Y6- Labirinto de Fogo

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✨Lumos✨

⚠️: Sangue e assuntos que podem ser desconfortáveis para algumas pessoas

— Enervate.

Mal tive tempo para piscar. Senti o impacto quando fui atirada para o chão e uma forte corrente deslizou por meus pulsos, fechando-se à sua volta com um simples "click". Alguém fechou uma porta, trancando-a.

A divisão era tão escura quanto a gélida noite. Não havia um único espaço por onde alguma luz pudesse entrar. Minhas pálpebras, pesadas como milhões de enormes rochas, ameaçavam cair sobre meus olhos. Nada mudaria caso isso acontecesse, porém, mesmo assim, lutei contra o tremular dos meus braços e pernas e tentei com que minha respiração descompassada diminuísse.

As correntes tilintavam sobre minha cabeça, me prendendo à parede gelada que se exibia contra minhas costas.

Olhar em volta era uma tarefa sem recompensa. Todos os cantos eram iguais: longínquos e tenebrosos. Só havia silêncio, o que me levava a pensar que as gigantes pedras que constituíam a sala eram robustas o bastante para que nenhum ruído trespassa-se. Era inquietante ouvir apenas minha voz interior, apenas os resquícios que sobravam dos meus pensamentos. Tudo tinha voado para longe e, apesar de me manter acordada, qualquer ato que envolvesse movimentos minimamente longos eram o suficiente para que a informação fosse destruída.

Ao longe havia uma única porta. Antes da luz se esvair, percebi que era revestida por algo que se assemelhava a ferro. Estava principalmente decorada por padrões complexos e atrativos para o olhar: maioritariamente círculos e linhas retas que após alguns centímetros esvoaçavam pelo metal, encontrando pontas soltas. Porém, com a penumbra interminável, fechar os olhos e abri-los eram coisas iguais e sem sentido. Não havia razões para piscar os olhos. A porta não passava de uma mera recordação ou de uma mentira da minha mente.

Minhas pálpebras cobriram minha visão sem mais nem menos.

Permaneci sentada sobre o chão gelado e irregular que a cela oferecia. Esperei pelo o que me pareceram anos — passaram apenas duas horas —, mas só restava o silêncio ensurdecedor da noite e as vozes que gritavam no meu interior.

Até que deixou de restar — um barulho foi o suficiente para que meus pensamentos voassem para longe.

Deslizei pelo chão, sentindo em todo meu ser um latejar incomodativo que irradiava da zona da nuca até os menores fios de cabelo. Engoli um grunhido ao girar meu corpo em direção aos sons que ecoavam por todos os centímetros da divisão. Ela, afinal, não era completamente à prova de som. A mordida da serpente apenas dificultou a tarefa quando, ao ficar de frente para uma fresta da porta que revelava uma luz alaranjada, tentei mover minhas pernas e percebi que o inchaço subira por cada centímetro da minha pele, dificultando meus movimentos. Meus ouvidos zumbiam.

A luz intensificou-se assim que escutei uma chave girando na fechadura. A porta rangeu assim que empurrada para longe. Pisquei os olhos algumas vezes, me habituando à luz que me atingia após tantas horas de escuridão.

Uma vela flutuava no ar. Fitei a cera que ardia lentamente a cada movimento da pequena chama. Senti o seu cheiro familiar, sendo levada até aos corredores de Hogwarts durante as noites acolhedoras de primavera. Algo dentro de mim caiu ao vazio de um abismo. A vela aterrou ao meu lado com suavidade como se me cumprimentasse.

Eu acenaria para ela de volta se meus pulsos conseguissem se mover livremente.

A divisão, agora já não tão escura, fez-se visível aos meus olhos. Haviam múltiplos corredores que se estendiam para longe, todos terminando numa escuridão interminável. Um ligeiro calor invadiu minha espinha à medida que as ondas de luz dançavam nas paredes, por vezes aumentando e diminuindo de intensidade.

𝐈𝐓 𝐖𝐀𝐒 𝐌𝐄𝐀𝐍𝐓 𝐓𝐎 𝐁𝐄, Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora