BOURBON STREET

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Nova Orleans, 3195

—E na manhã seguinte ela partiu. Dizem que levou com ela o corvette vermelho... era um carro veloz. Ela aprendeu a arte de cuidar, se tornou especialista em ajudar tantos os aflitos da alma quantos os da carne. — O homem alto, magro, de pele claríssima sem gota alguma de melanina, cabelos finos e lisos brancos como prata, olhos opacos que mesmo sem ver, enxergava tudo, falou ao companheiro inesperado daquela noite. .

— Ela foi feliz? — O homem alto, forte, largo e loiro, com sua aura vermelha escura irradiando tanto orgulho e ambição perguntou ao outro homem.

— Ah, sim. Muito. Ela teve muitos amores, muitos. E foi amada. E teve muitos, muitos filhos. Todos chegaram a ela quando ninguém mais os queria, e ela os recebeu... sabe, amar era a sina dela, e como sempre fez, deu o seu coração para alguém. Mas não foi para um estranho, um dos filhos, o que parecia mais ser mais sábio e empático o recebeu. E ela viveu por tantos anos que até perdeu a conta e quando foi a hora dela, não foi doloroso e nem traumático... E você vampiro, me pediu uma história para passar o tempo, contei. Gostou?

— Muitíssimo.

— Sua vez de me contar uma, não acha? .

— Justo. Poderia contar do meu passado, mas gosto do presente: Agora sou rei, me casei com a rainha de Oklahoma e herdei com sua morte a cidade.

— Rei.... Isso faz jus a você. É feliz?

— Sou. Tive muitos amores e fui amando. E sigo aberto sempre ... até encontrar minha verdadeira morte. Minha amada e estimada Pam segue sendo uma vampira formidável. Ela me enche de orgulho.

Os dois sobrenaturais conversaram mais um pouco. Encantaram-se mutuamente até um deles se levantar. Há pouco, os dois se esbarraram na esquina tumultuada da Bourbon com a D' Orleans iluminadas por cores neon mesclando os ares do presente com muito do passado, com as ruas e casarões de milênios passados ainda erguidos. O choque do contato foi instantâneo. E em silêncio seguiram para o mesmo bar, uma franquia de uma antiga marca de bar vampírico.

— Foi um prazer conhecer você, mas o sol está pra nascer.

— O prazer, foi meu de reencontrá-lo.

— Nos vemos de novo... digo, nessa vida?

— Certamente.

Fim. 

Das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora