Já era outro dia, sábado à tarde para ser mais exata.
Estava chovendo lá fora e subitamente me deu uma vontade imensa de assistir à um filme comendo um brigadeiro.
- Mãe, o que acha de vermos um filme? - perguntei para ela que sorriu.
- Pipoca e brigadeiro como sempre? - perguntou lendo meus pensamentos, era exatamente isso que eu queria.
Concordei com um sorriso grande, e fui até meu quarto pegar uma coberta quentinha e minhas pantufas.
Coloquei na Netflix e fui escolhendo o filme enquanto minha mãe preparava a comida.
Em poucos minutos já podia sentir o cheiro delicioso do chocolate, e o da pipoca com manteiga também.
Minha mãe se aproximou com o grande pote de brigadeiro e outro de pipoca.
- Cuidado que está quente hein. - disse me entregando o doce.
- Muito obrigada, mãe.
- De nada meu amor, agora vamos começar à ver logo esse filme. - falou e eu dei play.
[...]
O filme tinha acabado neste exato, e acredite ou não eu estava chorando.
Motivo? Bom, o filme era de cachorro, com final triste! Não preciso dizer mais nada né?
Eu nunca choro em filmes, mas coloca um de cachorro aí, viro o oceano Atlântico.
Mas acredite as lágrimas não eram somente por causa disso, mas sim por conta de tudo.
Saudades do meu pai, problemas que eu tive e pareciam sem saídas por tanto tempo, a insuficiência que eu sentia o tempo todo, a sensação de estar sozinha mesmo rodeada de pessoas.
Tudo isso estava se passando pela minha cabeça nesse momento.
- Ei, filha, você não está chorando somente pelo filme não é mesmo? - minha mãe perguntou então eu olhei em sua direção chorando mais ainda.
Ela me conhecia tão bem, sempre esteve comigo me apoiando e junto de mim.
- Ah, meu amor, me despedaça ver você chorando assim. Vem cá. - disse abrindo os braços e eu me joguei neles sem nem pensar.
Minha mãe fazia carinho em meus cabelos e passava as mãos pela as minhas costas, me acalmando assim como fazia quando eu era pequena.
Mas agora a situação era outra, eu não tinha mais medo do bicho papão ou de algum barulhinho que vinha debaixo da cama, as coisas se tornaram complicadas e difíceis em tão pouco tempo, isso é muito estranho.
Mais estranho ainda é que quando eu tinha uns 7 anos via os adolescentes totalmente admirada, não via à hora de crescer e ser "independente" assim como eles.
Mas infelizmente não foi assim. Quando crescemos as responsabilidades triplicam é normal, com elas vem os problemas desde a escola ou até mesmo uma decepção em algum relacionamento, vai ser assim e não tem o que fazer.
Gosto da vida que eu tenho, com as amigas que tenho, com a minha mãe, o Matheus, só que as vezes bate aquela saudade de quando a única preocupação que eu tinha era achar um bom esconderijo no esconde-esconde, qual roupa iria combinar mais com a minha barbie, ou acordar cedo no sábado só para ver desenho animado. Pequenas coisas que acredite, eu daria tudo para ter de volta pelo menos por um tempinho.
E quer um conselho? Não adianta achar que aquele problema sumiu ou que aquele vazio finalmente foi embora porque não foi, você só está distraída o bastante para não pensar nele por um tempo, mas vai chegar uma hora que você vai parar do nada e seus olhos vão encher de lágrimas, e tá tudo bem isso não é uma coisa ruim, qual é? Ninguém consegue ser forte o tempo todo.
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O Meu Novo Vizinho
RomanceElisa Hermans, uma garota indepedente, altruísta, e sentimental se muda para uma cobertura com sua mãe. Ela mudou muito depois da morte de seu pai e mesmo com o passar dos anos ainda tem barreiras que precisam ser quebradas. Matheus Bennet, nada ma...