Call it What you Want

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My castle crumbled overnight
I brought a knife to a gunfight
They took the crown, but it's alright
All the liars are calling me one
Nobody's heard from me for months
I'm doing better than I ever was
Call It What You Want

REMUS
14

 É estranho estar consciente mas não acordado.

  Sei que Sirius ficou o tempo todo comigo, embora eu não tivesse certeza se a lembrança que eu tinha de vê-lo desenhando em uma cadeira ao lado da minha cama era real. Meus pensamentos estavam se misturando com o que eu sabia ser verdade e o que não sabia.

  Madame Pomfrey me explicou o que ela faria, mas sinceramente, não me lembro de nada. Mesmo dormindo, eu conseguia sentir a pressão da faixa em volta da minha cintura, a aspereza do lençol, e precisava tomar poções de hora em hora sempre que o feitiço perdia efeito. Mas agora estou com muita dor, e isso parece me deixar completamente acordado. Mesmo que eu não esteja.

  Eu conseguia ouvir tudo, sentir todos os cheiros que estavam ao meu redor, e isso já bastava para me deixar tonto com meus próprios sentidos. Pomfrey me deixou em uma espécie de coma para retardar os efeitos da Lua Cheia, embora eu me sentisse como um lobo agora. Sirius ficou do lado de fora da enfermaria, eu conseguia sentir seu cheiro, terra molhada e o frescor de um dia chuvoso. Um aroma mais forte e floral cobria o cheiro de Padfoot de tempos em tempos, eu sabia que era Madame Pomfrey reforçando o feitiço. Ela vinha a cada três horas, Sirius em seu encalço.

  Queria dizer a ela que estava com dor, que o feitiço retardava qualquer transformação do meu corpo e que isso me trazia a sensação de ter todos os ossos prensados e reduzidos a cacos, mas eu não conseguia me mover, e com certeza não conseguiria falar.

  Me senti horrível ao amanhecer. Por volta das cinco, a enfermeira parou de vir e deixou o efeito do feitiço sumir. E quando eu realmente acordei, estava chorando e gritando. Minha espinha dorsal parecia queimar e doía tanto que precisei me arquear na maca para livrá-la da fricção contra o lençol, embora o movimento causasse tanta dor quanto.

  Eu sentia meu rosto dolorido, minhas pernas, braços; parecia que eu havia corrido quilômetros sem parar para respirar.

  Alguém segurou meus ombros com força e me colocou contra a cama, eu ignorei a sensação da dor e tentei sair disso, tentando respirar e correr desse lugar.

  Eu congelei no lugar quando senti o cheiro dele. Eu não conseguia me mexer, odiando o aroma que entrou em meu nariz contra a minha vontade. Senti vontade de gritar e sair de perto de quem quer que fosse a pessoa com o mesmo odor que Greyback.

  Gritei quando um choque queimou minhas costas, quando as mãos dele arranharam numa linha contínua cortando minha pele como da última vez. Desmaiei antes de tentar correr do toque afiado daquelas garras.

  Sirius deitou com a cabeça na minha cama, segurando minha mão enquanto dormia, seu corpo tenso na cadeira ao meu lado.

— Seu amigo se recusa a sair. — Pomfrey disse ao meu lado. — Embora eu não tenha mais certeza se é isso que vocês são. Amigos.

  Sorri, olhando para ele. Brinquei com as mechas de seu cabelo e ele ajeitou a cabeça no colchão, entrando mais no meu toque com um murmúrio cansado.

— Como se sente? — Pomfrey perguntou.

— Horrível — respondi.

  Madame Pomfrey me entregou uma poção com um gosto horrível e a dor latejante que já tinha me acostumado a sentir sumiu. Eu sabia que hoje eu teria uma noite tão terrível quanto a anterior, então preferi aproveitar cada pontada de dor enquanto estava acordado, podendo gritar e chorar como um bebê se sentisse vontade.

...Ready For It?Onde histórias criam vida. Descubra agora