47-ADEUS É PERMANENTE

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Não me lembro bem o que aconteceu depois que as chamas engoliram eu e a necromante. Só de acordar no quarto de hóspede de Eric, no anoitecer seguinte, vestindo uma camisola, sem um único fio de cabelo por todo meu corpo e, grudado em meu peito, na minha pele, o pingente. Era realmente estranho o que via no reflexo no espelho, mas, ao menos, eu estava viva, e pelo jeito, tudo tinha terminado bem.

Ao descer as escadas, ouvi Eric conversar com alguém e ao chegar na sala, ele desligou o telefone e me deu atenção.

— Achei que demoraria a acordar. Você está bem?

— Acho que sim. — E sem graça, pelo meu estado físico, passei a mão na cabeça. — Só careca... sem sobrancelhas... cílios

— Continua linda, amada.

— E você, mentiroso... e não estou apavorante?

— Está perfeita, apetitosa... baixinhas, carecas e peitudas também fazem meu tipo.

Rimos com gosto. E com passos largos ele diminuiu o espaço entre a gente e me abraçou. Eu retribui, pulei em seu colo e o beijei. Primeiro, só encostei os lábios, absorvendo a sensação de estar viva, depois com paixão; sem laço de sangue, pela última vez que fazíamos amor, foi a primeira que era só eu na minha mente. E ali, eu soube... eu realmente o amava. Por mim... não por laço, não pelo passado. Por mim.... e também soube o que precisava fazer.

Deitados sobre o tapete da sala, ele entre minha pernas, pernas com as quais eu o enlaçava; com a cabeça em meu peito enquanto eu alisava os cabelos dele, Eric disse:

— Seu coração está tão acelerado, é insuportável não saber o que está sentido.

— Se eu disser que não estou estranhando, não sentir você zunindo na minha mente, vou mentir, mas eu gosto. Gosto de saber que é só eu... eu que estou aqui.

— Existem magias vampíricas para cortar o laço, eu deveria ter ofertado...

— E perder o poder sobre mim? Nos dois sabemos que você não é esse tipo de pes.... vampiro.

— Não me conhece tão bem, amada... eu quase te perdi... de novo.

— O que aconteceu. Não lembro de nada.

— Assim que as necromantes entraram no galpão, Devon e eu tivemos que lutar contra a horda de Mortos vivos, além de muito, não dava para matá-los... e acabamos paralisados pela magia, somente Buba tinha controle sobre si. É algo da química do cérebro dele, da que estava correndo por seu corpo antes da transformação, que faz ele ser como é. Um vampiro... diferente — Eric deu ênfase ao diferente — mas foi nossa sorte. Conseguimos fazê-lo entender que precisava matar aquelas mulheres irritantes. " Prefiro gatos, Eric" ele dizia ao morder uma das necromantes...

— Gatos...

— Poderia ser pior... e a batalha também, mas vencemos, alguns lobis ficaram feridos e Devon perdeu o braço... vai renascer outro no lugar, só será doloroso e lento.

— E as wiccans, Agnês...

— Ela está bem, mas houve baixa no grupo delas, duas mortes... o humano impertinente continua vivo. — Eric passou com delicadeza o dedo ao redor da pedra agarrada a minha pele. — Dói?

— Não, não dói, só é estranho, se você reparar bem consegue ver ele pulsar.

Eric concordo com a cabeça e perguntou:

— E agora?

— Não sei, mas acho que é bom, só para variar, ter meu coração inteiro de novo e comigo ... e sobre isso

— Eu sei, você vai partir, não vai?

— Vou. Meu tio está por ai, vivo. Eu sinto. Quero encontrá-lo e também.

... eu preciso ir... me encontrar sem você. Me curar.

— Eu sei. Isso então é um adeus?

— Adeus é muito permanente para seres como nós, não acha? 

Das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora