Capítulo 36 - Sangue.

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...- Fogo... -Tanjiro olhou para todas as chamas a sua volta, que não o queimavam e nem sequer o tocavam.

- Tanjiro...já está indo longe demais. -Shi o pegou.

- O fogo não me machuca. -Tocou, sorrindo quando viu as chamas se entrelaçar em seus dedos, sem o queimar.

- Não é isso, é eles. Se não quer que eu os mate, então nós vamos sair daqui. -Falou.

- Mas...aqui é minha casa... -Olhou para ele.

- Eu sei querido, posso vir aqui e cuidar deste lugar, mas não te quero aqui com eles. Entende isso minha vida? -Tocou em seu rosto.

- Entendo... -Disse, logo dando um pulo pelo susto- Estão aqui!

- Vamos. -Shi pegou em sua mão e eles pularam a janela.

Correndo um pouco pela mata, se preocupou com o trio um dia esqueletos, mas eles estavam bem e na frente os esperando, junto de sua irmãzinha, então não havia com o que se preocupar e Kirai estava junto, realmente não havia com o que se preocupar.
Mas então ele foi atingido por uma flecha em seu peito.

- Agh! -Aquilo realmente doeu e ardeu, afinal, ainda é humano e sente as coisas.

As árvores se fecharam envolta deles, as águas ficaram agitadas e as estrelas pareciam querer cair.

- Venha, deite-se. -Por mais que não demonstrasse, estava preocupado, preocupado de perder sua vida.

- Shi...ainda dói... -Falou o abraçando.

- Eu sei, eu sei... -Sua humanidade não desapareceu nem um pouco, a dor era óbvia, a sua única preocupação era se o corpo humano de sua vida iria aguentar, provavelmente ele reviveria no mesmo corpo, mas teria que esperar sua vida em seu tempo para isso.

Uma estrela caiu do céu, pareciam tão pequenas olhando de longe, mas eram grandes, um pingo de estrela caiu em sua mão, formando um clássico formato estrelar, talvez tenha acontecido por conta de gostar desses formatos estrelares, o fato era de que a vida sempre gostou da noite e das estrelas no céu, então aquilo era como um agrado a ele.

Seu corpo humano não estava aguentando, começou a tossir e cuspir sangue, e seus membros pareciam inchados e doloridos, a dor no pescoço era insuportável, parecia que iria ser arrancada a qualquer momento, sentia suas mãos frias, assim como seus pés que estavam cobertos pela meia, suava frio, se sentia tonto mesmo deitado, a dor no peito só aumentava e quando sentia que respirar já não era mais possível, desmaiou, ouvindo a morte chamar por si.

- Aqueles desgraçados! Eu vou acabar com todos eles! -Segurava o corpo morto de seu amado, mesmo que ele volte, a dor que a vida passou a isso não foi justa, Deus, aquele sentimento de perda era agonizante.

O olho enorme de Kirai apareceu, cobrindo aquela noite, e outros seres desconhecidos apareceram.

- Devemos mata-los, mestre? -Uma mulher perguntou, seus cabelos brancos com mechas pretas, era preso em uma trança de três cheia, um vestido pretos muito bonito, com detalhes em branco e dourado, as mangas eram caídas, mostrando seus ombros e cobrindo o resto, com o caimento parecido de uma yukata.

Uma linda mulher é claro, aliás, a morte é bela, por mais horrível que as vezes pareça ser, a morte é única e bela, assim como a vida.

- Ele não gostaria disso, apenas os puna. -Falou o senhor morte, apertando o corpo da vida, que agora estava sendo enrolado pela grama e as vinhas que o puxava de seus braços.

Os animais caiam, os passarinhos, os cervos, os tubarões pararam de nadar, os tigres de correr, os leões de caçar, as serpentes caíram de seus galhos onde apreciavam sua presas, as aranhas se perderam em teias, os peixes caídos e levados pela água agitada, os lobos caíram cansados e os coelhos sem respirar.

Flores nasceram por onde seu sangue caiu, e então seu coração voltou a bater, seu cérebro mandava os órgãos funcionarem, junto de seu coração que bombeava o sangue. Ele voltou a respirar, de forma ritmada e tranquila.

A grama e as vinhas pararam de apertar seu corpo, as árvores retomaram aos seu lugares, deixando de se entortar para bloquear o caminho, as rochas quebradas e sujas de sangue, foram batidas pelas águas e assim limpas, as águas se bateram e então, entraram em união calma novamente, o fogo se apagou, a brisa do ar ficou tranquila, as estrelas retornaram aos céus, a terra tampou o buracos que, logo cresceu dela, a grama verde e viva, os animais que antes caiam de cansaço, voltaram com vigor.

Certamente aquilo deveria matar os humanos, por uma grande desregulação, mas não era isso que a vida queria.

Shi pegou seu corpo, que agora encolhido em seus braços, buscava melhor conforto em um sono profundo. A vida se aconchegou nos braços da morte, que o segurou com delicadeza e destreza.
Foi até onde estariam os antigos esqueletos, Kirai retornou, então eles partiram a uma pequena viagem, onde seria a nova moradia deles.

Continua...?

824 palavras.

Demônio lendário (Kimetsu no Yaiba)Onde histórias criam vida. Descubra agora