Capítulo 36 - Conversa

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Bárbara foi buscar os três na escola, deixou Enzo no treino e ficou apenas Duda e Sophia no carro.

- Se não for muito incomodo, pode me deixar no shopping? - pediu Duda.

- Sua mãe sabe disso? O que você vai fazer lá? - quis saber Bárbara.

- Sim, ela sabe. Vou encontrar algumas amigas. - disse Duda ainda com os óculos no rosto.

- Te deixo lá então. - disse Bárbara.

- Eu agradeço. - disse Duda.

Bárbara a deixou no shopping e foi com Sophia até um café. Bárbara pediu um expresso e Sophia uma água e um donuts.

- Então, o que tá rolando? - perguntou Bárbara.

- Direta e reta né tia. - disse Sophia.

- Alguma coisa está acontecendo e eu quero saber.

- Tudo bem, mas a história é longa. - disse Sophia.

- Temos todo o tempo do mundo. - disse Bárbara.

Sophia respirou fundo.

- Tudo começou no meu primeiro dia na escola, eu sentei no fundo da sala com o meu capuz e meus fones. A professora pegou no meu pé e pediu para eu tirar os fones e o capuz. Eu tava bem de cara naquela época eu gostava de vir para o Brasil passar férias aqui, mas férias né tia, não morar. Morar aqui foi uma punição pelo meu comportamento então eu tava muito brava.

Tirei os fones e fique no meu canto, sem papo com ninguém. Assim que deu o intervalo uma menina veio falar comigo, era a Duda.

- Oi tudo bem? - ela me disse.

Eu a encarei com cara de brava e não respondi, eu não queria assunto eu só queria ir para casa.

- Você chegou no meio do trimestre se quiser eu posso emprestar o caderno para por a matéria em dia. - disse ela.

- Valeu. - respondi por fim e fiquei a observando. As roupas dela eram simples, e o tênis estavam um pouco rasgados, mas a menina era incrivelmente cheirosa e um cheiro gostoso.

No intervalo eu sentei longe de todo mundo com um livro na mão e fiquei observando a tal menina.

Tinha um grupinho apontando enquanto ela passava e rindo. Ela foi se afastando do grupinho e ignorou. Esse mesmo grupinho veio falar comigo depois, aparentemente elas sabiam quem eu era, por causa da família e tal e estavam puxando meu saco, mas eu ignorei.

No dia seguinte, na aula de matemática Duda me alcançou o caderno para eu copiar a matéria, teria trabalho no outro dia. E mesmo sem eu pedir ela me deu o caderno.

De novo eu senti o cheiro dela que estava presente até nas suas coisas. Peguei o caderno e copiei a matéria. Fui até ela e agradeci.

- Valeu, você me salvou. - falei

- Tranquilo, eu só faço para os outros o que gostaria que fizessem pra mim. - disse ela.

- É uma boa lógica, mas na vida real não funciona. - falei.

- Por que não? Funciona sim

- A vida só me ferra porque eu vou contribuir de maneira positiva? Eu quero mais é que todos se explodam. - falei.

- Só porque aconteceu várias coisas ruins comigo não me dá o direito de descontar nas pessoas. - ela me disse.

Eu sabia que ela tinha razão, mas eu estava com raiva, da morte do meu pai, do fato da minha mãe ter me mandado pro Brasil eram várias coisas.

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