"Há momentos que não falar, não ver e não ouvir é o melhor a fazer, às vezes afastar-se de certas situações ou pessoas torna-se uma boa alternativa para evitar momentos e coisas desagradáveis."
Caminhando pelo pátio há passos largos em direção ao estacionamento, Alfonso ainda estava perturbardo, por mais que não quisesse admitir reencontrar Any de maneira tão inesperada, o deixou com raiva e muito perturbado.
Parou de caminhar quando novamente avistou o pequeno anjo de olhos cor de jabuticaba, sentada em um banco de madeira, com um pirulito ao seu lado e em suas mãos o grande coelho de pelúcia sem uma das orelhas.
Poncho: oi Anjinho, está chorando porque se machucou?
Isa: tô muito triste porque rasgou a orelha da Poliana
Poncho: posso ver?
Ela entrega o coelho para ele
Poncho: quem fez isso?
Isa: já tava rasgado, mas quando eu caí saiu a orelha
Poncho: não fique triste, essa carinha não combina com você
Uma das freiras vem correndo até eles.
Irmã Benê: Isa eu estava te procurando, está na hora do banho
Poncho e irmã Benê se cumprimentam com um asceno de cabeça
Irmã Benê: vamos mocinha - estendendo a mão para a pequena
Isadora se levanta do banco, pega seu pirulito e em seguida estica a mãozinha para irmã Benê.
Isadora: tchau Tio
Poncho: tchau anjinho
Irmã Benê: tchau
Poncho: tchau
Conforme ia se distanciando Isa caminhava olhando para trás, dando tchau para Poncho.
Os olhos cor de oliva cravaram no coelho de pelúcia em suas mãos, aquela cena estava cortando o seu coração. Com o coelho ainda em mãos ele vira as costas e caminha rumo ao seu carro, onde ele destrava, entra, liga e dá partida, saindo de lá o mais rápido possível.
No caminho para casa, Alfonso só sabia pensar em tudo oque havia acontecido, ao chegar em casa involuntariamente colocou o coelho de pelúcia sobre o sofá, subiu para o quarto aonde tirou a roupa e tomou banho, colocou uma roupa confortável e se serviu de uma dose de uísque, estava com raiva, raiva de Anahi, raiva pela situação e raiva de si mesmo por estar pensando nela.
Com um copo de uísque nas mãos, parado em frente a janela da sala, Alfonso tinha o olhar perdido e os pensamentos imersos em várias lembranças.
"As memórias são traiçoeiras! Num momento você está perdido num carnaval de prazeres com o aroma da infância, os neons da puberdade. No outro, elas te levam a lugares onde a escuridão e o frio trazem à tona as coisas que você queria esquecer."
Parado em frente a faculdade aonde Any estudava, encostados em seu possante preto, o sorriso de Alfonso se elarga ainda mais quando os seus olhos se encontram com os olhos de sua amada. Aquela que é a razão de sua existência, o amor de sua vida.
Any: meu amor - correndo para os braços dele
Poncho: oi meu amor - pegando ela no colo e dá um selinho
Any: já falei o quanto te amo?
Poncho: eu também te amo, amor da minha vida
Any: que saudades, pensei que teria um dia cheio!
Poncho: consegui adiantar tudo, e adivinha só, teremos a tarde toda para ficarmos juntinhos
Any: é sério?
Poncho: muito serio, e quer saber de uma coisa? Já tenho tudo planejado
Any: há é? Oque tem em mente Senhor Herrera ?
Poncho: estava pensando que poderíamos ir ao cinema assistir aquele filme que combinamos, depois irmos lá pra casa
Any o interrompe
Any: tomar um delicioso banho de banheira - olhar safado
Poncho: amo essa ideia, ficarmos bem juntinhos e depois sairmos pra jantar
Any: prefiro pedir algo para jantarmos em casa
Poncho: tem certeza?
Any: uhum, afinal depois que sairmos da banheira, duvido que queira sair pra jantar
Poncho: sua danadinha, oque está aprontando hein? Sabe que não resisto a você - mordendo a orelha dela
Any: comprei uma lingerie nova, e eu quero ver oque acha
Poncho: vou adorar avaliar meu amor, será que teria como me dar uma pista do que vem por aí? Você sabe o quanto sou curioso
Any: só tenho uma palavra pra dizer
Poncho: diga meu amor
Any: Renda...
Os dois tinham os corpos em chamas
Poncho: você me deixa louco sabia?
Any: a intenção é essa meu amor
Poncho: te amo a cada dia mais, e eu não me canso de dizer
Any: eu também meu amor, eu te amo muito
"Sentimentos mudam. Memórias não."
Alfonso balança a cabeça tentando expulsar as lembranças, colocando o copo de uísque sobre o piano, seus olhos mais uma vez cravaram no coelho de pelúcia que estava sobre o sofá e sem a orelha.
Pegando a pelúcia em mãos, se lembrou do pequeno anjo com os olhos cor de jabuticaba, e a doçura daquela criança, cortou seu coração ao se lembrar o quanto estava triste pela orelha do coelho ter saído.
Por mais que não quisesse ter contato com nada que lembre, Anahi, e nada que seja próximo dela. Teve que admitir que ficou encantado por Isa, e o sentimento que estava tendo naquele momento era de protegê-la.
"É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado."