87 - Abrir os olhos

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— Robby?

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— Robby?

Ele parou instantaneamente ao ouvir sua voz. Estava de costas para ela, a parte de cima do kimono já no corpo, a faixa preta dobrada na mão. Ele respirou fundo, se virando em direção a garota. Suas sobrancelhas se franziram levemente, mas sua expressão não era irritada.

— Você tá bem? – ela perguntou, acreditando que ele estivesse frustrado. – Foi uma boa luta.

— Não se preocupa comigo. Se concentra na sua luta.

Ele se sentou em um dos bancos que ficavam enfileirados no centro do vestiário, entre os armários verdes que guardavam a roupas de diversos alunos diferentes. Akemi caminhou até um dos armários, o abrindo e tirando de dentro dele um envelope. Voltou-se para Robby, caminhando até ele e esticando o envelope em sua direção. O garoto se levantou, a expressão confusa tomando conta do rosto.

— Que isso? – ele pegou o papel.

— Fiz pra você a alguns dias.

Robby abriu o envelope, curioso.

— Ainda não. – ele parou, voltando a dobrar a abertura triangular.

— Por que não? O que têm aqui?

— Uma carta. Contei toda a verdade, a que eu nunca consegui te dizer depois que terminamos.

— Dizer o que?

— Está tudo aí. – ela acenou para o papel. – Pode ler quanto eu sair desse vestiário, ou daqui a três anos, você decide. Eu expliquei tudo, até o que aconteceu com o cordão. Desculpe por ter o quebrado.

— O que aconteceu?

— Você precisa parar de ser tão ansioso.

  Ela brincou, um sorriso triste no rosto, os olhos se enchendo de lágrimas ao lembrar-se do pior dia da sua vida.

O dia que destruiu todos os outros.

— Você está chorando? O que tá acontecendo, Lu... Akemi?

Lua... – Akemi sussurrou, uma curta risada escapando ao lembrar do apelido.

Esfregou as mãos no rosto, limpando as lágrimas antes que elas começassem a sair. Robby segurou sua mão, a abaixando e contendo a vontade de entrelaçar os dedos nos dela. Eles ainda podiam sentir o mesmo calafrio na barriga de quando estavam juntos. O sentimento ainda estava ali. Tudo ainda estava ali.

— O que está escondendo? – os olhos verdes de Robby demonstravam a mais pura preocupação.

— Desculpe por ter te deixado sozinho quando você precisou.

— O que? Não. Não, Akemi. Agora eu sei o que aconteceu. Eu não te culpo mais por isso. Fui um babaca. Me desculpe.

— E me desculpe por não ter tido coragem de te contar sobre o Ren. É que... você parecia estar se dando bem com a vida de Cobra Kai e já tinha problemas demais com o que se preocupar. Não queria ser mais um deles.

Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora