101 - Amigos

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	Miguel, Eli e Akemi encontraram-se com Yasmine e Moon um pouco mais à frente, no fim do estacionamento

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Miguel, Eli e Akemi encontraram-se com Yasmine e Moon um pouco mais à frente, no fim do estacionamento. Robby, por outro lado, rodava pelo lugar em busca da garota por quem estava apaixonado, elaborando, mais uma vez, um pedido de desculpas que ele não tinha ideia se iria funcionar.

- Vocês sabem onde tá a Sam? - perguntou Miguel.

- Ela foi embora. - respondeu Akemi, os dedos digitando algo em seu celular.

- Não queria se meter nesse drama todo. - completou Moon.

- Eu também não.

Os olhos dele desviaram-se para algo mais longe, atrás de alguns carros. Robby estava passando por ali, virando o rosto para os lados a procura da asiática que a poucos minutos passara por ele.

- Vão andando na frente. - ele pediu, passando pelos amigos e indo em direção a Robby. - Encontro vocês.

Falcão balançou os ombros e esticou o braço ao redor do pescoço da namorada, a puxando para perto. Yasmine e Akemi estavam logo na frente deles, agora conversando entre si.

Miguel, assim que chegou perto o suficiente de Robby, lhe deu um empurrão.

- Aí! O sensei falou que você tinha saído do Cobra Kai.

- Não to no Cobra Kai.

- Mas sempre que rola uma briga você fica do lado deles!

- Você não sabe do que ta falando.

- Tá achando que é bonzinho só porquê foi atrás de mim no México, mas quer saber, você não é!

- Só pra deixar claro, eu não fui pro México atrás de você. - Robby tocou o dedo indicador no peito de Miguel, recebendo um empurrão em resposta.

- Ninguém pediu a sua ajuda!

- Eu fui até lá por ela!

- Então porque continua a magoando!?

- Eu to tentando consertar as coisas! Fica fora disso!

- Consertar as coisas piorando tudo? Falcão tá certo, você ainda é um babaca! Não acredito que a Akemi te deu outra chance. Quer dizer, isso se você já não tiver estragado tudo de novo.

Dessa vez, Robby quem o empurrou, mas antes que conseguisse bater em Miguel, um novo empurrão, seguido de um grito, o fizera parar.

- Que merda vocês estão fazendo!?

Akemi entrara no seu campo de visão. Os cabelos ainda estavam molhados, mas já não pingavam mais. As bochechas estavam vermelhas, queimadas pelo Sol. Um kimono de pano fino azul claro cobria seus ombros e antebraços, além da parte de cima do seu biquíni, esticando-se até o seu short jeans. Ela franziu as sobrancelhas, nitidamente irritada.

- Eu só te pedi uma coisa, Robby! Uma! E tudo que você fez hoje foi o contrário!

- Você não devia ter dado outra chance pra esse cara.

- Cala a boca, Miguel! - ela retrucou em um grito, olhando para ele, que abaixou a cabeça. - Vocês três. Você, Robby e o Falcão, parecem crianças! É sério!

Um carro parou ao lado deles, o barulho do pneu em atrito com o chão os assustando. Os olhos pousaram sobre o corpo do homem loiro que saiu do carro e passou a caminhar em direção a eles, as sobrancelhas franzidas enquanto dizia:

- Chega! Vocês têm que se dar bem. Somos todos amigos.

- Não! - retrucou Miguel. - Não somos amigos.

- E nunca vamos ser.

Robby concluiu sua frase olhando para Akemi, deixando claro, por fim, o que ela tanto lhe pediu para não fazer.

Os dois garotos viraram as coisas e saíram andando para lados opostos, deixando Johnny e Akemi para trás, em silencio. O loiro, então, virou-se para a mais nova e murmurou:

- Temos que dar um jeito nisso.

- Eles não querem, Johnny. E eu já cansei disso. E pelo visto, tudo que Robby disse sobre fazer dar certo era mentira.

Ela também deu a volta, seguindo o mesmo caminho que Miguel para encontrar-se com as meninas e Eli no carro.

Akemi e Miguel não trocaram nenhuma palavra na estrada de volta para casa. Eli, por mais que tentasse descobrir o que tinha acontecido, não conseguiu. Moon passou bons dez minutos falando sobre como comunicação era importante para qualquer relacionamento, até mesmo em uma amizade, e só parou quando Yasmine disse que a história não estava funcionando.

Realmente, toda aquela conversa não havia tido nenhum efeito sobre eles.

Em casa, após o anoitecer, Akemi estava deitada no sofá da sala. As pernas esticadas sobre as almofadas cinzas, o controle do videogame na mão, os dedos apertando os botões frequentemente enquanto ela tentava, pela terceira vez, passar uma fase que estava começando a considerar impossível do jogo que Demetri havia sugerido algumas horas atrás.

"Passei!" - a voz do garoto estalou em seus ouvidos, vinda do fone.

"O que você fez?" - perguntou Eli.

Os três estavam jogando a algum tempo, cada um em sua casa, intercalando entre competir para ver quem passava de fase primeiro e se ajudar quando as coisas ficavam difíceis, como agora.

"Têm que pegar a chave escondida de baixo da pedra na caverna."

- Que caverna?

"Fica no labirinto."

"Tem um labirinto!?" - reclamou Eli.

- Tem, depois da floresta.

"Eu to na floresta a meia hora. É a quinta vez que passo pela mesma placa. Como eu saio daqui?"

"É só seguir a trilha três e virar à esquerda na bifurcação. Será que vocês podem passar logo? Quero começar a próxima fase."

"Eu tenho que sair dessa floresta primeiro."

- E eu tenho que achar a chave.

O toque de uma campainha acarretou em poucos segundos de silencio, como se os três estivessem conferindo de que casa o barulho viera.

"Quem têm visita?" - Eli foi o primeiro a perguntar, cortando o silêncio.

"Se não é você, é a Akemi."

- Eu já volto.

"Deve ser a comida."

- Eu não pedi comida.

Ela suspirou quando a campainha tocou pela segunda vez. Espreguiçou-se no sofá antes de se levantar, pegar o celular caído ao lado do seu corpo e caminhar até a porta. Encarou quem estava do outro lado pelo olho mágico, o que para ela foi uma surpresa. Recuou e girou a chave para a esquerda duas vezes e abriu a porta, os olhos encontrando-se com o garoto que jogava as mechas bagunçadas do cabelo para trás.

Robby usava uma blusa de manga longa vermelha, um tecido fino que em contato com seus músculos, deixava-os amostra. Por cima dela, outra blusa, preta e larga, a manga mais curta cobrindo pouco mais que seus ombros.

Assim que a viu, deu um passo em sua direção. Akemi guardou o celular no bolso, os olhos fixos no de Robby, esperando que ele dissesse o motivo de estar ali. Os segundos se passaram até que a primeira palavra saísse de sua boca.

- Você não respondeu minhas mensagens. Então eu vim.

- São dez horas da noite, Robby.

- É, mas eu não queria esperar até amanhã. É tempo demais. E nós já perdemos muito tempo.

- Nós? Não, Robby. Não tem nós. Não dá pra existir um nós. Você deixou isso bem claro hoje.

- Sei que está brava. E sei que é culpa minha. Mas eu posso consertar.

- Consertar as coisas de novo? Como? Você tem um plano perfeito pra que, de repente, você e Miguel virem melhores amigos.

Ele abaixou a cabeça, escondeu as mãos no bolso da calça e os pés, escondidos de baixo do tecido do tênis, se mexeram, inquietos.

- Não é justo.

- O que não é justo?

- Eu tô fazendo de tudo pra isso dar certo, Akemi. Tudo por você. E tudo que você faz é brigar comigo.

- Tudo que eu faço é brigar com você!? Hoje, você chegou no parque e a primeira coisa que fez foi falar com a Tory. Eu não liguei, sério, mas acho que os meninos estavam certos.

Robby franziu as sobrancelhas, prestes a questioná-la quando a garota continuou a falar:

- Kenny arranjou briga com Eli, e você defendeu ele. Duas vezes, Robby. É isso que você quer dizer com estar tentando? Ou, com tentando, você quer dizer ir ao parque, passar uma hora comigo e depois ficar o resto do dia com a Tory. Vocês até tiveram uma briga de casal, não é? Afinal, ela queria curtir o dia com você.

- Você tá com ciúmes da Tory?

Akemi suspirou, revirando os olhos.

- É, Robby, é exatamente isso. - respondeu, sarcástica. - Você fez de tudo por ela hoje pra depois, chegar aqui em casa e dizer que fez de tudo por mim.

- Eu briguei com a Tory hoje. Disse pra ela que não tentaria mais tirá-la do Cobra Kai, porquê isso estava me custando você. Eu to desistindo de muita coisa por nós, Akemi. Mas você não pode nem sequer desistir da ideia de querer que eu seja amiga dos garotos!?

- Eu briguei com o Miguel por sua causa hoje. Eu briguei com o Eli hoje, ontem e anteontem. Você não é o único que está abrindo a mão das coisas, Robby. Eu já abri mão de muita coisa pra que isso desse certo. Pra que nós déssemos certo! Será que é tão difícil assim você abrir mão do orgulho e tentar ser amigo deles? Ou pelo menos pra que vocês parem de brigar? Eu estou, mesmo, pedindo tanto assim?

Robby não respondeu. Ficou em silencio, os olhos verdes fixos nos dela, analisando os detalhes do seu rosto. Akemi respirou fundo, triste.

- Eu estou cansada, Robby. É melhor você ir pra casa agora.

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Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora