15-ETIQUETA VAMPIRESCAS

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Era o que diziam sobre aquela baboseira de não olhar apenas para a superfície, que no fundo havia tesouros, ou algo do tipo; que depois de toda a manipulação e do egoísmo haveria algo nobre. Eu só não sabia se o que Eric andava fazendo além do acordo vinha da nobreza ou do egoísmo, e muito menos como lidar com a primeira possibilidade.

Passei o pano sobre a mesa, terminando a limpeza da minha seção. Fiz tudo pensando nas atitudes do meu chefe, tentando entender a lógica do mundo vampírico, lutando contra aquela aflição crescente causada pelos vampiros me acharem atraente, apenas por estar disponível. Tudo culpa da minha enorme boca e da minha ignorância já que um, eu não tinha dispensado ninguém tão pouco estava com alguém para fazer isso. E dois, nem sabia daquelas malditas regras, senão teria tido mais cuidados com as palavras.

Algo que parecia cada vez mais difícil quando estava perto do vampiro viking. Tinha algo nele que me despertava uma irá misturada com orgulho, que me fazia bastante imprudente.

Aproveitando que todos os clientes estavam abastecidos, avisei Chow, que ainda me olhava meio estranho, da minha ida ao banheiro. E desfrutei dos minutos de descanso para mexer no celular. Haviam duas mensagens:

Uma era de Miguel confirmando o encontro dele com o pai, e garantindo que me levaria no próximo domingo se eu ainda precisasse.

"Te desejo muita sorte com seu pai, e sim vou querer a carona" respondi.

E eu desejava muito mais que isso, apesar do pouco tempo, tinha me apegado muito a ele, o que parecia recíproco. Eu queria muito que Miguel pudesse respirar aliviado sem o peso de viver longe do pai, um homem idoso e viúvo, que se mudara para uma área mais suburbana após vender as quatro lavanderias para os Herveaux.

A outra tinha sido mandada há poucos minutos por Taylor.

" Deu tudo certo com os clientes, estarei em Shreveport na sexta, bem a tempo da sua próxima folga. Bom trabalho."

legal. Obrigada!

Eu queria ter mais jeito com as palavras, mesmo estando muito animada fiquei com medo das mensagens parecerem meio frias. Pensei no que escrever, achei melhor não mandar mais nada. Sai do banheiro, após lavar as mãos, deixando o aparelho no vestiário.

Apressei os passos ao passar pela porta do escritório onde Eric estava desde que havia chegado, e nem saber que ele estava tão perto tirou meu sorriso frouxo causado pela boa notícia. E assim fiquei até Belinda me abordar.

—Lara, o mestre quer vê-la. Pode ir que eu te rendo.

Ao abrir a porta, ainda segurando a bandeja, vi Eric sentado em sua cadeira com as mão cruzadas atrás da nuca e só quando já estava dentro do escritório percebi que ele não estava sozinho.

Sentado na cadeira de frente a ele, estava o vampiro da noite anterior. Ele colocou os cachos atrás da orelha, cachos que só agora pude perceber que eram ruivos, e me encarou com seus olhos escuros. Era como ver uma daquelas pinturas renascentistas, só que assustadora.

Mil vezes mais assustadora.

Dei um passo para trás e me mantive próxima a porta, olhando de Eric para o outro vampiro, imaginando se daria tempo de correr se algum deles decidisse me jantar.

—Lara, esse é o George!— Eric gesticulou para eu me aproximar. Era por essas coisas que eu queria socá-lo, mas fiz o que ele mandou, parei ao lado da escrivaninha mais perto dele do que do outro vampiro. — George veio do Arkansas e está aqui a passagem, não é mesmo George? — George concordou com um sorriso frio e instintivamente me aproximei mais ainda de Eric. — Ele veio aqui para acertarmos a compensação sobre o incidente de ontem e me fez um questionamento bastante curioso. Ele alega ter ouvido rumores que você não me pertence mais e como demonstração da sua consideração a minha posição veio confirmar se você está mesmo livre. Quer fazer as honras e dizer a ele se isso é verdade.

Das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora