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Cheguei atrasada e, como de costume, meu chefe já estava se preparando para ter um colapso nervoso. Apesar de ser um bom homem, Jonathan não tolerava atrasos e falta de compromisso com o emprego. Por sorte já havia tramado minha desculpa no caminho, pelo menos dessa vez.

- Você vai se explicar, mocinha? - Perguntou ele cruzando os braços.

- Não foi minha intenção - Respondi sem jeito. - Recebi algumas cartas estranhas essa manhã, fiquei tempo demais tentando procurar uma resposta. Não vai acontecer de novo.

Tive que impor uma tonalidade mais séria enquanto me explicava mas em meu interior estava claro que não fiquei totalmente fissurada como havia dito, provavelmente nem era nada demais. De qualquer modo, eu teria mais tempo para analisar aquilo tudo mais tarde.

- Pensou que iria dar uma volta por Hogwarts, é? - Ele riu com sarcasmo. - Péssima desculpa. Mais uma dessas eu chuto você pela porta dos fundos.

Me desculpei enquanto repetia inúmeras vezes que não iria acontecer mais uma vez, escapando discretamente pela porta ao meu lado. Meu sobrenome era atraso, sempre consegui ser uma pessoa que parecia nunca ter tido contato com um relógio ou conhecer horas na vida, apesar desse ponto, ainda me considerava um ser humano compromissado com outras atividades e focada em coisas importantes do dia-a-dia, fazia tudo o que deveria ser feito, nunca vacilei em nada, ou quase.

Pra minha mais pura sorte, era sexta-feira. Não é como se eu costumasse fazer algo, mas caso a previsão do tempo continuasse a mesma, tinha certeza do meu piquenique com a Beatriz. Marcamos de nos encontrar amanhã á tarde para por o papo em dia, depois que ela se mudou perdemos totalmente o contato e só consegui encontrá-la pela internet poucas semanas atrás. Abençoada seja a tecnologia.

- Não vai nem ligar a máquina do caixa? - Perguntou Carlos enquanto se debruçava sobre o balcão. - Depois que levar outro sermão do chefe você aprende.

Carlos era um amigo que conheci na faculdade, ele me ajudou e me apoiou em diversas ocasiões e sempre aparecia no café para me dar bom dia. Era um menino gentil, fofo e engraçado, seria loucura não se sentir levemente atraída por ele.

- Chegou cedo hoje - Suspirei. - Não quer pegar meu lugar? Talvez Jonathan não puxe sua orelha como puxa a minha.

- Não é atoa, né? - Respondeu ele expressando um sorriso em seu rosto. - Vou querer um capuccino com algumas torradas, garçonete.

- Engraçadinho - Ambos riram. - Vou preparar seu café da manhã.


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