Quando os meninos saíram pensei em tentar dormir novamente, já que se eu ficasse pensando iria ficar mais triste ainda. Sendo assim acabei apagando por umas três horas que com certeza seriam mais se minha mãe não tivesse me acordado:
— Oi minha florzinha! - Disse ela me cumprimentando com um demorado abraço
— Tom? - Perguntei esperançosa
— Tom? É a sua mãe, filha. O Tom já foi- Respondeu ela desvirando seu sorriso
— Ah - Suspiro. — Desculpe senhorita Ana, minha cabeça ainda está doidinha - Destaquei em tom sarcástico
— Eu imagino, Hein? Quando você disse que iria sair não imaginava que minha filha fosse parar no hospital por causa de uma estranha. - Destacou ela
— Isso não doeu nada comparado a...
No momento pensei em travar a frase, minha mãe não precisava saber que estava triste por alguém que conheci a alguns dias atrás. Conhecendo ela, de primeira a mesma iria rir e estranhar um tanto quanto demais, mas depois com certeza iria ficar preocupada. Não queria expressar nada para vê-la assim.
— Comparado a que? - Questionou indecisa. — Filha?
— Nada, mãe. Só fiquei um pouco triste pelos meninos terem ido. Adorei meu tempo com eles, sabe como é, queria que a despedida não fosse comigo deitada em uma cama de hospital cheia de aparelhos inseridos em mim. - Respondi enquanto me esforçava para segurar o choro. Mamãe não deveria me ver triste.
— Eu percebi, meu anjo. Percebi como você ficou encantada com aquele menino e tudo o que ele fazia, estive o tempo todo reparando seu humor depois dele sair da nossa casa naquela manhã que vocês ficaram conversando. Lembra? O irmão dele também era uma graça se me recordo bem - Comentou ela alisando meu cabelo com os dedos.
— Você não se "recorda"? - Falei rindo. — Mamãe, aquilo aconteceu literalmente a dois dias atrás.
— Sua mãezinha aqui tá ficando velha, engraçadinha. Um dia você vai ficar assim também - Ameaçou ela expressando um sorriso significativo em seu rosto
Ficamos ali rindo e apreciando o tempo por alguns minutos, nosso momento juntas acabou desviando um pouco da minha tristeza. Eu a amava, minha mãe era totalmente incrível de uma maneira única, o tempo com ela passava voando. Percebi isso quando o médico cruzou a porta.
— Bom dia mãezinha! Olá Gio, como se sente? Melhorou? - Ele perguntou se aproximando
— Bom dia doutor. Me sinto melhor! Foi um susto bem grande, mas pode ter certeza que eu estou novinha em folha, ou quase isso. - Afirmei em meio a risos leves enquanto esticava um pouco os braços
— Que bom mocinha. Acredito que já posso te dar alta. Porém vou ter que enviar algumas grandes doses de remédios que devem ser tomadas todo dia e sem exceção, ouviu? - Inseriu ele dirigindo-se em direção ao painel de aparelhagem conectado a cama. — Bom, consegue se movimentar direito ou precisa de ajuda? - Continuou.
— Tudo certo! Consigo andar direitinho. - Respondi após me levantar, seguindo em direção ao banco de visitas.
O médico apenas afirmou com a cabeça, ele parecia muito aliviado por alguma razão pela qual não compreendi, afinal não foi nada grave para se preocupar em grande escala.
Seguimos pelo corredor enquanto minha mãe segurava meu braço por conta das quedas frequentes de pressão que eu tinha, ainda mais após o incidente. Porém era algo comum para mim desde criança, ela só queria ter mais cuidado comigo mesma.
Ao chegarmos na recepção, esperamos alguns papéis assinados pelo médico junto de alguns remédios que estavam sobre o balcão e que aliás eram muitos. Quando aquela papelada foi totalmente preenchida, nós recebemos os remédios e as orientações do doutor que nos liberou logo em seguida.— Que alívio mamãe - Susprei. — Se ficasse naquele lugar por mais algumas horas acho que surtaria. - Acrescentei enquanto passava pela porta
— Não é só você. Trate de ter juízo da próxima, deveria ter visto a preocupação que eu fiquei. Quase morri quando recebi a notícia - Reclamou ela
— Ah, é? - Provoquei. — Aliás, quem te avisou?
— Seu namoradinho, deveria ter visto como ele ficou também. Acho que estava meio bêbado, mas eu consegui notar normalmente mesmo assim - Respondeu.
— Ele não é meu namorado, éramos amigos. De data curtíssima inclusive, esqueceu isso também? - Murmurei virando a cara. — Cade o táxi? - Perguntei em seguida.
Não quis que minha mãe tivesse tempo de formular outra resposta, eu não queria saber de nada que envolvesse Tom naquele momento, tudo que era relacionado com ele deveria sumir. Parece que eu estava ouvindo cada caco do meu coração se quebrando em mais outros mil.
— Não esquenta cabeçudinha. Ele tá bem ali - Disse Ana apontando um pouco para a direita
— Que bom que eu tenho uma cabeça, hein? Bem lembrado - Retruquei saindo de sua proximidade, indo em direção ao carro.
A mesma logo movimentou-se com curtos passinhos apertados seguindo os meus.
— Espera sua mãe! - Gritou ela
Apenas sorri desacelerando meus passos.
— Nossa! Nem parece que você saiu do hospital agora. - Disse ela expressando um seco olhar de cansaço.
— Nada demais. Você que tá virando uma senhorinha muito rápido - Provoquei abrindo a porta do automóvel
Ana me encarou com seriedade, mas era perceptível que a mesma se esforçava ao máximo para não rir.
Entramos no veículo que no mesmo instante ligou novamente.— Bom dia meninas! - Disse o motorista pressionando seu pé com calma no acelerador
— Bom dia senhor! - Respondi. — Como vai você nessa linda manhã de domingo? - Perguntei sarcásticamente, já que o tempo estava completamente fechado sem resquício algum de sol. Era impossível alguém achar isso lindo.
— Estou bem, mocinha. Obrigado por perguntar. E vocês? Como estão? - Questionou rindo.
— Estamos bem, apesar de ter saído do hospital agora. Essa mocinha aqui quase matou a mãe de susto - Respondeu Ana voltando seu olhar para o lado
— Aconteceu algo grave? - Perguntou assustado enquanto virava cuidadosamente uma esquina
— Foi só um sustinho, não é mamãe? Acabei recebendo um objeto grande na cabeça mas não consegui identificar o que era, porém o mais importante é o agora, certo? Me sinto bem melhor! - Respondi sorrindo. Não foi nada sério mesmo, então até tentei brincar um pouco com a situação.
— Nossa, que surpresa - Suspirou o motorista que logo em seguida soltou um pequeno riso.
Minha mãe me encarou de imediato, mas meus olhos se comunicaram com ela sem uma palavra sequer sair da minha boca. Sinalizei para que a mesma nem esquentasse, a situação até chegou a ser meio engraçada só pelo fato de que levei uma batida grande na cabeça por um objeto que eu nem consegui saber o que era.
VOCÊ ESTÁ LENDO
you're officially coming with me.
RomanceGiovana levava uma genérica adolescência sem emoção ou festas, até sua amiga convidá-la para um show da banda que ela gostava. As coisas aconteceram rápido demais e tiveram consequências um tanto quanto graves e decisivas que tiverem o poder de alte...