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Fui até a cozinha para preparar o lanche que Carlos havia pedido e o terminei alguns minutos depois. Durante aqueles longos minutos na lanchonete senti minha alma fora do corpo de tanto cansaço, só queria ir pra casa e nem eram nove horas. Eu precisava de um balde de água fria e ainda seria pouco.

— Seu pedido, senhor — Falei enquanto esfregava uma das mãos nos olhos soltando um bocejo curto. — Espero que goste.

— Está tão cansada assim? — Perguntou — Não quer que eu tome seu lugar? Seus clientes não vão gostar de ser recebidos com um bocejo e uma expressão de morta, senhorita.

— Vou passar uma água no rosto, aproveite seu café e não se preocupe comigo — Respondi sorrindo.

Carlos sinalizou a cabeça com rapidez e levantou as sobrancelhas esboçando  aprovação. 

Fui até o banheiro e esfreguei meu rosto com as mãos, algo parecia me incomodar e eu tentava descobrir o que era, talvez estivesse começando a ficar eufórica com a carta que mamãe falou mais cedo. Será que havia algo importante, era de alguém ou de alguma agência, e se me escreveram um romance? De repente várias teorias começaram perturbar minha pequena mente confusa. Tinha vontade de sair correndo do trabalho e ir ver o que era para pegar o máximo de informações possíveis, mas teria que aguardar até meio dia presa naquele lugar e me recompor para continuar atendendo.

Após poucos minutos, saí do banheiro e em meio a passos longos voltei até o balcão para continuar meu trabalho. Carlos já tinha ido embora e acabou deixando seu pagamento no caixa. Além de tudo, é um menino sincero que sempre se esforça para ajudar quem gosta. Existia algo melhor que isso? — Perguntei para mim mesma.

Passei as outras quatro horas atendendo clientes, fazendo pedidos, preparando cafés e recebendo dinheiro. Minha cabeça havia se distraído um pouco e me recuperado de todos aqueles questionamentos que faziam sentido apenas para mim, sinceramente eu estava até acreditando que teriam me chamado para participar de uma escola de música em Viena na qual havia mandado uma carta dois ou três anos atrás quando era apenas uma adolescente apaixonada por baixos e baterias, talvez só estava sonhando alto demais.

Quando fechei meu horário me despedi de outros colegas que atendiam junto comigo enquanto dava pequenos passos ansiosos em direção á porta.

— Bom trabalho galera, até segunda-feira! — Sorri.

— Tome cuidado! Bom fim de semana.

— Até logo, Gio!

— Nos vemos segunda, te espero! 

Eles responderam.


Entre escadas e degraus fui até os fundos para pegar minha bicicleta, minha respiração soava tão rápido que cheguei a ter quedas de pressão, meu consciente estava eufórico e ansiava por uma resposta o mais rápido possível, meus remédios estavam todos em cima da minha cama, saí tão apressada que esqueci de trazê-los comigo esta manhã. Meu corpo transpirava por todos os lugares e minhas batidas estavam cada vez mais aceleradas, eu havia pulado todas as recomendações sobre se controlar um pouco para evitar algo pior.

Para meu alívio o caminho que percorria diariamente era perto de casa, andava poucas quadras toda vez e quando piscava já estava no quintal. Com um pouco de tontura consegui alcançar meu destino logo, a primeira coisa que fiz foi correr para o banheiro tomar uma ducha.

— Que pressa! Você está bem? — Perguntou Anna confusa com o agitamento — Aconteceu algo?

— Busque meus remédios no quarto, por favor! — Gritei enquanto fechava a porta do banheiro. — Minha pressão baixou de novo — Continuei em alto tom.

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⏰ Última atualização: Mar 01 ⏰

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