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Ele é a chama

Que me atrai

Que queima por dentro

É uma imagem doce, oh

— A senhora me trouxe em um cemitério? — murmuro olhando para os lados enquanto Suzanna caminha decidida na minha frente

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— A senhora me trouxe em um cemitério? — murmuro olhando para os lados enquanto Suzanna caminha decidida na minha frente. — Num cemitério?

— Não, Allegra. Nós estamos em um convento, não está vendo? — ela ironiza.

— A senhora faz ironia!!! O Santiago me disse que a senhora não faz ironia, geralmente é sarcástica pra fugir das demonstrações de afeto. Ele também disse que a senhora confia pouco nos homens pela ausência de uma figura materna até a vida adulta, além disso também tem dificuldade em confiar em outras pessoas por ter sofrido uma perda muito grande e ter receio em perder mais pessoas...

— Allegra, o Santiago é o meu sobrinho — ela paralisa suas botas no caminho de paralelepípedo do cemitério e eu quase esbarro.

— Ele é o melhor psicólogo de Nova Iorque, eu até ouvi que...

— Ele é o meu sobrinho, eu o conheço mais do que ele acha que me conhece — dito isso ela pisca um olho e eu abro a boca em choque, seus pés giram no chão e ela retorna sua caminhada.

— Eu quero ser igual a senhora quando eu crescer — murmuro e ouço uma risada dela. — Posso continuar falando ou a senhora não gosta?

— Não gosto que me chame de "senhora" como está fazendo, me sinto velha — responde e eu corro até ficar ao lado dela.

— Me desculpe. Tudo bem, então continuarei falando... — ela concorda como se já soubesse. — Eu tenho algumas obras que quero levar a exposição para arrecadar dinheiro pra doação, gostaria que vocês fossem na exposição.

Ela me lança um olhar indecifrável.

— Não é que eu quero puxar seu saco ou que estou pedindo pra comprar as obras, é porque eu tenho direito a ter família lá e... E o Santiago me disse que a senho... Você. Que você e seu marido são os mais indicados a ir, porque ao que parece o resto é um pouco desordeiro e provavelmente eles não dariam certo numa exposição. Ele disse que chamaria os pais dele, mas os irmãos não. Os irmãos não em hipótese nenhuma, eu gostaria de saber porque o Santiago tem tanto preconceito quando o assunto são os irmãos dele — Suzanna sorri ainda andando e eu fico pensativa por uns instantes. — Vocês podem ir?

— Tenho que ver com Gael se ele estará disponível no dia, mas prometo que tentarei a qualquer custo — ela murmura e seus pés diminuem a velocidade assim que viramos à direita.

Suzanna paralisa na frente de um túmulo de mármore branco e eu a fito por uns instantes. Ela o observa com um pouco de carinho e com uma certa familiaridade, como se já estivesse acostumada a ficar em frente a ele conversando.

SUCIATA (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora