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Se passaram algumas longas horas de conversa pois queríamos manter um clima positivo e esquecer o péssimo ocorrido mais cedo. Eu continuava um pouco dolorida, mas com os meninos e principalmente com o Tom eu esquecia completamente da dor física.

- Ei, psiu - Apontou Tom em um estalar de dedos

- Hm? - Murmurei penetrando meus olhos no mesmo

- Tá com fome? dor de cabeça? sede? quer alguma coisa? - Questionou ele

- Na sincera, eu tô com fome sim. De resto tá tudo bem, é só isso mesmo. - Respondi

- Quer alguma coisa? doce? uma tortinha? um salgado? eu posso trazer um refrigerante ou um suco, ou você prefere água? - Sugeriu Tom com mil e uma opções

- Quanta coisa, calma! Não precisa disso tudo - Comentei rindo. - Mas uma tortinha de morango cairia bem agora. - Continuei junto de um demorado bocejo

- E pra gente, cara? Não é só a Gio que tá na seca pra comer aqui - Reclamou Georg 

- Relaxa aí cabeludo, uma torta da fácil pra todo mundo - Respondeu Bill enquanto analisava suas unhas

Todos riram da reação inesperada que Georg teve após Bill retrucá-lo, se dispersando no assunto novamente. Logo em seguida Tom pegou seu celular e entrou em alguns sites de comidas próximas na região para encomendar uma boa e velha torta de morango. Kaulitz passou algum tempo na tentativa de achar algo aberto mas estava totalmente tarde para encontrar algo disponível.

- Aí galera, não consegui encontrar nada aberto que aceitasse pedido essas horas - Informou Tom junto de uma expressão entristecida

- Tá tudo bem, amanhã cedo a gente pede - Respondi passando a mão sobre os dreads do mesmo.

Permanecemos em silêncio após a informação que tom havia passado na tentativa de encontrar outra opção que nos ajudasse naquele momento de crise, afinal eu não era a única sendo dilacerada pelo meu estômago.

- Ow, Gustav - Exclamou Bill quebrando a mudez. - Cê tem manha na cozinha, né? topa preparar alguma coisa pra gente? - Continou ele

- Ah, pode ser, mas a gente vai ter que ir pra casa. Aqui não tem nada - Explicou Gustav levantando-se do banco de espera

- A gente volta e o Tom fica aqui com ela, tá tranquilo? - Perguntou Georg erguendo a cabeça, fazendo com que seus cabelos se movimentassem rapidamente.

- Relaxa galera, não precisa disso tudo. Amanhã provavelmente eu já ganho alta - Pressenti negando a proposta.

- Nada disso cunhadinha. Além de você, todo mundo aqui ta quase deitando pra fome - Prosseguiu Bill em curtas palavras retirando-se junto com os meninos no mesmo instante.

Tentei convencê-los de que não seria necessário fazer tanta viagem só por uma torta pequena de morango, mas acabou que ninguém me ouviu e ao final fiquei sozinha com Tom novamente. Minha vontade era de descolar aqueles aparelhos de mim e sair correndo pela porta, porém com quase toda a certeza do mundo eu iria cometer um erro gigante e no final teria que ficar de cama por mais longas semanas. 
    Retirei os pensamentos de escapatória da minha cabeça e no mesmo segundo voltei a penetrar meus olhos sobre Tom que naquele silêncio não demorou muito para perceber.

- Cê ta bem gatinha? - Perguntou o mesmo aproximando-se de meu quadril

- Eu que te pergunto, viu? - Respondi desviando meu olhar para as próprias mãos enquanto sorria firmemente.

- Foi um susto dos grandes, não? Mas pelo menos estamos aqui, bem. - Continuou o mesmo com um tom de voz falho e melancólico.

Naquele momento percebi que algo estava errado, talvez alguma peça faltasse ou coisa assim, então no mesmo momento busquei saber o que estava acontecendo sem enrolação.

- Tem certeza de que é só isso? Não precisa esconder nada de mim, eu sei quando alguém guarda alguma coisa e é isso que eu tô vendo olhando pra você. - Interroguei com incerteza

- Eu vou embora amanhã. Amanhã de tarde. Lembra? Eu não quero ir, eu quero ficar aqui com você. - Expressou Tom deixando uma longa lágrima escorrer na linha de suas bochechas rosadas.

- Eu tô aqui. Eu sei que você queria ficar e eu também queria que você ficasse, mas você precisa ir, concorda? Sua vida é em função dos seus amigos, da sua banda, ou melhor... da sua família, Tom. Eu adoraria ficar do seu lado por vários e vários anos conhecendo cada pedacinho de ti, mas não é bem assim. Eu não posso ir junto e você não pode me levar. Isso tudo é muito repentino e a gente precisa pensar com certeza por mais tempo. Talvez algum dia a gente se encontre de novo, que tal? Em qualquer oportunidade, eu prometo, prometo do fundo do coração que vou em algum show de novo e a gente conversa até você viajar pra outra cidade, ou até outro país. Tom, olha pra mim. Você precisaria ir uma hora ou outra. Meu número tá contigo e o seu comigo, qualquer coisa é só me mandar uma mensagem ou me ligar, você sabe, não sabe? - Falei aproximando o mesmo de mim enquanto o aconchegava com um demorado abraço misturado de algumas lágrimas pesadas

Não conseguimos segurar o choro e muito menos a emoção do momento, então nada mais saiu da nossa boca além de alguns gemidos e murmuros guiados sentimentalmente pelos nossos corações. Passamos o resto do tempo que tínhamos sozinhos abraçados até Tom pegar no sono. Continuei acordada pois sabia que em breve os meninos voltariam com alguma refeição, e assim foi feito, fiquei quietinha admirando Tom enquanto fazia carinhos delicados em seu cabelo ao mesmo tempo em que secava algumas lágrimas que ainda escorriam pelo seu rosto.

Aproximadamente dez minutos depois os meninos voltaram com algumas tigelas na mão. Exceto Bill que carregava uma garrafa de alumínio:

- Eai gente! - Exclamou Georg batendo a porta

- Cala boca imbecil. O Tom tá dormindo, você não enxerga? - Queixou Bill largando o objeto em cima de um bidê que ficava ao lado da cama.

- Relaxa Bibo, difícil acordar esse aqui agora - Comentei tentando me ajeitar sem se movimentar muito, pois apesar de ter jurado que Tom não acordaria ainda sim fiquei com medo.

- Rapaz, dormiu mesmo hein. O que aconteceu enquanto saímos? - Perguntou Gustav enquanto removia a tampa de um pequeno potinho roxo

- Nada. Só conversamos um pouco referente a vocês já irem embora amanhã e ele acabou apagando. - Respondi com um suspiro em tom falho

Ambos apenas reagiram com olhares entrelaçados e logo continuaram normalmente arrumando algumas coisinhas para petiscar em cima do bidê. 

- Psiu, Tom. Acorda aí, os meninos trouxeram comida. - Sussurrei cutucando seu nariz

- Hm? - Murmurou ele abrindo lentamente os olhos

- Acorda aí camarada! - Exclamou Georg se aproximando. - Cê tava chorando cara? - Perguntou o mesmo após analisar seu rosto fixamente.

- Ah cara, nem lembro. Só quero comer - Resmungou Tom soltando um demorado bocejo enquanto se espreguiçava.

Segundos depois, Gustav e Bill chegaram de imediato um pouco mais perto, arrastando algumas cadeiras para ficarem próximos. Passamos algum tempo tempo conversando enquanto trocávamos petiscos entre si, acredito que gastamos tanta energia mesmo parados que ao final acabamos adormecendo totalmente.

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