17-ELA NÃO ESTÁ LÁ

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Por favor, não se incomode tanto tentando achá-la

Ela não está lá.

She's not there - The Zombies


Não levou mais que 45 minutos para chegarmos em Bon Temps. Florestas, pântanos e o tempo fresco de meados de setembro foram uma presença constante durante a nossa viagem, anunciando um outono próximo. Estacionamos no que parecia ser o centro da cidade, perto de um conjunto de prédios em formato " U" de fachada branca.

—Como disse, não vou demorar mais que quinze minutos. Se quiser pode ficar aqui me esperando. —Taylor se virou para pegar a bolsa de equipamento. — Ou pode ser minha ajudante.

— Acho que vou te atrapalhar mais que ajudar. — Ele me olhou brevemente, acho que iria falar algo, mas apenas sorriu. — Mas se precisar de ajuda é só gritar. Vou correndo te socorrer.

Ele me tocou de leve no ombro, saiu da cabine, cruzou o carro e veio até mim, se debruçando na minha janela. Ele tinha um cheiro muito bom.

— Espero que você realmente não se importe com isso. — Com a cabeça apontou para o prédio atrás.

— Eu juro solenemente que eu realmente não me importo! — Levantei a mão esquerda e pus a direita sobre o coração, mas o que eu queria era mesmo passar a mão no rosto dele. Sério, deveria ser proibido alguém como ele ficar tão perto assim de mim. — Mas quanto mais rápido começar, mais rápido vai terminar.

— Certo, Madame. Até daqui a pouco.

Ele entrou no prédio, e eu espiei mais uma vez aquelas belas pernas. Aproveitei para mandar uma mensagem para Miguel avisando sobre não precisar da carona. Ele mandou como resposta apenas uma "smile", fiquei encucada de novo se eu tinha feito algo de errado, mas deixei passar e meus olhos percorreram os atrativos da cidade: uma igreja presbiteriana, a delegacia e um mercadinho. Em muitos aspectos me lembrava a Sainte Croix des Âmes.

Recordar da minha cidade natal me lembrou o real motivo da minha vinda até ali. Não que eu tivesse esquecido, como esquecer que eu estava atrás de uma mulher que poderia ler meus pensamentos e me ajudar a descobrir tudo sobre mim? É só que isso fazia a coisa mais real, e quanto mais real mais temerosa eu ficava. E se eu tivesse algum colapso nervoso como da vez que eu descobri sobre Nabal? Ou sei lá, se eu ficasse tão triste e chocada que não conseguisse disfarçar? Talvez tenha sido uma má ideia vir com Taylor.

Ansiosa, saltei na calçada, caminhei um pouco pela calçada e voltei para o carro. Pensei em ligar o rádio, mas fiquei com medo de parecer invasiva. Então fechei os olhos e tentei relaxar. Acabei dormindo.

— Demorei? — Taylor me despertou entrando na cabine.

— Não muito. Deu tudo certo?

— Como disse era só uma vistoria. Essa belezinha vai durar mais algumas décadas. Agora vou te levar até sua amiga, ela deve estar preocupada com demora.

— Ela não está preocupada... na verdade, ela não sabe que to aqui. — e nem que somos amigas, pensei — É um surpresa, por assim dizer.

— Surpresa, é? Não tá aprontando nada, né?

—Não, claro que não. — Desviei o olhar daqueles belos olhos castanhos. — Por que você acha isso?

— Por nada. Então, vamos?

Das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora