Sol Cardoso
Eu me sentia a pior pessoa do mundo.
Me sentia quebrada, destruída psicologicamente e fisicamente.
Meu coração doía e meus olhos já ardiam de tanto chorar. Meu cérebro não aceitou ainda.
No início, doeu saber que eu, nova sem maturidade suficiente seria mãe, agora, doeu saber que o filho que eu tanto esperava ansiosamente para poder beijar e dar carinho não vai mais estar aqui.
--- Amor --- Pedro me abraça por trás quando acorda --- Por que não dormiu?
--- Não consegui.
--- Oh, minha linda --- Ele beija o meu ombro --- Quer tentar dormir agora? Eu fico acordado até você pegar no sono.
Eu concordo e me viro, ficando de frente para ele. Ele beija minha testa e me abraça, fazendo um cafuné maravilhoso.
Quando acordo, Pedro ainda fazia carinho em meu cabelo e me abraçava, não tão forte.
--- Oi --- Ele sorri --- Dormiu bem?
--- Uhum --- Concordo e passo as mãos nos olhos.
--- Quer levantar? --- Eu nego e ele sorri --- Tudo bem.
Me aconchego em seu abraço e enterro meu rosto em seu pescoço, sentindo ele me apertar com todo cuidado, por conta da cirurgia.
--- Linda --- Ele sussurra --- Como 'tá essa sua cabecinha, hein? 'Tá tudo bem?
--- 'Tá sim.
--- Mesmo?
--- Uhum. Não vou mentir, ainda dói um pouco, mas vai ficar tudo bem. E você? --- Me afasto para olhar em seus olhos e acaricio seu rosto --- Como você está?
Ultimamente, por mais que ele esteja ficando aqui em casa, nós conversamos muito pouco. Eu não conseguia e não queria falar, mas ele também não está bem, da para ver.
--- Eu 'tô bem --- Não sinto seu tom de voz firme e ergo as sobrancelhas --- Eu acho...
Desta vez, eu que o abraço e faço carinho em seu cabelo. Logo ouço ele fungar e meu coração aperta. Dói demis vê-lo assim.
--- Eu não gosto nem de imaginar a dor que você sentiu... --- Ele diz em meio a soluços.
--- Oh, meu amor, 'tá tudo bem. Pra te falar bem a verdade, a minha dor tanto fisica quanto psicológica não me incomoda tanto, sabe por que? --- Ele nega --- Porquê você está aqui comigo, me ajudando e cuidando de mim, aliás, não sei nem como te agradecer... --- Ele me interrompe.
--- Você não tem que me agradecer por nada, meu amor. Eu faço isso porquê eu te amo, eu gosto de cuidar de você e pretendo fazer isso até ficarmos bem velhinhos...
--- Eu também --- Sussurro sorrindo --- Mas, continuando, isso vai passar, 'tá bom? Por mais que pareça que não vai... Agora só não era para ser, e tudo bem, a gente tenta denovo.
--- Vai querer tentar denovo? --- Ele me olha com um olhar mais alegre.
--- Claro que vou! Não agora, vamos com mais calma desta vez, ok? Mas eu quero sim! E você?
--- É claro que eu quero! Eu quero poder ter tudo com você! --- Ele me abraça sorrindo e eu não deixo de sorrir também.
E é isso. Amar e ser amada.
Lembro do medo que eu sentia de nao conseguir achar alguém que não me respeitasse e não me amasse... mas olha, pelo visto deu tudo certo...
{...}