

– O pior é que eu sei disso.

Ela sorriu e ligou a moto. Eu subi e segurei nela antes que ela começasse a andar pelas ruas. 

Minha vó mora em um lugar onde não tem muita coisa em volta, é basicamente mato, mato e mais mato. Como uma cidade do interior, mas não chega a ser interior. Então pra chegar em algum lugar interessante precisa passar pela estrada.

Ela estacionou em uma especie de parque, não estava muito cheio só alguma pessoas passeando com a família. Eu podia ver os poucos brinquedos que tinham ali, de longe. Desci da moto e tirei o capacete olhando tudo em volta.

– Nunca vi esse lugar por aqui.

– Descobri esses dias. Estava andando por aqui com uma pessoa e encontrei. Legal né?!

Assenti devolvendo o capacete pra ela que pendurou na moto junto com o dela.

– Mas o que viemos fazer aqui?

– Tem um parque lá no fundo. Uma roda gigante enorme e parece muito legal, vamos?

Fiz uma careta. Tá aí outra coisa que eu não gosto.

– Ah... roda gigante? Mas... é muito, alta?

– Não sei, não andei nela ainda. Queria que você fosse comigo.

Ela saiu andando na frente sem me dar chance de responder. Mas eu não queria ser chata e dizer não, seria muito ruim. Então eu ia enfrentar esse medo, afinal o que é um medinho bobo de altura né?! Não tem nada demais nisso.

Andamos pelo parque vendo tudo em volta, até chegarmos na bendita roda gigante. Eu olhei lá pro alto e vi que era muito, mas muito alta mesmo. O que de tão ruim poderia acontecer?

Pensei nas consequências disso enquanto ela comprava os ingressos. Meu medo de altura não era algo tão presente na minha vida, os outros medos bloqueavam esse. Mas talvez porque eu não me colocava em situações do tipo e fugia delas.

Mas veja bem, se eu consegui enfrentar meu maior medo que era socializar com a garota por quem eu sou apaixonada e consegui até beijar a Melissa, eu beijei ela, eu tive a atitude. Então eu consigo passar por qualquer outra situação.

Eu consigo.

Eu consigo.

Eu consigo.

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