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No outro dia, acordei cedo por incrível que pareça, e fui correr por aí, só para me distrair mesmo

Eu quase nunca corro.

Muito menos faço exercício físico, por mais que seja importante para a saúde.

Acredite em mim eu rezo todos os dias para a luz desse prédio não acabar de uma hora para outra, porque acredite, caso acabasse eu não iria subir 15 andares de escada nem fudendo.

Ia chegar em casa morta já.

Pra mim um negócio desse não rola, é castigo mesmo.

Admiro em níveis absurdos quem vai para a academia e consegue manter uma rotina de foco, treinando nos dias corretos e tudo mais.

Se fosse eu? Minha filha na primeira semana eu já estava gritando socorro querendo a minha cama.

Quando eu digo que sou sedentária é nesse nível mesmo.

Então é por isso que realmente estou surpresa comigo hoje por querer fazer algo diferente.

Depois daquela hora em que a música do Matheus subitamente parou não aconteceu mais nada, eu dormi tranquilamente a minha impecável noite de sono.

Tem coisa melhor que dormir nessa vida gente? Se tiver eu realmente desconheço, porque na minha opinião não tem nada melhor do que a minha cama, bonitinha, arrumadinha, depois de um dia totalmente cansativo.

[...]

Depois de alguns minutos eu desisti da minha vida de "garota dedicada que acorda cedo para correr" resolvi voltar para casa.

Mas vamos falar a verdade? Eu nunca nem sequer tinha inventado ter essa vida, nem pensar nisso tinha pensado.

É só uma desculpa para não me sentir tão inútil, então finjam que super concordaram.

Assim que fui atravessar a rua para ter acesso a entrada do prédio não vi que um carro estava vindo.

E ele aparentemente também não me viu.

Ai nessa hora que a gente lembra daquela típica regra que aprendemos quando criança: "olhe para os dois lados quando for atravessar a rua"

Não aconteceu nada de mais, ainda bem, já que a garota que dirigia o carro freiou.

Eu acabei me desequilibrando e arranhando um pouco meu braço, mas não passou disso.

- Ai meu Deus, moça você está bem?! - a garota perguntou saindo do carro parecendo desesperada.

Ela parecia ter a mesma idade que eu.

- Estou sim, só foi um arranhão.

- Me desculpe mesmo, acontece que eu tirei carteira recentemente e sabe, ainda não sou muito boa nisso quanto gostaria...- falou e eu sorri

- Tudo bem, não tem problema, eu também deveria ter olhado para os dois lados. - disse passando a mão de leve no meu joelho para tirar a poeira.

- Você mora naquele prédio ali? - ela perguntou apontando para onde eu morava e eu concordei. - Ah, eu estava indo para lá mesmo, visitar o meu primo.

- Ah, sério? Que coincidência então. - falei sorrindo.

- Você gosta de chocolate quente? - a garota perguntou e eu franzi o cenho com a pergunta aleatória, porém dei um sorriso.

- Gosto, sim. - falei

- Ótimo! Olha tem um ali do lado que vende um maravilhoso, e é o mínimo que eu posso fazer para recompensar você depois de quase ter te atropelado. - a garota falou e eu ri.

- Olha geralmente eu recusaria a sua oferta, mas é doce, e eu nunca recuso um doce. - falei e a garota concordou.

Ela entrou no carro novamente para estacionar ao lado, com mais cuidado dessa vez.

Confesso que fiquei bem aliviada por não ter acontecido nada de mais comigo.

Minha mãe já fala que eu sou desligada, se soubesse disso então, ela enlouqueceria com certeza.

- Desculpa, nem perguntei, qual seu nome? - a garota perguntou depois de colocar o carro no lugar certo.

- Elisa.

- Prazer, Elisa, sou Sophia. - disse apertando minha mão e eu sorri. - Então, talvez pareça meio estranho, mas eu vou fazer uma festa semana que vem e gostaria que você fosse. - ela falou.

- Bom, eu vou falar com a minha mãe sobre, depois te falo está bem?

- Está bem, umas amigas minhas vão estar lá, talvez você goste delas, ah e o meu primo também, acho que você o conheça já que moram no mesmo prédio.

- É, talvez sim, qual o nome do seu primo? - perguntei

- Matheus.

Não deve ser o Matheus que eu estou pensando.

Afinal, tem diversos Matheus pelo mundo, não é mesmo?

- O do 15° andar? - perguntei torcendo internamente para que não seja.

- Esse mesmo! Você o conhece? - perguntou

- É, conheço sim. - disse prendendo o lábio para não xingar o garoto em 199383 línguas na frente da prima dele.

- Calma, Elisa, não precisa fingir que gosta dele, conheço Matheus a vida toda, sei como aquele garoto pode ser insuportável. - falou e eu ri

- Isso é verdade.

- Me conte, o que ele já fez para te perturbar?

- Bom vamos lá, noite passada ele do nada achou que seria o máximo fazer uma festa particular na casa dele ás 4:00 da manhã.

- Tá zoando? - Sophia perguntou e eu ri negando com a cabeça!

- Quem me dera! Eu juro, aquele som insuportável estava quase rachando o prédio ao meio.

- Senhor amado, eu tinha dado um tabefe na cara daquele garoto. - Sophia falou e eu gargalhei concordando.

- Acredite, eu quase fiz isso, foi por muito pouco mesmo.

- Pior que eu acredito.  - a garota disse.

[...]

Depois de um tempo nós já havíamos tomado um chocolate quente, sim, eu digo "nós" porque Sophia também decidiu tomar um.

Subimos juntas de volta ao apartamento, ela foi para a casa do primo e eu fui para a minha.

Peguei o número dela para avisar sobre a resposta da minha mãe, se deixaria ou não eu ir na festa.

Eu tenho certeza que ela aprovaria, qualquer ideia que me tire um pouco de casa para curtir a vida, minha mãe aceita.

Já que segundo ela eu fico muito no meu quarto.

Mas idai gente? É literalmente o meu quarto, com toda certeza não existe nada melhor que ele.

Na verdade eu não sei nem o milagre que foi para eu ao menos cogitar a ir um lugar desses.

Com um monte de gente que eu não conheço.

Basicamente a única garota que pode se dizer minha amiga ali é a Sophia.

O insuportável do primo dela nem vale a pena lembrar, prefiro ficar sozinha pro resto da vida.

O Meu Novo VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora