Capítulo VI

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  - Bom dia? - Clary apareceu na porta. Claramente tinha sido acordada a pouquíssimo tempo; ainda vestia um conjunto azul de pijama que tinha ganhado da sua mãe no seu aniversário de 14 anos. Parecia alarmada e ansiosa. 

  - Bom, galera, vocês querem um café? - Izzy entrou na casa da Clary, sem nem pedir licença. A menina também não pareceu se preocupar, estava ocupada encarando Jace - Vou fazer um café!

  Jace sentiu sua boca ficar seca, impossibilitando as palavras a saírem. 

  - Bom dia - ele disse, finalmente.

  - Bom dia - Clary respondeu, educada - O que faz aqui?

  Jace se encantou com a pergunta tão direta. Era interessante a forma como a garota não parecia se preocupar em chamar sua atenção ou tratar ele como se fosse o centro do universo.

  - Eu geralmente não sou tratado assim quando eu chegou na casa de alguma menina - ele sorriu, tentando cortar um pouco do clima estranho que estava surgindo devido o silêncio. 

  - Parece que você faz isso sempre - ela resmungou, revirando os olhos - Espero que tenha um bom motivo para me acordar tão cedo.

  Ele sorriu mais ainda. Simplesmente graciosa. 

  - O motivo está na sua frente, agora mesmo - Jace brincou, ainda tentando levantar a moral  - Vim aqui perguntar se você tá a fim de dar uma volta comigo...  

  Ela olhou para dentro de casa, pensativa. Clary inevitavelmente pensou em Simon e em deixar ele sozinho com a pessoa que ele mais desgostava no planeta. 

  - Quais são as condições? - Jace tirou ela dos seus devaneios.

  - Condições?

  - Sim, o que eu tenho que fazer pra você vim comigo? Plantar uma bananeira? Sou muito bom nisso - Jace piscou.

  - Estou tentando não imaginar isso, e estou fracassando. Bananeira?

  - Vem, nós não vamos demorar - ele jogou a cabeça para trás -, eu juro. Prometo que devolvo você inteira. 

  Clary olhou para si mesma, imediatamente percebendo que não tinha nem escovado os dentes. 

  - Espera eu me trocar, então - ela abriu a porta para ele, dando espaço para ele passar - Fica aí e espera um pouco. Eu já volto.

  Jace entrou de forma relutante, logo se sentando no sofá ao lado da porta da entrada. Conseguia ouvir Isabelle na cozinha abrindo os armários tentando fazer o tal café.  Clary andou até o quarto, passando no banheiro para efetuar suas higienes matinais. Viu Simon deitado na sua cama equilibrando seu notebook nos joelhos.

  - Eu vou sair mas prometo que não vou demorar, okay? Você pode avisar minha mãe ou Luke que eu sai? - ela foi direto para o armário a fim de procurar alguma roupa que a caísse bem.  Simon pareceu não ouvir olu ouviu e ignorou - Simon? Você me ouviu?

  - Você vai sair com aquele loiro? - ele suspirou, ainda sem levantar o olhar do computador. 

  - Sim e o nome dele é Jace, não loiro - Clary pegou uma calça jeans preta e uma blusa, a primeira que viu na frente. Pegou um casaco azul que estava encostado na poltrona, não queria passar frio. 

  - Jace - Simon repetiu. - Que nome gay. - Ela riu.

  - Você não acha que Simon não é?

  Clary entrou no banheiro do quarto, tirou o short e colocou seus jeans no lugar, tirou a blusa branca e colocou a outra. Saiu do banheiro. Pegou seus tênis pretos e colocou por cima de uma meia.

  - Volto logo - Clary saiu do quarto, fechando a porta.

 ➵ ➵ ➵

  Jace a levou para uma praça recém reformada perto da casa dela. Isabelle tinha feito um café HORRÍVEL e ninguém se dispôs a beber. Parecia que Izzy tinha feito o café em uma meia usada por um pedreiro por dois dias seguidos. 

Ambos se sentaram em um banco ao lado da árvore principal do lugar. Com sorte conseguiram comprar dois chocolates-quentes que inclusive estavam muito bom. O sol dava seus primeiros sinais de aparição mas sua claridade não era suficiente para esquenta-los. 

  - Isso é com toda a certeza bem melhor que o café da Izzy - Jace sorriu, lembrando da irmã brava com ele pois se recusou a tomar aquilo. 

  Clary sorriu, concordando.

  - Sem dúvida nenhuma. Às vezes eu acho que ela cozinha de propósito, só pra descontar a raiva que sente da gente. 

 Eles estavam lado a lado, rindo igual duas crianças. Algumas pessoas passavam caminhando com seus cachorros perto deles e enxergavam como estavam se divertindo. Jace não conseguia explicar como estava contente em poder simplesmente sentar e conversar com Clary. Em todos os seus encontros sempre se sentia deslocado, como se não fizesse sentido tudo aquilo. Restaurantes caros, cinemas ou qualquer outra coisa que já tinha feito de forma programada nem se comparavam a improvisação de um belo chocolate-quente num banco de praça. 

 - Gosto daqui - sussurrou Clary, tomando mais um gole do seu chocolate - eu sempre pedia para vir aqui quando voltava da escola. Luke deixou de me trazer quando eu tinha uns 10 anos. 

 - Esse Luke é o que seu? - Jace semi-cerrou os olhos. Pelo carinho na voz ele desconfiou que fosse de fato seu pai. 

  - Ele é um grande amigo da minha mãe, conheço ele desde sempre. Eu tenho quase certeza que ele é apaixonado pela minha mãe e que é recíproco.

  - Isso é meloso e romântico - ele tomou mais um pouco do chocolate - e legal da parte dele, sabe? Estar com vocês mesmo sem estar romanticamente com a sua mãe. 

  Clary olhou para ele, concordando com a cabeça. Estava verdadeiramente surpresa em saber que podia manter uma conversa com ele com sinceridade. Em sua cabeça ele era o irmão da amiga que sempre teve de tudo e que podia ter tudo no momento que quisesse. Nas poucas ocasiões que se esbarravam nas festas que Izzy a levava ou nos corredores da casa deles não teve oportunidade de conhecer esse outro lado. Jace tinha um bom papo.

  - Eu queria me apaixonar por alguém de verdade. Sei lá, partilhar sonhos... hobbies - ela deu de ombros. Nunca acreditou nos romances dos filmes e dos livros que lia mas a idealização era até interessante. 

  - Eu acho que eu já me apaixonei - Jace sussurrou, olhando diretamente nos olhos de Clary. Não havia humor no tom nem na expressão, apenas uma sinceridade e curiosidade. Seu olhar desceu, se direcionando aos lábios da garota, de repente mais distante do que ele gostaria.   

 Clary já não conseguia o encarar, estava fixada na sua boca. Ele sorriu.

  - É, tenho certeza - Jace perdeu a cabeça por um instante e se aproximou para beijar Clary. O encontro de suas bocas passou uma onda de eletricidade pelo seu corpo que foi capaz de arrepiar os pelos do seu braço, mesmo com o sol deixando o clima quente. 

Jace tomando como incentivo a garota retribuindo o beijo, colocou a mão na nuca de Clary, a trazendo para mais perto de si e aprofundando ainda mais o beijo. 

***

capítulo revisado ✅

With All My Heart - ClaceOnde histórias criam vida. Descubra agora