115 - Kim Da-Eun e Akemi Miyagi

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Os três atuais senseis da garota também observavam a cena que acontecia a poucos metros de distância

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Os três atuais senseis da garota também observavam a cena que acontecia a poucos metros de distância.

— Por que a sensei do Cobra kai está cumprimentando a Akemi? – perguntou Lawrence. – Aquela mulher tá tentando roubar nossa garota.

Johnny deu um passo à frente, pronto para ir até lá e puxar Akemi para longe de Kim, mas seu pulso foi segurado por Toguchi.

— É sua antiga sensei.

O que?

— Kim Da-Eun foi sensei de Akemi no Japão, antes de mim. Akemi-san tem muito respeito por ela, apesar de tudo.

— Apesar de tudo? – repetiu Johnny.

— Foi dela que você falou? – perguntou Daniel. – A sensei com quem Akemi aprendeu o método do punho.

— Akemi sabe o método do punho?

Chozen balançou a cabeça, confirmando.

— Akemi sabe muitas técnicas. Quando for mais velha, poderá nos derrotar, tenho certeza. É a melhor aluna que já tive. Quando treinava com Kim Da-Eun, arranjou muitos problemas, não sabia como controlar a raiva fora do dojô, raiva pela morte do seu avô e por Ren ter vindo para Los Angeles. Kim Da-Eun lhe ensinou tudo que pôde. Foi uma ótima sensei e, apesar de não ser muito carinhosa, cuidou de Akemi como se fosse sua filha. Tentou disciplinar Akemi, do seu jeito, para que ela não se metesse mais em confusões, mas não conseguiu. Por isso o padrinho dela veio atrás de mim e pediu por minha ajuda. Desde que se juntou a mim, Akemi nunca mais viu Kim Da-Eun, nunca achei que seria uma boa ideia juntá-las de novo. Kim Da-Eun sabe como ela é forte. Akemi-san também é a melhor aluna que ela já teve.

— E você acha que é uma boa ideia deixar as duas conversando?

— Akemi não é mais criança. Ela pode escolher o que é melhor pra ela agora.

Kim Da-Eun estava séria de novo. A feição inexpressiva de sempre havia retornado ao seu rosto, mantendo a postura que ela tanto prezava de sensei. E Akemi, assim como havia aprendido com ela, reagia da mesma forma, mesmo que não fosse do seu hábito ficar tão séria.

O método do punho lhe causou sim muitos problemas, mas, apesar de quem ter lhe ensinado tudo ser a mulher na sua frente, não foi sua culpa Akemi ter seguido pelo caminho que arruinou tudo. Kim Da-Eun sempre teve ótimos planos para a garota, desde o instante em que ela passou pela porta de seu dojô e mostrou que estava pronta para seguir suas regras e se tornar a melhor.

Chozen tinha razão, Akemi Miyagi também é a melhor aluna que Kim Da-Eun já teve. E, mesmo que ela tenha se esforçado nos últimos anos para encontrar alguém tão bom quanto ela, não teve sucesso em sua missão. Às vezes, como agora, pegava se perguntando se algum dia teria a chance de treinar alguém com o mesmo dom natural daquela garotinha – agora já uma mulher – parada na sua frente.

Nunca teve a oportunidade de se despedir de Akemi. Em uma tarde, ela não apareceu ao treino, e é claro que Kim sabia que havia algo errado, porquê Miyagi nunca havia faltado, nem mesmo quando estava doente. Decidida – e preocupada – foi até a casa da garota, onde encontrou-se com seu padrinho, que lhe contou que Akemi não iria mais ao seu dojô.

Kim não gostou nada daquilo. Não queria perder sua melhor aluna, a garota que trazia todos os prêmios que quisesse sem muito esforço, mas, no fundo, sabia que aquela era a melhor opção para ela. Nos últimos meses, sua aluna já não era mais a mesma. Continuava muito boa, mas andava muito irritada. Qualquer mínimo conflito era motivo o suficiente para se tornar algo gigante. Kim não sabia mais como controla-la, porquê nem mesmo seu jeito duro exigente estava fazendo efeito.

Depois disso, como seu padrinho havia avisado, Akemi nunca mais retornou e Kim não teve mais notícias. Odiava admitir, mas sentia falta da garota. De alguma forma, pela primeira vez em toda sua vida, alguém tinha conseguido amolecer e penetrar em seu coração de pedra. Akemi era a única que conseguia.

E, no fundo, anos depois, quando soube que Akemi havia vindo para Los Angeles terminar o ensino médio, ficou feliz em saber que a garota tinha conseguido superar sua fase ruim. E quando recebeu a oportunidade de vir para cá dar aula ao Cobra Kai, mesmo com todas as promessas que Silver havia feito de levar o método do seu avô para o restante do mundo, havia uma coisa, uma única coisa, que lhe deu ainda mais motivos para vir.

Akemi Miyagi.

Agora, de frente para ela, podia perceber como o tempo havia passado rápido. Akemi não era mais a garotinha que andava pelo dojô com um kimono maior do que ela, porquê era muito, muito difícil encontrar um do seu tamanho. Estava mais alta, o maxilar definindo o rosto fino, os cabelos tinham o mesmo tom de castanho, mas estavam muito curtos, e seus olhos transmitiam a pureza e leveza que Kim havia assistido na primeira fileira desaparecerem lentamente.

— É bom vê-la de novo. E é bom saber que não abandonou o caratê.

O canto da boca de Akemi se mexeu, uma covinha imperceptível surgindo por um segundo e escondendo-se novamente. Kim voltou a falar:

— Imaginei que não fosse demorar muito mais tempo para nos encontrarmos. Ouvi muitas coisas sobre você, Akemi. Ganhou da minha aluna, Nichols, no último torneio, certo?

Ela balançou a cabeça.

— Sim, senhora. Foi uma boa luta.

— O que andou fazendo nos últimos anos? Ouvi sobre você, mas digamos que não foram coisas muito boas. Soube que anda arranjando confusão com os meus alunos.

— Seus alunos não são tão santos quanto parecem, imagino que a senhora saiba disso, já que é responsável pelo que andam aprendendo.

Kim não pôde evitar o sorriso convencido. Akemi estava, disfarçadamente, lhe atacando. Era difícil encontrar um aluno que tivesse essa coragem, mas, desde pequena, Akemi nunca conseguiu conter alguns de seus pensamentos.

O olhar desafiador da garota era o suficiente para que ela percebesse. Ainda tinha o mesmo respeito de antes por Kim, mas havia algumas coisas que Akemi nunca aceitou, e sua sensei sabia o que era.

Akemi era uma líder nata. A líder que Kim passou as últimas semanas procurando entre os alunos do Cobra Kai. E uma líder protege sua equipe. Akemi sempre iria proteger a dela, não importava contra quem fosse. E, dessa vez, precisava protegê-los da mulher que lhe ensinou a agir daquela maneira.

— Então... voltou para o dojô do seu avô? Ren deve estar muito feliz, estou certa? Ele nunca gostou que treinasse comigo. Mas, se quiser voltar, saiba que sempre terei uma vaga para você.

— Meu irmão morreu no ano passado, sensei Kim. – a mulher arregalou os olhos, surpresa. – Acidente de carro.

— Sinto muito, querida. Sei como ele era importante.

Querida. Ela raramente a chamava assim, mas, às vezes, não conseguia evitar.

— Meus amigos, – Akemi indicou o grupo que as observava atrás dela com os olhos. – me ajudaram muito quando o perdi. Por isso, não pretendo, e nem vou, deixá-los para voltar a treinar com a senhora no Cobra Kai. Eles são a minha família agora. Espero que apesar de inimigas nas competições, ainda tenha o mesmo carinho que tenho por você por ter me ensinado as coisas que sei.

— Coisas que você, agora, vai usar contra os meus alunos, estou certa?

Akemi demorou alguns segundos para responder, os olhos fixos nos de Kim.

— Está certa.

— Quero que entenda, Akemi, que vim para Los Angeles com um objetivo. Fazer com que todos conheçam o caratê do meu avô. Gostaria que me acompanhasse nessa jornada, mas respeito sua decisão de seguir os passos do seu avô, como eu sigo o do meu. Mas, saiba que não vou deixar que meus alunos percam para você e seus amigos de novo. É melhor se distanciarem enquanto ainda tem chance. A partir de hoje, não permitirei que peguem leve. Ainda se lembra da regra, não é?

Proteja o que é seu. – respondeu Akemi. – É o que estou fazendo. Protegendo o que é meu, minha família. Então, espero que saiba que, mesmo que meus amigos percam, eu não vou perder. A senhora se lembra, não é? Naquela época, eu nunca perdia. E eu ainda não perco.

Antes que Kim pudesse responder, foi interrompida pela chegada de alguém conhecido. Robby Keene. Seus olhos castanhos escuros pousaram sobre o garoto, que tinha toda a atenção em Akemi. Kim o analisou de cima abaixo e viu os dedos do garoto entrelaçaram-se na mão de Akemi.

— A luta vai começar. Estão esperando você.

— Você vai lutar? – perguntou Kim.

— Não. Dessa vez, não.

Kim sorriu, cínica.

— É uma pena. Achei que vocês fossem ter uma chance, se usassem você.

— Nós temos. E nunca precisamos ter os juízes do nosso lado pra isso...

Nem Kim, nem Robby entenderam o que ela quis dizer com isso.

No fim das contas, Kim Da-Eun não tinha tanto poder sobre Akemi quanto seus amigos pensavam.

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Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora