Don't Blame Me

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I've been breaking hearts a long time
And toying with them older guys
Just playthings for me to use
Something happened for the first time
In the darkest little paradise
Shaking, pacing, I just need you
Don't Blame me

SIRIUS
4

 Walburga Black nunca foi minha mãe.

  Quando Regulus nasceu, eu tinha acabado de completar dois anos, e o sentimento que seguiu sua chegada me pegou despreparado. Nos primeiros dias, me senti esquecido, mas livre. Com um pouco mais de seis meses, me senti sortudo, eu podia brincar sempre que quisesse, meus pais não me incomodavam com as aulas de idiomas que eu perdia ou qualquer outra que eles achassem boas para mim. Quando Regulus começou a comer e desgrudar de minha mãe, algo pareceu se preencher em mim.

  Regulus pegava a colher e jogava a comida para o alto, se lambuzava inteiro enquanto comia, e corria pela casa sem querer usar calças. Foi nesse período que nossa mãe parou de cuidar dele e o deixou nas mãos de Monstro. Quando Regulus não precisava mais que ela o amamentasse, ela o deixou. Walburga retornou aos eventos chiques com papai, saía com suas amigas e deixava a mim e meu irmão em casa, sozinhos.

— Pode me ensinar a cuidar dele? — perguntei para Monstro.

— O senhor precisa colocar pouca comida na colher, senhor. — Monstro me entregou o prato do meu irmão. — Quando o filhote terminar de mastigar, o senhor limpa suas bochechas e continua.

  Todos os elfos chamavam Reg de filhote ou senhorzinho, e todos me ensinaram a fazer as coisas do jeito certo. Dar banho, alimentar, o jeito certo de segurá-lo e como fazê-lo dormir, mas sempre ficavam comigo quando era minha vez de fazer essas coisas.

  Não fiquei triste por ter um irmão. Nem por não ter mais tanto tempo para brincar. Gostava de cuidar de Regulus. E então entendi o amor que a mãe sentia por nós. Mas ela não sentia isso da mesma forma que eu. Ela nunca foi nossa mãe.

— O talento dele é assustador. — Ouvi Madame Erdini contar aos meus pais. — Seu toque no piano e violino são excelentes e administra muito bem instrumentos de corda. Se trabalharmos um pouco mais...

— Não faremos isso. — Minha mãe interrompeu. Meu peito apertou. Por favor, não tire isso de mim. A música não. — Apreciação pela arte já é mais que suficiente, não há motivos para transformá-lo em um músico, ou pior, compositor. Isso seria uma vergonha. Não precisamos mais de seus serviços Madame Erdini, já o apresentamos demais à ralé deixando-o aprender todas essas coisas.

— Você pode me ensinar se quiser, Six. — Uma vozinha disse atrás de mim.

  A chama em mim reacendeu ao ver Regulus pedir isso. Agora que ele tinha quatro anos, estava começando a ficar parecido comigo, mas ele tinha mais traços de nossa mãe, já eu, do papai. Peguei a mão dele e fomos até meu quarto, nos trancamos lá até a hora do jantar. O ensinei a ler partituras, as notas mais simples do piano, e ensinei-o a tocar sua música favorita. Nossos momentos favoritos eram quando tocávamos juntos, dividindo o banco do piano e enrolando nossos braços para tocar teclas diferentes.

— Promete que vai me enviar músicas novas? — Regulus pediu antes que eu embarcasse no Expresso de Hogwarts.

  Me ajoelhei à sua frente.

— Toda semana, tá? — Dei um último abraço nele e em meu pai, mas me afastei de Walburga quando ela tentou beijar meu rosto. Me virei para minha mãe e apenas acenei com a cabeça antes de embarcar.

...Ready For It?Onde histórias criam vida. Descubra agora