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Quando chegamos em frente ao portão de casa, rapidamente desci do veículo e corri em direção a porta. Estava louca para deitar sobre minha cama macia de novo, comer os pãezinhos que mamãe fazia para o café e o mais importante de tudo: Fazer carinho no Chico até ele dormir.

Aquela noite no hospital foi extremamente lenta, parecia impossível amanhecer e ver alguns raios de sol. Me perdi nos meus pensamentos e de repente me dei conta de que não conseguiria viver longe de casa nem por mínimos dias, aquilo seria demais pra mim. Como os meninos conseguem?

- Droga - Suspirei. Malditos pensamentos! Por que aquilo foi me afrontar de novo? Qual o meu problema em começar a associar os meninos a qualquer passo que eu dou? Esquece isso Gio, esquece. Eles já foram. - Pensei.

Minha própria mente queria me ver no chão, me castigando sem parar. Fiquei algum tempo sem exercer nenhum movimento após me questionar mentalmente, estava completamente paralisada e sem reação até sentir algumas lágrimas escorrerem.

- Filha? - Gritou Ana em outro cômodo. - Vou lavar as roupas, você tem alguma no seu quarto? - Continuou ela.

- Deve ter alguma coisa, vou buscar agora! - Berrei enquanto passava as mãos pela pele na tentativa de secar meu rosto visivelmente molhado

Rapidamente me direcionei até o quarto, pelo que eu me lembre, acabei deixando uma blusa solta por lá, mais precisamente em cima da cama. Ao abrir a porta me deparei com Chico que mastigava violentamente um papel. Imediatamente percebi e tentei adulá-lo com cautela.

- Oi meu Chiquinho! O que você tem aí? Deixa a mamãe dar uma olhadinha, hein? - Falei me aproximando devagar, não queria assustá-lo pois sabia que o mesmo poderia se esconder rapidamente com aquilo na boca, talvez até acabaria consumindo com ele completamente.

Me sentei na cama pegando aquela fofa e adorável bolinha peluda, sem pensar muito apenas removi o papel de seus dentes, largando-o sobre minhas pernas logo em seguida.

Ao abrir o que parecia uma carta tive uma bela surpresa.

"Obrigado por me deixar ficar aqui, gatinha. Espero poder vir até seu quarto outras vezes, talvez possamos ter uma "conversa" melhor, o que acha? Vou sentir saudades, beijo do seu guitarrista preferido xuxuzinho!"

Aquilo foi algo bem inesperado. Antes de ler pensei até mesmo que seria algo próprio meu, como um recado ou uma anotação, já que as minhas sempre descolavam do mural.

Comecei um diálogo enorme comigo mesma. Aparentemente aquela "carta" já era para ter sido entregue somente pela forma que foi escrita. Então por que não foi?

Novamente, mamãe interrompeu meus pensamentos.

- Filha? As roupas, mamãe quer lavar. - Bradou ela.

Ouvi passos cada vez mais próximos, então rapidamente escondi a cartinha, se ela fosse ler aquilo não sei o que seria de mim.

- Oi mãezinha! já ia descer - Disfarcei sorrindo

- Posso saber o que aconteceu senhorita Giovana? - Disse ela cruzando os braços, parecia ter notado, que droga! Como incrivelmente as mães sempre sabem?

Fiquei toda enrolada, não sabia se contava ou não. Mas era minha mãe, ela deveria saber, então decidi que falaria sem pensar muito.

- Lembra do Tom, não lembra? - Citei enquanto removia o papel debaixo da coberta. - Achei isso aqui, talvez ele tenha esquecido de me entregar. - Continuei fazendo sinal, queria que mamãe se sentasse ao meu lado. Eu precisava conversar.

- Lembro filha. - Respondeu ela se aproximando, a mesma sentou na beira da cama logo em seguida.

Fiquei em silêncio apenas esperando mamãe ler aquela pequena mensagem. Estava louca para ver qual seria sua reação, afinal pela primeira vez era algo aparentemente "sério". Nunca fui muito de correr atrás de algum namorado ou ter um mínimo interesse por alguém, Ana sabia muito bem disso. Minha adolescência inteira foi focada em mim mesma, minhas composições e a arte, talvez cozinhar também, aquelas eram as coisas que eu mais amava depois de mamãe. Sua reação seria um tanto quanto interessante pois nunca me abri sobre alguém até porque nem existiram muitos resquícios de "relações" amorosas na minha vida.

- Caramba filha, sua mãe não sabe nem o que dizer. - Disse ela rindo. - Será que o momento da minha mocinha realmente chegou? Quero ter netinhos que tenham seus olhos claros, viu?

- Mãe! - Interrompi chamando sua atenção. Quis parecer séria, mas no mesmo instante rapidamente comecei a imaginar como seria um namoro ou algo além disso com base em seu questionamento.

- Brincadeira, meu amor. Mas não podemos negar que é uma baita cantada envolvida, hein? - Continuou ela.

- Foi mesmo - Falei sorrindo. - Talvez logo passe, certo? Você sabe que eu nunca fui muito disso, não é agora que vou ser por conta de alguém que conheci a dias. Aliás, daqui algum tempo começo minha faculdade e pretendo focar só nisso e nada mais.

- Para de ser marrenta, Gio! Nunca te vi assim, não tente esconder de mim que você gosta dele. Eu sei como você funciona, esqueceu que sou sua mãe também? - Retrucou ela enquanto me dava leves beliscadas.

- Tem razão, oh senhorita dona de toda a sabedoria do mundo. - Comentei sarcásticamente realizando alguns gestos com o braço. - Claro que não mãe! É impossível gostar de alguém que eu nem conheço direito. - Expliquei.

- Até vocês se beijarem algumas horas depois de terem interagido diretamente pela primeira e única vez, não é mocinha? - Destacou Ana estendendo um grande sorriso.

Tentei manter uma pose neutra, queria parecer séria após ter ouvido aquilo mas não me segurei.
Passamos alguns minutos rindo como duas crianças de sete anos até mamãe levantar:

- Engraçadinha, vou descer e levar sua camisa. Não fique mofando aí dentro, abra as janelas e cuidado com o Tom hein! - Falou dando uma piscadinha enquanto saía pela porta.

Expressei um largo sorriso e botei algumas mechas de cabelo atrás da orelha. Logo em seguida fui em direção a minha estante que precisava urgentemente de uma limpeza, estava na hora de se exercitar um pouco!


ps; desculpem pela inatividade, tô meio ocupada/bastante cansada ultimamente e meu tempo pra escrever não é muito, não me abandonem hein?
Obrigada por ler até aqui! espero que entendam.

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