Capítulo 20

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POV EVA

Estou na biblioteca novamente, estou procurando um livro específico.
Ouvi dizer que as grandes famílias puras, não gosto desse adjetivo, ganham livros com suas histórias e informações.
Estou procurando o da Família Black.
Levo a mão à boca para conter o grito de susto, Mattheo está sentado entre as estantes, fumando no meio de centenas de livros, uma combinação perigosa.
O rosto dele está cheio de hematomas, cortes e sangue.

-Que porra aconteceu com você? - Pergunto ainda com a mão na boca, caminho até ele e me sento ao seu lado, analiso os cortes de longe.
Vi muitas vezes meu pai cuidando dos ferimentos do meu tio Moony.
Mattheo me olha por meio segundo, dá uma tragada no cigarro e vira o olhar.

-Você deveria parar de fumar. - Falo casualmente. Levo minha mão ao bolso da minha capa e retiro a varinha - Feche os olhos.

-O que vai fazer? - Ele pergunta, sem interesse.

-Feche os olhos. Por favor. - Ignoro a pergunta, ele finalmente fecha os olhos.

-Stanque sangria. - Murmuro baixinho, vejo os cortes sumirem graças ao feitiço, sorrio satisfeita.
Ele abre os olhos, seu olhar transmite mais intensidade do que qualquer outro que já conheci.

-Não conhecia esse feitiço. - Ele diz, simplesmente.
Dou de ombros.

-Meu pai usa muito em meu tio Moony. - Respondo com um sorrisinho, lembrando de todas as vezes que os dois fingiram ser apenas amigos na minha frente.
Nunca me convenceram.

-Gosto do seu estilo, Black. - Ele sussurra, logo depois que termino de falar. Arregalo os olhos, meio surpresa.
Mattheo ergue a mão para retirar o cabelo dos meus olhos, minha respiração falha.

-Desculpe por ter sido uma babaca. - Solto baixo, ele me dá um meio sorriso.

-Você é a menos babaca
dos babacas. - Não consigo evitar a risada, ele ri também. - Obviamente, isso não significa muito vindo de um Sonserino. - Riddle diz sarcástico, reviro os olhos.

-Você é o Sonserino que menos odeio. - Falo, mas me arrependo assim que sai.
Merda.
Mattheo me encara por muito tempo, então ele ri, dá mais uma tragada no cigarro e levanta do chão.

-Obrigado por cuidar dos meus ferimentos. - E vai embora da biblioteca, me deixando completamente sozinha.

...

Adoro o dia de cartas.
Sempre recebo uma do meu pai e uma do meu tio Moony, amo as duas.
Abro primeiro a do meu pai:

Oi Lobinha,
Sei que falei isso nas últimas cartas, mas ainda estou com saudades. Eu deveria pedir para Dumbledore permitir mais cartas.
Como está a escola? E o Harry? Está indo bem em transfiguração?
Se estiver muito mal, posso falar com a Minerva, sei que ela meio que me odeia da época da escola, mas posso tentar...
Seu tio Moony apareceu aqui, vamos jantar na casa dos Weasleys hoje.
Queria que você estivesse aqui, Lobinha.
                                    Amo você.
                    Ps: Seu tio Moony                           também disse que ama você.

...

POV DAISY

Bato umas vinte vezes na porta do dormitório dele, basicamente estou esmurrando o objeto quando ele finalmente abre a porta, Mattheo está sem camisa, com os cachos do cabelo levemente bagunçados, como se estivesse tirando um cochilo.

-Veio me dar uma bronca por bater no seu namorado? - Ele pergunta, sarcástico, a voz está meio rouca. Ignoro a pergunta, me enfio no quarto sem esperar a permissão, Mattheo me olha por meio segundo antes de fechar a porta atrás de si. - Ou veio cuidar de mim? - Ele provoca, com um sorriso.
Olho o rosto dele, está curado, nada de cortes ou hematomas, um feitiço de cura, meu coração relaxou um pouco ao saber que ele está bem.
Porque eu quase colapsei ao vê-lo machucado.

-Cale a boca, Mattheo. - Respondo, séria. Solto a respiração, vou direto ao ponto. - Eu sou filha do Regulus Black?

O sorriso dele some imediatamente, ele me encara, tentando assimilar o que eu acabei de dizer.
Respiro fundo, mas pela reação dele, já sei a resposta.
Pensei que eu reagiria diferente, mas estou com raiva. Estou com muita raiva de Mattheo Riddle.

-Você sabia por todo esse tempo? - Minha voz sai embargada, a raiva está diretamente ligada com meus ductos lacrimais. Quero gritar e chorar. - Sabia por todo esse tempo e nem pensou que eu merecia saber?

-Daisy... - Ele começa, dá um passo em minha direção, dou dois para trás.
Estou desmoronando fisicamente e mentalmente, minha vida inteira foi uma farsa, uma farsa em que eu nunca me encaixei, e agora, tudo mudou, tudo é diferente.
Sinto que fui a última a saber da minha própria vida, só descobri que Regulus Black é meu pai por causa de um maldito livro de magia negra, e o pior de tudo, Mattheo Riddle.
Ele sabia, mas foi um egoísta do cacete, achou que tivesse mais direito em guardar meu segredo do que eu tinha de saber.
Regulus Black é meu pai.
Não consigo respirar.
Eu sou uma Black.
Caio de joelhos no chão, Mattheo vem correndo até mim, ele se ajoelha na minha frente.

-Você conheceu ele? - Pergunto sem olhar para Mattheo, não consigo nem pensar direito agora.

-Sim, conheci. - Mattheo responde igualmente sério, não está me tocando e agradeço por isso - Ele me fez um favor.

-Como ele era? - Pergunto baixinho, tentando controlar as lágrimas.

-Uma pessoa incrível acostumada demais a se sacrificar - Mattheo começa, lágrimas escorrem livremente pelas minhas bochechas - Amava sua mãe, mas eles não podiam ficar juntos.

Preciso respirar fundo, mas isso não  esconde meus soluços. Olho para Mattheo por meio segundo, sem acreditar que ele escondeu isso por tanto tempo.

-Eu te odeio! - Empurro-o para longe de mim, Mattheo nem se move, então faço novamente - Eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio - Grito com as lágrimas ainda escorrendo, empurro ele para longe de mim, para longe da minha vida. Mattheo segura meus braços como se não fosse nada. - Eu te odeio porque acho que amo você.

Choro mais, Mattheo está imóvel, sem qualquer reação, acho que não está nem respirando, ele só está me encarando, em completo silêncio.

-O que? - Pisca, confuso, ele solta meus braços, deixo-os cair ao lado do meu corpo.
Mattheo faz contato visual, ele envolve os braços ao meu redor quando percebe que falei sério, fico parada por meio segundo com os braços dele me envolvendo, mas assim que me dou conta, empurro-o para longe, dessa vez ele se deixa ser empurrado.
Levanto do chão e saio correndo do quarto.

...

The Riddle Boy (The Lovegood Girl II)Onde histórias criam vida. Descubra agora