Valério, exalando raiva, expressava sua frustração enquanto Lu tentava acalmar os ânimos. O silêncio tenso pairava sobre a casa, marcado pelo receio do que o destino reservava para a família.
Lu: Valério, precisamos manter a calma. Nós vamos superar isso como a família que somos.
Valério: Como podemos ficar calmos? Essa mulher aparece do nada querendo levar a Isa!
Lu: Vamos encontrar uma solução, juntos. Precisamos pensar no bem da Isa.
Valério: Não podemos deixar ela levar nossa menina!
Lu: Eu sei, amor. Vamos procurar a melhor maneira de resolver isso.
Valério, ao enfrentar essa situação com Isa, estava revivendo memórias do passado com Any quando ela era pequena. A sensação de impotência e medo era avassaladora, e agora, como avó, ele estava determinado a proteger Isa da melhor forma possível. E sua mente foi tomada por lembranças, um segredo guardado debaixo de sete chaves.
Há exatamente 23 anos, Valério e Lu visitaram o orfanato. Com doações em mãos, passaram pelo jardim observando as crianças brincando. No caminho para a sala da madre superiora, depararam-se com uma noviça segurando a mão de um adorável bebê, uma menininha de dois anos. A pequena, desajeitada mas radiante, tinha cachinhos loirinhos feito raio de sol e olhos azuis como safiras. Lu se encantou imediatamente por aquele anjinho que sorria enquanto a noviça cantava para ela. Esse encontro significativo selou o destino da família ao decidirem adotar a doce Any.
Naquele instante, o instinto protetor de Valério aflorou intensamente. Seu coração batia descompassadamente à medida que a pequena se aproximava, demonstrando sua confiança desajeitada e, com um pedido singelo, ela solicitava o conforto dos braços do homem que, sem compreender totalmente, sentia uma conexão profunda com aquele momento mágico. O desejo de proteger aquele pequeno anjo tornou-se inabalável. A familiaridade na aparência daquela garotinha continuava a intrigar Valério, como se o destino estivesse costurando fios invisíveis que ligavam o passado e o presente. Cada traço do rosto dela parecia ecoar em sua memória, evocando sentimentos profundos e inexplicáveis. O enigma se desdobrava diante dele, e Valério mal podia conter a inquietude que crescia em seu coração.
Lu: Valério, você se lembra da época em que tentaram tirar a Any de nós?
Valério: Como poderia esquecer? Foi um dos momentos mais difíceis das nossas vidas.
Lu: Lutamos tanto para adotar a Any, e quando finalmente conseguimos, enfrentamos aquela situação terrível. A assistente social acreditou que não éramos capazes de cuidar dela.
Valério: Eles alegaram que éramos incapazes, principalmente após o acidente.
Lu: Mas nós conseguimos meu amor, eu sei que parece que estamos revivendo o passado e que de certa forma parece que a história está se repetindo, mas precisamos ser fortes pela nossa filha e pela nossa neta
Valério: Ainda não entendo como alguém pode simplesmente aparecer e querer tirar a Isa de nós. Ela é nossa neta.
Lu: Vamos superar isso, meu amor. Somos uma família forte, e nada vai nos separar.
Valério: Sou tão grato por ter você na minha vida, sei que falo isso direto mas, em algum momento, magoei você e eu me arrependo todos os dias, eu te amo, amo a nossa família, amo as nossas filhas e a minha neta...e tudo oque eu quero é proteger vocês
Lu: Amamos você meu amor, vamos superar mais essa, você vai ver, assim como Any ficou com a gente, com a Isa não vai ser diferente
No silêncio tenso do quarto do casal, Valério e Lu se abraçaram, fortalecendo-se mutuamente diante do desafio que se apresentava. A lembrança da luta pela adoção de Any ecoava em seus corações, reforçando a determinação de não permitir que Isa fosse tirada deles. Unidos, enfrentariam mais uma vez as reviravoltas da vida, dispostos a proteger o amor que construíram com as duas preciosidades que iluminaram seus dias: Any e Isa. No horizonte incerto, a certeza de que a família enfrentaria mais uma batalha, mas juntos, como sempre, buscariam a vitória do amor sobre todas as adversidades.