Capítulo 9

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Nota da autora:
Quero que prestem atenção nessa parte da música:

"Compartilhando meu coração
Está me destruindo
Mas eu sei que sentiria sua falta, baby, se eu fosse embora agora
Fazendo o que posso, tentando ser um homem
E toda vez que eu te beijo, baby
Eu posso ouvir o som de algo quebrar."

POV DAISY

Theo ainda está com o braço sobre meus ombros, não me importo, na verdade, gosto muito de ficar próxima dele, já que senti tanta falta do meu amigo, mas...
Mattheo está estranho demais, sinto o olhar dele em mim, mas quando olho de volta, ele desvia.
Não sei o que está acontecendo, mas só de pensar que de alguma forma ele está bravo comigo, meu coração aperta.
E também tem o Draco.
Ele está sentado na última mesa da sala, tem um lugar vazio ao seu lado. Ele abre um sorriso assim que vê o Theo, Draco levanta da cadeira, Theo retira o braço de cima dos meus ombros para comprimentar ele.
Olho para o chão quando Draco se aproxima.
Merda.
Sem olhar para nenhum dos dois, me sento na cadeira mais próxima, não vou sentar perto do Draco.
Ainda não estou pronta para isso.
O professor entra na sala, as pessoas param de falar, sinto alguém sentar ao meu lado, Theo está com um sorrisinho.

-O que foi? - Pergunto de mau humor, o sorriso dele aumenta. Ele bate de leve o ombro no meu.

-Vai me contar o que aconteceu entre vocês dois? - Ele pergunta, franzo o cenho.

-Não sei do que está falando. - Respondo imediatamente. Theo ri.

-Eu não sou cego, você nem falou com ele - Theo começa, ignoro tudo o que ele fala. - Malfoy ficou decepcionado, gracinha.

Uma raiva diferente nasce em meu corpo.

-Foi isso o que ele disse para você? - Pergunto, a irritação na minha voz é clara.

-Não me disse nada, eu só vi. - Theo dá de ombros. - Malfoy fica insuportável quando está brigado com você, então, por favor, conserte isso logo.

-E quem disse que fui eu que fiz merda? - Encaro-o com raiva, Nott ergue as mãos em redenção.

-Não foi isso que eu quis dizer, gracinha. - Tento regular a respiração, sem sucesso. - O que foi que aconteceu?

-Nada. - Respondo somente, Theo não insiste, e agradeço silenciosamente por isso.

-E você e o Riddle? - Ele muda de assunto, sinto vontade de me enfiar em um buraco.

-O que tem eu e ele?

-Não sei, me diga você. - Ele sorri amargamente - Daisy, eu reconheço um cara com ciúmes quando vejo um, e tenho certeza que eu estava prestes a levar um soco dele. - Me encolho na defensiva.
É por isso que Mattheo está estranho?
Ele está com ciúmes?

Estou pensando na resposta quando somos interrompidos, Snape entra na sala, ele se aproxima do professor e sussurra algo para ele, e depois olha para os alunos da sala.
Parece que está até me olhando...
Porra, Snape está vindo em minha direção.

-Pode vir comigo um minuto, Srta. Lovegood?  - Ele pergunta, paraliso, mas consigo confirmar com a cabeça. Levanto da cadeira e o sigo até o corredor, Snape nos leva até sua sala.
Hesito antes de entrar, não estive nessa sala desde dos acontecimentos na mansão Malfoy.
Meu coração erra as batidas, mas entro na sala. Ele fecha a porta assim que passo.

-Você ainda está com o livro de Magia Negra. - Ele diz, não é uma pergunta, é uma afirmação. - Quero que me devolva.

Desvio o olhar, procurando alguma maneira de escapar dessa situação. Ao contrário do que todos pensam, o livro não me faz mal.

-Eu posso lidar com Magia Negra. - Respondo seriamente, Snape cerra os olhos para mim.

-Você está doente, Daisy. - Ele começa, mas para por um segundo, organizando as palavras - Malfoy me disse que...

-O que? - Minha voz sai estridente, não consigo nem esperar ele terminar de falar.
Meu coração ameaça se partir novamente.

-Daisy, por favor... - Snape tenta me acalmar, mas ignoro completamente, preciso ouvi-lo dizer.

-Foi o Draco quem contou sobre o livro para você? - Pergunto já com falta de ar, as lágrimas ameaçam sair.

-Isso não importa. - Snape não responde, e nem precisa, já sei a resposta.
Ouço-o gritar meu nome quando entro correndo na sala, todos os alunos param de fazer o que estão fazendo para me olhar, mas isso não importa.
Vou até Draco como um vulto, ele está completamente sério, já percebeu o que está acontecendo.

-Contou para ele, Draco? - Minha voz sai fraca, embora a raiva esteja me incendiando.

-Daisy, aqui não. Não vamos falar sobre isso aqui. - Ele responde de maneira contida.

-Foda-se, que todos ouçam, pouco me importa. - Falo com pressa, a raiva crescendo em mim - Você contou para o Snape pelas minhas costas! Mesmo eu pedindo, implorando, para que não contasse para ninguém.

-Eu não tive outra opção. Você estava fora de controle, passou dos seus limites, Daisy. - Draco levanta para falar, a voz dele não está mais tão calma.
Dou um passo para trás.

-Não venha me falar sobre controle e limites, porra! - Explodo completamente, sem me importar em parecer uma vadia surtada.
Estou com raiva.
Muita raiva.
Sinto alguém pegar em minha mão, olho para o lado e Mattheo está aqui, aperto a mão dele com força, a única coisa concreta em um mundo de sombras.

-Vamos sair daqui, Daisy. - Ele sussurra, bem próximo de mim. O suficiente para incomodar o Draco.

-Fique longe dela, porra. - Draco troveja, ele avança em Mattheo, fico entre os dois, empurro o Draco para longe dele.
A raiva borbulha dentro de mim.

-Não. Você fique longe de mim. - Minha voz sai com tanta raiva que mal me reconheço. Me arrependo de ter dito no mesmo segundo.
Draco cambaleia para trás, pisca duas vezes e me olha.
O olhar dele me faz desabar.
Nunca o vi tão magoado.
Vejo em seus olhos todas as lembranças entre nós dois se transformarem em uma dor profunda.

Não consigo respirar.
Pisco para afastar as lágrimas, mas logo estou inteira molhada.
Mattheo me puxa para fora da sala, simplesmente deixo-o fazer isso, fico completamente alheia à tudo, lembrando da dor nos olhos do Draco.

The Riddle Boy (The Lovegood Girl II)Onde histórias criam vida. Descubra agora