No Cobra Kai, os alunos seguiam os comandos dos novos senseis, descobrindo entre si quem eram os novos líderes - como Kenny, que havia assumido o lugar de Kyler, ou Tory, que finalmente havia conquistado a confiança de Devon.
Kenny, para entender isso, precisou de uma conversa em particular com Silver:
"Seu pai tá no exército, não é? Aposto que ele é um bom líder. Alguém que você escuta. O que houve quando ele partiu em missão? Quem assumiu o papel dele?"
"O meu irmão comandava a casa até ele... cê sabe."
"Sei, sei, o do reformatório. Depois da detenção, quem você seguiu? Robby Keene. E agora você segue o senhor Park."
"Não é esse o objetivo do exercício?"
"Passei boa parte da minha vida seguindo os outros. Meu pai. Meu capitão. Meu melhor amigo."
"O sensei Kreese."
"Isso. Mas só depois que comecei a ouvir os meus próprios instintos que alcancei o meu potencial. Eu já vi os melhores lutadores da região. Keene. Moskowitz. Diaz. Miyagi. E acredito que você tem mais potencial do que qualquer um deles. Se você estiver pronto pra liderar."
"Tá. Olha, eu entendo, mas no exercício você disse que o líder era o Kyler."
"Disse? Ou interpretou assim?"
"Então o que quer que eu faça?"
"Quero que pare de perguntar isso pra mim ou pra qualquer pessoa."
Tory também precisou de um momento com Devon para conquistar sua confiança:
"Se tivesse sacrificado seu peão teria marcado o ponto."
"Não tem pontos no mundo real."
"Mas têm nesse exercício, então você perdeu."
"Foi quase."
"Aham."
"Podia ter deixado ela me acertar."
"Eu não seria uma boa líder se deixasse."
Estavam aprendendo o método do punho, e os mais fortes, como de costume, recebiam mais atenção do grupo. Os campeões precisam ser levados a sério e por isso assumiam um ritmo mais frenético.
No Miyagi-Do, o treino com Chozen Toguchi continuava. Dessa vez, a calmaria havia assumido o controle do dojô e os alunos seguiam os passos do sensei em cima do deck de treino. Enquanto isso, Johnny Lawrence e Daniel LaRusso visitavam John Kreese na cadeia em uma tentativa de descobrir os novos planos de Silver, o que, por mais que tenha levado algum tempo, conseguiram obter uma informação importante que mudaria o rumo das coisas.
Terry Silver pretendia levar o Cobra Kai à um torneio mundial de caratê.
"O Silver conquistou toda a região. Agora ele tá juntando as peças pra conquistar o mundo inteiro. Vocês podem ter recuperado a vontade de lutar, mas estão em desvantagem e em número menor. O Silver tá bem perto de conseguir o que ele sempre quis."
Na manhã seguinte, o plano de Terry Silver estava ocorrendo como o esperado ao receber em seu dojô principal os representantes do torneio mundial em que pretendia inscrever o Cobra Kai: Sekai Taikai. Daniel, por outro lado, invadiu sua apresentação exemplar para deixar claro que Miyagi-Do também estava pronto para se inscrever no torneio.
- O nosso dojô é o melhor da região. - afirmou Silver.
- Isso não é verdade. - interrompeu Daniel.
- E vocês, quem são? - perguntou o representante do torneio, Gunther Braun.
- Prazer, sou sensei Daniel LaRusso e sou bicampeão regional.
- Sensei Johnny Lawrence. Bicampeão também.
- Chozen Toguchi. Mestre sensei.
- Amanda LaRusso, agregada do caratê.
- O Cobra Kai não é o único dojô da região.
- Então vocês representam o outro dojô?
- Mas não um dojô qualquer. Temos todos os campeões dos dois últimos torneios.
Gunther se virou para Silver, que ainda não havia se recuperado da interrupção surpresa.
- Nos fez acreditar que o dojô de vocês têm todos os títulos.
- Honestidade não é muito bem o forte do Cobra Kai. - concluiu Daniel. - O nosso dojô é realmente único. Juntamos os nossos estilos para transformar nossos alunos nos melhores lutadores que existem. E eles merecem uma chance nesse troneio tanto quanto o Cobra Kai.
Entre si, os representantes do torneio discutiam o pedido de Daniel em sussurros e em outro idioma. Silver, nervoso com a situação, riu e começou a falar, tentando tirar a atenção dos quatro adultos que tomavam conta do outro dojô da região.
- Eu peço desculpas por essa interrupção inapropriada, mas divertida. Mas devo lembrar nossos convidados que não vieram de tão longe para considerar ninguém além dos melhores.
- Não esquecemos disso. Mas agora que estamos aqui, nós vamos determinar isso. Vamos ver o que o seu dojô tem a oferecer. E o de vocês. Esperamos uma exibição ampla dos métodos de treinamento e de habilidades de seus alunos, então vamos ver se algum dos dojô é digno do Sekai Taikai.
- Obrigado, de verdade, vocês não vão se decepcionar.
- Bom, como dizem, quanto mais melhor. Que vença o melhor dojô.
- Vamos vencer. - afirmou Johnny. - E quando vencermos, vou botar esse tabo de cabalo no seu rabo. Pode traduzir isso.
- Tá, já deu.
Na manhã do dia seguinte, todos os dojôs da região se preparavam para as apresentações aos juízes do Sekai Taikai. O Cobra Kai não estava feliz com a notícia de um concorrente que podia conseguir a vaga pela qual tanto lutaram para conquistar. No Miyagi-Do, a ansiedade tomava conta. Todos estavam animados em pensar que podiam participar do maior torneio de caratê do mundo.
Eli, Miguel e Robby chegaram ao dojô juntos naquela manhã, entretidos em uma conversa sobre o único assunto do momento:
- Cara, você viu o vídeo que eu te mandei do Sekai Taikai do ano passado?
- Que diria que alguém pode chutar tão alto?
- Ou tão forte?
- Vai ver por isso é a maior competição do mundo. - disse Samantha, aproximando-se do grupo. Não demorou muito para que o restante dos alunos no local se juntassem para conversar.
- Eu soube que o vencedor do ano passado fez um comercial de carro em Taiwan.
- Imagina só fazer um comercial. O que que você faria com tanta grana?
- Eu compraria um iate com hidro e encheria de mulher e chocolate.
Eles riram.
- Tá bom, não vamos nos precipitar. - interrompeu Daniel, seguido pelos outros dois senseis. - Não se esqueçam, o Cobra Kai vai fazer tudo que puder pra conseguir entrar. E se eles vencerem dessa vez, crianças do mundo inteiro vão sofrer as mesmas coisas que vocês estão sofrendo aqui.
- Mas se vencermos mostramos como impedi-los. - disse Samantha.
- Primeiro tem que provar que podem competir com os melhores. - avisou Chozen.
- Mas pra fazer isso vocês precisam ser melhor do que os melhores. - afirmou Johnny. - E é por isso que vamos pegar pesado nos treinos!
- Eu, o sensei Lawrence e o sensei Toguchi vamos preparar vocês pra apresentação de amanhã. Então bora lá, vamos aquecer.
Os alunos dividiram-se automaticamente em grupos. Alguns foram para o lago de carpas com Daniel, outros seguiram Chozen até o saco de pancadas preferido de Akemi e Robby, e Lawrence chamou Miguel para conversar em particular.
- Eu só quero avisar que eu não vou te obrigar a competir. - disse Johnny. - Eu cometi esse erro da última vez e não vou cometer de novo.
- Relaxa. Na verdade, eu to empolgadão.
- Tá tudo bem com a... - ele acenou para Samantha, que estava afastada.
- É, tá, tudo bem. No começo as coisas foram difíceis, mas agora eu to feliz que sosmos amigos.
- Legal, é bom saber.
- Que fofo. - interrompeu Robby. - Então é assim que se parece um conselho paterno?
- Robby, qual é, só estamos conversando.
- Relaxa, só to brincando com você. - ele e Miguel riram do nervosismo do mais velho.
- Ei, vocês dois! - Chozen chamou os garotos, aproximando-se. - Cadê a Akemi-San?
Miguel e Robby se entreolharam, confusos.
- Nós íamos buscar ela, mas ela disse que não precisava. - disse Miguel.
- E você? Não é o namorado dela? Não sabe onde ela está?
Robby tirou o celular do bolso, discando o número da garota e ligando no mesmo instante. Os dois senseis e o amigo o encararam, esperando. A ligação, por outro lado, foi direto para a caixa postal.
- Ela não tá atendendo. Já deveria estar aqui. Saiu de casa mais cedo que nós.
- Aí, Falcão! - gritou Lawrence. - Vem aqui. Sabe onde tá a Akemi?
- Não. Ela disse pro Robby que já estava vindo quando fomos buscá-la.
- Tem alguma coisa errada. Ela não deveria demorar tanto.
Robby ligou de novo, dessa vez, um dos telefones por perto começou a tocar no mesmo instante. Eles se viraram a sua procura, deparando-se com Akemi saindo do dojô. Ela apertou um botão em seu celular e no ouvido de Robby, a ligação foi para na caixa postal.
- Oi, desculpa o atraso.
- Onde você tava? - perguntou Johnny.
- Disse que tinha saído de casa mais cedo. - disse Robby, logo depois de dar um selinho de cumprimento na garota.
- Parei pra comprar rosquinhas. - ela mostrou a caixa de papelão em sua mão e a abriu. - Estava com fome. Depois me distrai em uma feira de adoção de cachorrinhos, agora quero um cachorro. Sobraram algumas rosquinhas, querem?
- Você comeu rosquinhas antes do treino? - questionou Chozen. - Isso faz mal!
- Relaxa, já fiz isso muitas vezes. Então, por que vocês cinco estão reunidos aqui e não aquecendo como os outros?
- Estávamos esperando você. - respondeu Eli.
- Vocês três? Juntos? Sem brigar?
Eles balançaram a cabeça, assentindo. Akemi suspirou, dando uma mordida em sua rosquinha.
- Que bom que aquela palhaçada acabou.
- Chega de rosquinhas. - Chozen pegou a caixa de doces de sua mão, junto com o resto da rosquinha que ela segura e levou para longe. - Você precisa se preparar pro treino, temos uma competição se aproximando.
- Aí! Eu ainda vou comer isso!.
.
.
.
.
.
.
.
.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 2
Novela JuvenilEssa história é a continuação do livro "Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 1". Não dá pra ler essa história sem ler a outra antes. Sinopse do Livro 1: Uma mudança repentina de país fez com que Akemi tivesse que se adaptar a um novo local. Vizinha dos L...