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 Passei a noite inteira me contorcendo, parecia que meu sono aconchegante teria que esperar. Sentia que algo não estava certo mas não sabia identificar o que era, talvez fosse ansiedade, estresse, ou só algo parecido.

Liguei o celular para checar a hora e o relógio marcava 02:20. Que droga! Eu não consigo nem dormir em paz agora?

Pensei várias vezes em levantar, mas estava extremamente frio e mesmo com alguns cobertores sobre mim, a qualquer momento eu corria o risco de congelar completamente.

— Que saco! Me faltava essa agora. - Cochichei reclamando. — Eu vou explodir.

Após reclamar silenciosamente com as paredes por um longo tempo, tomei coragem para levantar da cama. 

Eu não possuía noção nenhuma sobre o que fazer, mas deveria pensar rápido antes que meu sono fosse completamente embora e eu passasse a madrugada inteira esperando com que os primeiros raios de sol do dia aparecessem para iluminar o céu.

Coloquei os dois pés no chão, enfiando-os em um par de pantufas estofadas que estava ao lado do tapete, me enrolei em um cobertor fino para não fazer muito peso e caminhei em direção a porta. Deliberei que um chá seria uma boa opção para o momento, pensei em tomar café mas recuei com a ideia devido a hora, se fosse ingerir uma gota de cafeína não iria dormir nunca.

Desci até a cozinha e me deparei com minha mãe sentada, definitivamente foi a coisa mais inesperada da semana. Talvez considerando os outros três acontecimentos, bom... essa não teria sido a mais inesperada, e sinceramente foi bem normal comparado as outras.

— Mãe? - Perguntei me aproximando discretamente. Pelo visto a mesma ainda não havia notado minha presença.

— Giovanna!? - Gritou assustada. — Você está ficando maluca? Olha a hora! Não sabe mais dormir? - Praguejou ela. Ana parecia estar um tanto quanto brava, não tiro a razão dela. Eu também ficaria pelo que aconteceu mais cedo.

— Calma aí senhorita! Não consegui dormir direito e vim buscar chá, é só isso. Como eu iria prever que você estaria aqui, hein? - Respondi seguindo em direção a pia. — Não conseguiu dormir mais ou acordou de novo agora? - Perguntei

— Minha cabeça vai explodir, Giovanna. Nunca senti um cansaço tão imenso na minha vida, e mesmo assim, não consigo dormir de jeito nenhum. - Disse ela enquanto pressionava os dedos na testa.

— Quer um chá também? Não me importo em fazer pra você, talvez isso funcione como um pedido de desculpas, pode ser? - Retruquei. — Desculpa mesmo pela confusão mais cedo mãe, não quis conversar sobre o assunto e tentei evitar que a coisa piorasse. Mais tarde fui no seu quarto pedir desculpas, mas a senhora estava apagada na cama e eu não quis acordar.

— Tudo bem, filha. Mamãe não deveria ter se metido muito, só me preocupo um pouco, seu humor anda muito alterado - Explicou. — Mas enfim, sua felicidade é a minha, sempre saiba disso.

Sinalizei positivamente com a cabeça e voltei minha atenção para o chá, que inclusive, deveria ficar pronto logo. Já estava quase dormindo em cima do fogão e mamãe em cima da mesa também.

Ao ficar pronto, entreguei uma xícara para ela e peguei uma para mim. Ficamos conversando por alguns minutos enquanto usufruíamos da bebida até um telefone tocar, interrompendo o assunto.

— Fala sério! Essas horas? - Reclamei. — Que saco, não se pode ter paz nem de madrugada?

Pelo toque a chamada vinha do meu celular, então me questionei se valeria a pena subir para pegá-lo ou não. Mas... e se fosse algo importante?

— Não vai subir, filha? Pode ser alguém aí, hein? - Provocou ela estendendo um sorriso

Peguei a indireta no ar e não pensei duas vezes em subir. Levantei da cadeira rapidamente e fui em direção ao quarto na esperança de ser quem eu esperava que fosse.
Abri a porta com a maior força que pude. Minha cabeça esqueceu todos os sentimentos ruins no momento e eu até ignorei o fato de que meu sistema estava me ameaçando de uma gripe forte novamente. 

Ao pegar o telefone me deparei com algo inesperado, não era o Tom, mas sim o Bill. Estranhei na hora mas de qualquer forma o atendi.


— Eai, Gio! Tudo bem?

— Eai, Bill! Bem, e você? Aconteceu algo?

— De maneira alguma, só quis conversar um pouco com você! Fico feliz que esteja bem. Obrigado por perguntar, também estou!

— Você não deveria estar dormindo? Acredito que sua viagem deve ter cansado, foi o que Tom disse. Ou não?

— Ah, aqui acabou de amanhecer, os meninos estão dormindo ainda, inclusive seu namoradinho

— Engraçadinho, Tom e eu não namoramos!

— Não deu tempo, né? - Bill retrucou.

— Você me ligou duas da manhã pra isso? Fala sério cabelo espetado!

— Que chata hein. Só queria saber como estava. De qualquer forma, beijinhos, estressada. Vou dar um oi no seu namoradinho por você, não se preocupe.


Em seguida desligou na minha cara. Aquilo me irritou mais ainda, porém ao mesmo tempo me deixou triste, será que fui grossa demais? Bem, não importa.

Larguei o celular em cima da cama e desci até a cozinha novamente, não queria deixar mamãe sozinha lá embaixo até porque nossa conversa estava boa apesar do horário e de todos os outros fatores que me influenciavam naquele momento.

— Com licença senhorita. Bill ligou para saber como eu estava e depois desligou na minha cara! Consegue acreditar nisso? - Comentei enquanto me sentava

— Percebi seus berros, Bill é seu outro namoradinho? - Perguntou ela soltando alguns risos

— Mãe! Ele é meu amigo, assim como Tom também é! - Reclamei batendo a mão no vidro da mesa.

— Não percebeu? - Suspirou ela. — Achei que tivesse percebido o jeito que aquele menino todo de preto olhava pra você, estava nítido que não era só o irmão dele que apresentava interesse. 

— Enlouqueceu, Ana? - Respondi assustada. Tentei formular uma reação boa para não fazer com que ela pensasse algo errado, mas fiquei totalmente gelada e sem mexer nenhum músculo.

Não conseguiria imaginar como seria ter dois gêmeos no meu pé, não consigo nem imaginar como Tom reagiria a isso também, Ana tinha a obrigação de estar errada.

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