No dia seguinte eu acordei e minha mãe já estava na sala vendo jornal.
Novidade.
Ela sempre vê todos os dias, haja espaço pra saber de tanta notícia ruim.
De ruim já basta meus problemas, se eu visse jornal pra saber dos problemas dos outros, já estava maluca.
- Elisa, filha, vem cá. - me chamou ainda sentada no sofá e eu fui me sentando ao seu lado.
- O que foi?
- Tava vendo umas coisas no instagram e olha só o que eu achei. - falou com um sorrisinho desbloqueando o celular para me mostrar
- " Acampamento para jovens, uma experiências inesquecível em 25 dias...." - li a tal publicação em voz alta
- E então o que você acha? - perguntou e eu olhei pra ela.
- Nossa mãe, é ótimo! com certeza a senhora vai gostar muito, eu dou todo apoio viu? Fico cuidando da casa direitinho. - falei sorrindo.
- Elisa, isso não é para mim, é para você. - minha mãe falou e eu comecei à tossir.
- Tá brincando né? - falei, mas ela não estava com a expressão de quem estivesse fazendo uma piada.
- Não, vai ser ótimo pra você. E quer saber o que mais eu descobri? O Matheus também vai pra lá, o pai dele é um dos administradores.
- Esse homem é administrador de mais o que hein? - perguntei
Parece a Barbie, com mil trabalhos.
Eu passo o dia todo no meu quarto e já me canso, imagine sendo administrador de meio mundo.
Eu morria.
- Filha, foco, você vai amar isso. - ela falou pegando o celular da minha mão.
- Mãe? A senhora realmente me conhece? Não, porque eu, Elisa, no meio do mato, em um acampamento com desconhecidos, sem internet? sem celular e minha tv? Nunca, jamais! Isso é um absurdo.
- É só vinte dias.
- Só? É uma eternidade! Mãe, eu vou enlouquecer se ficar lá. - falei realmente desesperada.
Preciso preservar o pouco que resta da minha saúde mental.
E ir pro meio do mato em um acampamento definitivamente não faz parte dos meus planos.
E olha que eu tenho muitos planos.
O maior deles é claro: ficar rica.
- Tá bom mãe, se eu morrer de alergia, gripe, ou fobiadematos não chore. - falei fazendo drama.
- Nem existe "fobiadematos" Elisa.
- Como não? Lógico que existe, eu tenho, sou prova disso. - falei e ela riu
— Tudo bem filha, está bem, se você não quer ir tá bom, não irei te obrigar a fazer nada que não queira. Sei como você não gosta disso de coisas novas e diferentes. Só queria que você saísse um pouco do quarto, vivesse experiências novas e divertidas, mas isso é uma escolha sua, quem tem que escolher se vai querer isso ou não é você. — ela disse deixando o computador de lado e eu pensei um pouco.
— Espera aí, esse é o acampamento que o meu pai ia? — perguntei me lembrando que vi uma foto dele quando era mais novo em um local parecido com aquele.
— Ia sim. — ela disse com um sorriso. — Você viu o álbum de fotos, não é? — perguntou.
— É, eu vi sim. Sabe que eu vejo toda noite, mãe.
— Sei, mas não imaginei que fosse lembrar dessa foto dele no meio de tantas.
Realmente tinham mais de 500 fotos ali, todas em fases e épocas diferentes, algumas dele adolescente, outras com a minha mãe, outras em eventos ou feriados específicos, de quando eu nasci, e várias outras centenas de fotos de nós três juntos anos atrás.
— Pra quem olha o mesmo álbum toda noite por mais de 3 anos, acho que sou bem experiente no assunto de lembrar de fotos do papai.
— Tem razão, você é sim. — ela disse deixando o computador de lado, se levantando, mas parou olhando para mim. — Sabia que eu e seu pai nos conhecemos lá?
O quê? Por essa eu realmente não esperava.
— Como assim? Me conte isso direito. — falei puxando minha mãe para se sentar no sofá de novo.
— Isso aconteceu quando seu pai tinha 18 anos, e eu tinha 16. No começo eu odiava ele, porque a primeira vez que eu o vi o garoto tinha deixado cair geleia de morango no meu vestido branco. — minha mãe falou e eu abri a boca chocada para em seguida rir. — Eu amava aquele vestido, e a geleia não queria sair por nada, fiquei tão brava que cada vez que tinha a chance de estar no mesmo ambiente com ele dispensava a ideia, mas seu pai nunca desistiu não, ele sempre ficava atrás de mim toda hora. Até que teve um dia que decidi de deixar a raiva de lado e me aproximar um pouco mais dele. Resultado? Namoramos por 2 anos, nos separamos por 4 anos pela faculdade, mas depois nos reencontramos novamente, casamos, e tivemos uma filha linda. — ela falou tocando meu nariz e eu sorri.
— História digna de filme hein, mãe.
— Também acho, mas viu só meu amor? Quando é para acontecer vai acontecer. Nunca que eu esperaria encontrar seu pai 4 anos depois de tudo o que aconteceu, me casar com ele ainda por cima.
— Tem razão. — falei pensativa.
— Vou fazer a comida, está bem? — ela disse e eu concordei.
— Oh, mãe! Vou querer ir para o acampamento. — eu disse e ela me olhou cima do ombro sorrindo.
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O Meu Novo Vizinho
RomanceElisa Hermans, uma garota indepedente, altruísta, e sentimental se muda para uma cobertura com sua mãe. Ela mudou muito depois da morte de seu pai e mesmo com o passar dos anos ainda tem barreiras que precisam ser quebradas. Matheus Bennet, nada ma...