ᴠɪɴᴛᴇ ᴇ ᴄɪɴᴄᴏ

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Hoje faz um ano que meu pai morreu

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Hoje faz um ano que meu pai morreu. Como isso pode ter passado tão rápido? Parece que foi ontem que eu o perdi. Mesmo com tudo acontecendo, é impossível aceitar a morte, ainda não consigo acreditar que ele não está mais aqui. 

Na noite passada, Bailey dormiu na casa da Sabi porque queria passar mais tempo com Sav e eu preferi ficar em casa. É bom que ele passe um tempo com a irmã.

Meu celular tocou, são sete horas da manhã. Penso quase quatro vezes se é uma boa ideia atender ou apenas fingir que não vi e voltar a dormir. Atendi, péssima escolha. 

———— Shiv? Você não vem hoje?

———— Hm, não. Eu não estou muito bem. 

———— Você quer que eu vá aí? Não tem problema se eu faltar..

Claro que tem. Não quero que ele venha, pelo menos, não hoje. Preciso ficar sozinha por algumas horas até que eu decida seguir em frente, isso pode demorar. 

———— Não precisa, consigo me virar. Pode ficar tranquilo. 

———— Você tem certeza?

———— Tenho. ———— desliguei a chamada. 

Fiquei exatamente duas horas olhando para o teto sem saber o que fazer exatamente. E depois peguei meu isqueiro, eu não iria fazer nada idiota, mas gosto de acender e apagar o fogo. 

Não consigo acreditar ainda que meu pai morreu, ainda parece tão recente. Consigo lembrar de tudo: a notícia do câncer, a primeira quimioterapia, a primeira cirurgia, a primeira esperança de um possível esperança e a morte. Eu me lembro de tudo tão bem, mesmo que eu queira esquecer essa parte ruim: a dor.

———— Shiv! ———— me assusto ———— O que você está fazendo? Está maluca?

———— O que você está fazendo aqui?

———— A Sabi me contou. Droga, por que você não me falou? Eu poderia ter ficado com você.

———— A Sabi fala muita coisa, não deveria ter falado isso. Eu estou bem.

E depois que disse isso, comecei a chorar. Era claro que eu não estava bem, mas é tão difícil admitir isso em voz alta.

———— Vem, eu vou te dar um banho.

———— Você não precisa fazer isso..

———— É claro que eu preciso, vem cá. 

Me levou até o banheiro e ligou a água do chuveiro. Me sinto estranha, parece que voltei ao passado quando o meu pai cuidava de mim quando eu estava desse jeito, quebrada. Preciso esquecer essas coisas, só vai me machucar ainda mais.

———— Aqui, cuidado. É rápido, tudo bem? E então, faço algo para você comer e depois pode dormir.

Quando entrei no chuveiro, foi nesse momento em que aceitei a perda. Depois de meses tentando entender o motivo de tudo isso estar acontecendo, eu entendi e comecei a chorar de novo. É só isso que consigo fazer nesse momento.

———— Está tudo bem… tudo bem… tenta ficar calma. 

Desligou a água e me enrolou na toalha. Sou uma criança novamente. Não quero me sentir assim.

———— Desculpa.

———— Pelo o quê? Já falei que está tudo bem, é sério.

Sorri. Não gosto de ficar desse jeito, eu estava bem até acordar e lembrar de tudo que aconteceu.

Desci as escadas e peguei a caixa de pizza, acabou sobrando muito ontem a noite. Eu não queria cozinhar nada agora.

Não quero ter que falar sobre meu pai nesse momento mas acho que está sendo necessário agora. E talvez eu precise colocar algumas coisas para fora.

———— Desculpa não ter te falado do meu pai. É muito difícil ter que falar sobre isso.

Estou de costas para ele, não consigo olhá-lo agora. Eu estou quase chorando.

———— Não tem problema, eu sei como é.

Droga, eu esqueci que ele realmente sabe como é essa sensação. E isso torna as coisas mais complicadas ainda. Me virei.

———— Foi tão difícil aceitar a perda.. eu só consegui agora.

———— Ainda demora um tempo para aceitar totalmente. ———— diz e percebo que é verdade, posso dizer que aceitei a perda mas ainda tem uma parte que é difícil de aceitar.

Eu comi a pizza e depois fomos para o quarto. Ficamos conversando até que eu pegasse no sono totalmente.

ᴍʏ ʙᴇsᴛ ғʀɪᴇɴᴅ's ᴄᴏᴜsɪɴOnde histórias criam vida. Descubra agora