Sol Cardoso
--- Vamos rápido, Gael! --- Chamo o pequeno pela quinta vez.
--- Já 'tô indo! --- O garotinho diz irritado do quarto e eu dou risada do seu jeito de falar.
Estávamos indo buscar Pedro no CT. O jogador havia acabado de voltar de uma viagem e pediu para que fôssemos buscá-lo, para que depois, pudéssemos ficar juntos.
Ouço a campainha tocar e vou até a porta, imaginando que seja alguém daqui do prédio, já que o porteiro não ligou avisando, porém... me surpreendo ao abrir a porta.
--- Bom dia! --- A mulher sorri e adentra minha casa sem ao menos eu autorizar --- Onde está o garoto?
--- O que? --- Fecho a porta e me viro confusa para ela.
--- Estou indo para São Paulo e vim buscar meu filho, ou já se esqueceu? Sempre soube que você é meio lerdinha mesmo --- Gael aparece correndo na sala mas para quando a vê ali --- Olha só quem apareceu! Vamos?
--- Pra onde? --- Percebo que o pequeno estava assustado --- Eu e a Sol vamos buscar o tio 'Pêdo.
--- Não não, meu amor! A Sol vai buscar o tio Pedro --- Ela da ênfase em meu nome --- Você vai com a mamãe para São Paulo!
--- Eu não quero --- Ele tenta se afastar dela mas ela segura o pequeno.
--- Não faz isso, por favor! --- Peço e ela me olha.
--- Eu faço o que eu bem entender! E não tente fazer alguma coisa, pois eu tenho documentos que provam que eu posso ficar com o garoto --- Ela me mostra uma papelada que eu não consigo ler direito, pelo fato dos meus olhos estarem marejados.
--- Sol, não deixa eu ir --- Gael me olha desesperado e eu me abaixo, ficando do tamanho do garotinho.
--- Vem cá --- Abraço ele --- A 'tata vai dar um jeito, 'tá bom? --- Lágrimas já caiam --- Eu prometo.
--- Vamos, Gael! --- Ela praticamente puxa o menor e ele chora. O pior choro que eu já escutei vindo dele.
Meu coração se quebra ao ver ele ir arrastado e escutar ele gritando meu nome no corredor, enquanto chorava.
Coloco meu rosto sobre as mãos e não acredito no que estava acontecendo. Ela levou meu irmão embora e eu não fiz nada, não consegui. Só fiz uma promessa, que, não sei como, nem quando, mas que vou cumprir-lá!
Penso em tudo o que está acontecendo e me chingo de todos os palavrões possíveis ao perceber que enquanto tudo isso estava acontecendo, eu só conseguir chorar, chorar e chorar, como de fosse me ajudar em algo.
Ótimo. Não tenho capacidade nem de ajudar meu irmãozinho! Incrível como a minha incompetência consegue me surpreender a cada dia mais!
Ouço meu celular vibrar, quando pego o mesmo, vejo que era Pedro me ligando.
--- Oi, princesa! Acabei de chegar aqui no... Você está chorando? --- O seu tom de voz muda de feliz para preocupado.
--- Eu não vou conseguir ir te buscar --- Tento falar em meio das lágrimas --- Consegue arranjar alguma carona? Me desculpa...
--- Calma... Vou ver se o Éverton me dá carona --- Ele respira fundo.
--- Pode vir para cá?
--- Claro que posso, minha linda, daqui a dez minutos eu estou aí, ok?