Reminiscência

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As musicas para esse capitulo são: Take what you want- Ozzy Osbourne | Sex, drugs, etc..- Beach Weather e When the party's over - Billie Eilish

Eu fiz uma playlist para fanfic vou deixar o link 

https://open.spotify.com/playlist/56Ou1mvZcPoSm8IGyGlyAV?si=6645ae02e8354cd9

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Wangji perdeu a sua mãe em uma luta contra o câncer, quando ele ainda era muito pequeno para entender a complexidade de tudo à sua volta.

Apesar de sua família sempre ter sido gerida sobre várias regras e limitações, sua mãe não era assim, sua mãe sempre foi livre, bonita e com um sorriso fácil.

Em suas lembranças meio desgastadas pelo tempo, ele ainda é capaz de ver ela sorrindo entre suas gencianas enquanto contava as suas histórias.

Era outono quando sua mãe começou a se sentir menos disposta a passar um tempo fora de casa e começou a se sentar na sala para contar histórias para ele, ela começou a frequentar o médico com certa frequência e precisava sair cada vez mais e voltava ainda mais cansada.

Ele era pequeno demais para perceber...

Ele se lembra exatamente do dia em que ela estava sentada no chão com ele no espaço entre suas pernas, enquanto penteava o cabelo dele, sua mãe amava o fato de que ele nunca queria cortar o cabelo, mesmo que o seu pai não aprovasse.

"Se você gosta de ser assim não tem problema, o que você ama é o que te deixa mais bonito" ela sempre dizia as palavras como se fossem um grande segredo a ser mantido a sete chaves, em um lugar que ninguém mais poderia acessar. Isso era o que o encantava mais, o fazia se sentir mais importante.

— Vire se para mamãe, deixa eu ver como você ficou lindo — ela disse após ter trançado o cabelo dele com uma fita azul — Oh, esses fios tão rebeldes — ela disse passando a mão numa franja que insistia em ficar fora sempre que ela penteava o cabelo dele e ela sempre a ajeitava a colocando atrás da orelha dele enquanto o olhava tão carinhosamente.

Wangji sempre achou esse um gesto tão puro de amor, ele sempre ria quando ela fazia isso, na verdade ele ansiava por essa parte só pelo sorriso que sua mãe dava ao consertar seu cabelo rebelde. Só que nesse dia sua mãe não sorriu, ela começou a tossir muito, quando ela tirou a mão da boca sua mão tinha sangue, ele viu o temor nos olhos dela, ele era uma criança pequena demais para entender, mas hoje quando ele revisita suas memórias ele sabe que o temor nos olhos da mãe dele eram o medo de um mal silencioso, uma doença traiçoeira demais que custou a ser percebida.

— Me desculpem, mas os exames confirmaram o adenocarcinoma. Nós o descobrimos já em um estágio avançado e os prognósticos não são bons — Wangji ouviu a voz do médico enquanto espiava pela fresta da porta. Espiar era proibido, ele sabia, mas ele precisava saber por que sua mãe estava tossindo tanto, ele não entendeu as palavras difíceis usadas pelo médico, mas pela forma que sua mãe chorou, ele sabia que ela deveria estar doente além de uma gripe como ela havia dito antes.

Naquela noite ele correu para o quarto dela para dormir ao seu lado, desta vez foi ele a tirar a franja do rosto dela com um beijo na bochecha.

— Mamãe, você vai ficar bem — ela sorriu para ele enquanto tentava não chorar.

Aquele foi o marco oficial do início da luta que sua mãe travaria contra o câncer.

No inverno o tempo com sua mãe foi reduzido mais ainda e o espaço limitado ao quarto dela, cheio de aparelhos ao redor da cama, ela cada vez mais magra, os seus olhos sem tanto brilho.

Confusões no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora