11-SOB A MINHA PELE

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"Eu não posso fingir, estava sob minha pele

Mas eu nunca posso ganhar"

Under my skin- Hippie Sabotage


Estava na banheira imersa até a cabeça, olhando para teto distorcido pela água quente. Envolvida nesse casulo febril, meu corpo reagia com espasmos na barriga, como se dezenas de borboletas batessem as asas, freneticamente, dentro de mim.

Sem fôlego emergi, e descansei a nuca na borda de cerâmica fria causando arrepios que percorreram todo o corpo, eriçando os pelos e os mamilos.

A água quente sempre me deixava sensível, um pouco excitada Deslizei a mão pelo seio. O apertei do mesmo jeito que o homem dos sonhos havia feito, com força, e puxei com delicadeza o bico durinho. Desci a outra mão pelo ventre em direção ao meio das coxas, deslizando suavemente o dedo naquele ponto sensível. Aumentando gradativamente, suspirando um pouco mais forte.

"Eu posso sentir tudo o que você sente"

—Merda — murmurei recolhendo a mão ao lembrar das palavras do vampiro.

E mais uma vez afundei na água, fazendo bolhas ao gritar mudo, balançando a cabeça em negação, batendo os pés na cerâmica ao pensar em todas as vezes em que o vampiro soube o que estava fazendo.

Não me sentia mais tranquila em minha pele. E por várias vezes, durante as quase duas semanas após aquela conversa, imaginei pegar as coisas e sair da cidade. Era vergonhoso ficar, mas partir era não ter para onde ir, onde mora. Eu não tinha ninguém me procurando, aguardando meu retorno. E no final das contas, onde quer que eu fosse, perto ou longe, ele sempre estaria comigo, sob a minha pele, em minhas veias.

Bufando, levantei e me enrolei na toalha.

Ao menos, durante essas semanas, não vi o Eric uma única vez, nem para cativar os clientes vampirófilos que eles, os vampiros, carinhosamente chamavam de vermes. Apesar do alívio, era muito tempo para ele ficar longe. E, por vezes, a curiosidade, me fazia pensar no porquê dele sumir.

Eu apostaria que era por causa do tal conselho. E imaginar Eric sendo punido por eles era ao mesmo tempo prazeroso e assustador. Certamente os castigos que eu daria nele não chegavam nem perto dos castigos que os vampiros poderiam dar. E isso me fazia questionar quando, e se, ele voltaria; eu tinha mais perguntas e ninguém além dele para responder. Mas, ele era vampiro há mil anos, com certeza já sabia cuidar de si mesmo. Não deveria me preocupar.

Sentei no colchão onde a pasta amarela estava jogada no piso ao lado, meio encoberta pelas roupas novas que havia comprado mais cedo. Havia recebido meu primeiro pagamento no início da semana, e quando não estava batendo perna em busca de um plano de celular barato ou de adequar o guarda roupa ao estilo BDSM Chique do Fangtasia, conforme Pam havia sugerido com a sutileza de um tapa na cara, passei muito do meu tempo revirando o conteúdo da pasta.

Era tanta coisa, tanta, que ficava tonta só de pensar.

Então, fui desconsiderando algumas informações, como a parte técnica do histórico hospitalar. Minha recuperação milagrosa, que assombrou a equipe médica, foi por causa do sangue do vampiro. A minha dúvida era o tempo de duração desse efeito. As matérias da televisão afirmavam que o efeito de V durava no máximo duas semanas. Mas como eu tomei direto da fonte talvez durasse mais. Talvez fosse permanente, Eric era um vampiro antigo e talvez por isso eu ainda me recuperava rápido.

Das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora