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— narração do Tom

Passei o caminho todo pensando se a veria novamente afinal iríamos embora daqui um dia, foram tantas coisas em apenas uma madrugada e algumas horas que minha serotonina havia se elevado completamente, mas ao dar meu último abraço aquela explosão de felicidade sumiu e uma tristeza imensurável tomou conta de mim.

- Que foi isso hein, Tom? Esqueceu que você tem fãs e pessoas próximas que se preocupam? - Perguntou Bill freando o carro após olhar para a sinalização do semáforo.

- Não percebeu que estava chovendo seu idiota? - Respondi resmungando.

- Calma Tommyzinho, vai mesmo mudar tanto de humor por causa de uma menina que você conheceu ontem? 

Apenas virei minha cabeça em direção a janela enquanto esperava o sinal verde, ignorando completamente sua presença. Fiquei sem trocar nenhuma palavra por aproximadamente mais uns 20 minutos depois do questionamento besta que Bill havia feito, porém ele continuava insistindo em busca de uma resposta para o motivo de um comportamento que nem eu sabia explicar.

- Não vai falar? - Questionou o mesmo novamente.

- Sei lá cara, foi tudo muito rápido, quer que eu fale o que? - Falei soltando um longo suspiro.

- Vocês se beijaram?

O silêncio tomou conta do carro naquele momento, sinto que deveria ter respondido aquilo na maior tranquilidade como de costume, mas parecia a coisa mais impossível do mundo. Eu simplesmente não consegui reagir a uma pergunta tão simples com a qual já estava acostumado a anos.

- É - Respondi aumentando o volume do rádio para tentar desviar a atenção do assunto

- Foi só isso? Continuou Bill enquanto manobrava no estacionamento de um posto de gasolina

- Foi. Depois só fui pra casa dela e eu tomei um banho e o chá de camomila que ela fez, aí brincamos um pouco com o furão de estimação que ela tinha e acabamos apagando pouco tempo depois, foi só isso. - Respondi apoiando meu cotovelo sobre o painel interior da porta.

- Sentiu uma coisa diferente, né? - Seguiu ele

- Senti Bill, eu nem sei o que foi tudo aquilo. Me deixa - Funguei retirando o cinto.

Estava totalmente em desespero, meu cérebro havia se alterado por completo do dia pra noite e eu não sabia o que iria fazer, foi algo que rolou tão rápido mas que infelizmente acabou tão rápido também.

- Por que não convida ela pra sair? Você não passou seu número? - Questionou ele.

- Eu pedi pra ela passar o dela pra mim, mas a gente só tem um dia. Não iria mudar muita coisa e talvez só acabaria sendo mais difícil se despedir depois. - Insinuei com incerteza.

- Para de bobagem, Tom. Manda mensagem pra ela e pergunta se ela vai ficar livre mais tarde ou amanhã. - Sugeriu Bill levantando seu cinto logo em seguida.

Mil perguntas rodearam a minha cabeça naquele momento e eu comecei a pensar se seria mesmo uma boa ideia chamar ela para sair ou se só seria pior no final, mas lá no fundo minha única vontade sincera era apenas uma: Voltar correndo para a casa dela e enchê-la de longos beijos junto de um demorado abraço. 

Bill seguiu me olhando na espera de uma resposta enquanto eu somente permanecia em silêncio observando desatentamente o estacionamento pelo vidro da janela.

- Não vai?, então deixa que eu vou. - Falou o mesmo removendo meu celular do bolso da calça.

- Ficou maluco irmão? - Gritei estendendo o braço

- Não consigo acreditar que você é tão lento assim cara. - Ele respondeu afastando a mão, o que me impediu de pegar o aparelho.

Parei para pensar e analisei que como aquilo estava vindo do meu irmão não iria valer a pena discutir, pelo menos não naquele momento. Então apenas deixei que ele fizesse o que planejava.

 Também não faria sentido negar que eu adoraria ter a presença dela mais uma vez.

Esperei Bill escrever a mensagem, mas aparentemente achei que ele encaminharia um texto gigante pelo tamanho da demora. Era mais fácil ter voltado de carro e ter convidado presencialmente.

- Tá difícil escrever cara? Anda logo. - Reclamei enquanto cruzava os braços.

- Caramba Tom, que difícil esperar um pouco! Tenha mais paciência. - Expressou Bill me devolvendo o celular logo em seguida. - Feliz agora? - Perguntou.

Apenas o encarei seriamente e voltei a atenção no celular para ler a mensagem que havia sido escrita. Me surpreendi por não ser algo tão grande como parecia, só foi meio detalhado e com algumas informações um pouco específicas que me fizeram querer enfiar a cabeça em um buraco pelo constrangimento, porém a mensagem já estava enviada e não teria como voltar atrás.

- Sério isso? - Interroguei tentando disfarçar o riso.

- Você deveria me agradecer, sabia? - Disse Bill me empurrando pelo ombro

- Obrigada pela ajuda mestre, o senhor é extremamente sábio uuhr duur - Agradeci com um tom sarcástico o empurrando de volta.

Ambos de nós acabamos rindo da situação fazendo com que aquele clima ruim desaparecesse no mesmo instante. Ficamos por mais alguns minutos no carro e logo em seguida descemos rapidamente para buscar algumas coisas que seriam necessárias para a viagem.

Confesso que continuava um pouco nervoso, mas apenas torci para que desse certo.

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