A TRAGÉDIA

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Enquanto o sol banhava a luz em suas pele, Acácia acarinhava os cabelos de Leif ouvindo-o contar mais uma vez a história sobre seus filhos e esposa morta; e ao norte, cores de tamanha beleza e pureza chamou a sua atenção. Viu se aproximando com passos lento e cansados Ghali. Era na cabana dela em que os dois se escondiam.

— Veste tuas roupas, temos companhia — ela ordenou ao estrangeiro.

E quando já vestidos, a anciã bateu à porta, entrando em seguida.

— Onde esteve, criança? Apesar do vigor, não podeis perambular por aí... sozinha...

— Perdoai, Minha Senhora, mas garanto-me por essa mata até mais que vós... ele, estrangeiro, e tu, má acostumada dentro do palácio... — Acácia assentiu num misto de orgulho e vergonha. Orgulho por sua criança não se intimidar em sua presença, vergonha por ser verdade. — Precisam partir. Ao leste, nas rochas, há um barco esperando por vós.

— Ao leste... ninguém pode ir ao leste se não eu... É perigoso. É ...

— Perdoai-me novamente, Minha Senhora, mas exatamente por isso. Precisais ires já

— Ouviste, Leif...

— Não, Minha Senhora, também precisas ir. Não podeis ficar.

— Ghali, do que estás a falar?

— Por sua graça, tenho mais luas que consigo contar, e antes dos sacerdotes isolá-la de nós. Guardá-la só para eles... éramos livres...até tu, Minha Senhora... tu rias e dançavas, eu era pequena mas lembro. Precisa partir... se ficas teu riso, este riso tão bonito, morre. E por que causa todos aqui podeis ser livres menos tu?

Ghali olhou para o estrangeiro, que ágil se pôs a arrumar as coisas para partir. Acácia estava indecisa, parada, absorvendo as palavras. Leif segurou as mãos dela.

— Irás comigo?

— Sim, Minha Senhora irás.

Como quem desperta, acácia soltou das mãos do estrangeiro e abraçou a anciã.

— Ghali, Eu não errei ao te batizar, minha criança amada. Que tua vida seja mais...

— Não, Minha Senhora... não prolongues mais minha vida, já vi muito desse mudo...

— Que tenhas uma passagem gentil e rápida.

— Até em outra vida, Minha Senhora.

— Até, criança amada.

E pela mata densa, acácia e Leif correram, era meio-dia quando chegaram na parte mais afastada da ilha e, como prometido pela anciã, havia um barco pequeno os esperando.

— Vês aquela caverna? — Acácia apontou para o monte acima deles, e Leif parou de inspecionar o barco por um instante. — Foi ali que morri e renasci. Toda essa parte é resquício de um velho mundo e envolta de magia, magia de destruição e criação. Minha proteção não cobre essa terra e, às vezes, um outro katafygiano acaba se perdendo engolido pelo mar ou pela terra... Uma tempestade vem se aproximando ...

Abruptamente, Acácia silenciou. Aquelas cores e sentimentos que chegavam até a ela, era o suficiente para saber que ela e o estrangeiro estavam perdidos.

— Mestre de guerra! Sumo sacerdote! Os encontrei... — Kynthia gritou ao se aproximar dos dois.

Os homens chegaram na praia, e o estrangeiro mesmo desarmado não vacilou, se colocou em posição de luta. Acácia correu e se colocou na frente dele. Havia arqueiros mirando no coração dele.

— Minha Senhora, volte... venha a nós — implorou o sumo sacerdote.

Temendo perder seu amado novamente e não consegui-lo trazer de volta do mundo dos mortos, Acácia barganhou com seu sacerdote, ela voltaria se o estrangeiro pudesse ir embora. Com os termos aceitos, o Mestre de Guerra jogou em direção aos fugitivos uma corda e obrigou o estrangeiro amarrar as mãos de Acácia.

Das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora