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Passei um bom tempo no banho para recuperar um pouco de sanidade, porém aquilo ainda estava impregnado na minha cabeça. Nunca ao menos consegui sentir algo assim, tudo em mim não possuía nenhuma reação definida, só conseguia pensar naquela noite e ficar mal em questão disso.

"Burro." Pensei a mim mesmo. Fiz de tudo para não correr nenhum risco e não foi isso que aconteceu. que Droga! Só consigo pensar no quanto Bill e o pessoal da banda ficariam desapontados, Gio principalmente. Talvez esteja sendo fiel a alguém que em poucos dias já saiu pegando outra garota, apenas por achá-la "gostosa", sem ao menos sequer procurar sentimentos sérios, provavelmente o pensamento de Lanny fosse igual ao meu, nada diferente. Apenas me admirava por ser fã ou me achava bonito o suficiente.
Comecei questionar a mim mesmo se Gio pensasse assim, por quê? Por quê era tão óbvio que não?
De repente, tudo parecia estar errado desde o início.

Após terminar de envolver a toalha ao redor do corpo, ouvi batidas na porta novamente.

— Alô? Tem alguém aí?

Me parecia a voz de Georg.

— Georg? - Perguntei. — Já estou saindo, um segundo. Preciso terminar de passar protetor solar.

— Tudo bem. Eu espero - Disse ele.

Terminei alguns minutos depois, em seguida, enrolei outra toalha sobre meus dreads e saí pela porta sem falar nada além de sinalizar para Georg com a cabeça.

Entrei no quarto e vesti uma longa camisa junto de uma bermuda larga, estava extremanente calor e se eu botasse calças seria pior. Pelo menos, miseravelmente meu cabelo molhado ajudou a resfriar um pouco.

— Quase pronto, senhor paciência?

— Gustav? - Perguntei me virando rapidamente. O mesmo se encontrava apoiado contra a entrada do quarto. — Que susto porra. Qual foi?

Gustav riu.

— Esqueceu que tem compromisso? - Ele disse rindo. — A gente vai sair daqui a pouco. Temos que ir para Quedlinburg.

— Como assim? Daqui a pouco? Não sairíamos só no final da tarde? - Questionei confuso.

— Pois é. Aconteceu um emprevisto com a organização de lá. Pensei em te acordar mais cedo, mas você estava dormindo igual um bebê.

— Relaxa. - Suspirei. — Vou organizar o resto das minhas coisas na mala.

Minha vontade era de explodir, achei que teria um pouco de paz e um momento só meu após um bom banho, mas ter que viajar em poucas horas ou até mesmo minutos me destruiu mais ainda. Será que eu vou ficar nesse caos pra sempre?

— Vou sair, te espero lá embaixo - Falou Gustav, que se retirou logo em seguida.

Levei meus olhos até a mala que estava em cima da cama e dobrei algumas camisas que estavam jogadas pelo quarto. Em seguida, terminei de guardá-las e me joguei na cama de novo, meu corpo carregava um peso enorme.

Meus olhos estavam extremamente cansados, e, quando fechados quase por completo, ouvi o telefone tocar. Era Giovana.
Levei minha mão até o objeto barulhento para desligá-lo, mas pensei em me explicar para dar um fim nisso tudo logo. Seria injusto qualquer tipo de insistência.

No mesmo minuto em que apertei a opção de atender, ouvi a voz agitada da mesma.

— Bom dia, Tom! Tudo bem? Onde esteve? Aconteceu alguma coisa? - Questionou ela. - Fiquei preocupada!

— Tô bem, só um pouco cansado. Vou viajar logo. - Respondi em tom de desânimo.

— O que andou fazendo? - Perguntou ela. — Achei que estivesse com problemas.

— Sinceramente, Giovana. Estou com problemas sim. Quero que você saiba que não posso continuar com isso, acho melhor cortar contato com você. Não quero que se iluda com coisas rasas e momentâneas. Nos conhecemos a pouco tempo e isso foi só mais um rolo como os outros. Espero que entenda.

Ela suspirou do outro lado da tela.

— Como assim, Tommy? Pensei que estivéssemos-

Cortei a mesma rapidamente antes que terminasse a frase ou completasse com qualquer palavra.

— Fiquei com uma garota poucos dias atrás, em uma festa. Havia encontrado ela mais cedo, no mesmo dia, fui até a padaria pois perdi o horário do café, aqui as coisas acabam bem cedo, você deve ter notado. - Suspirei. — Ela se dizia fã da banda, trocamos algumas palavras e acabamos trombando coincidentemente em uma festa noturna, no mesmo dia.

O silêncio tomou conta da chamada. A voz agitada de Gio se entristeceu rapidamente e alguns gemidos abafados foram transmitidos através do ao vivo.

— Você o quê? Eu confiei em você! - Ela gritou. — Pensei que pudéssemos fazer dar certo! Vai mesmo sumir assim? Me fez acreditar e agora faz isso? Ótimo, Tom Kaulitz! Boa sorte, aproveite como quiser!

— Eu não te fiz nada! - Afirmei enquanto elevava a voz. — Foi VOCÊ que se emocionou! Eu nunca comentei nada que envolvesse vontade de ter algo sério. Não pense que está sendo o amor da minha vida por causa de um beijo na chuva, me ouviu? Não consigo acreditar que as pessoas realmente consigam amar alguém em menos de um mês - Falei soltando um leve sorriso cínico. — Isso é ridículo, fala sério, Giovana! Acorda!

— Vai pro inferno, Kaulitz!

Antes que palavras finais pudessem sair da minha boca, Gio encerrou a chamada.

Senti uma lágrima grossa escorrer pelas minhas bochechas, percorrendo meu rosto como um violento e inquieto rio até chegar na região do pescoço. Meu peito ficou apertado e mal conseguia liberar minha respiração.

Talvez fosse melhor assim. Talvez fosse pra ser, Gio não merecia continuar. Mas e quanto a mim? Merecia tudo isso?

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