Se eu não tivesse você - Wenclair | g!p

Capítulo 6. Truth

Wednesday Addams

Destino. Nunca acreditei muito nisso. Quer dizer, claro que tudo o que acontece na vida da gente tem uma razão, um porquê. Mas não acredito em ter alguém destinado a você, por exemplo. Ou melhor, não acreditava. Não até conhecer aqueles olhos de duas cores.
Não que eu ache que somos destinadas, até por que ela é uma garota e eu nunca sequer imaginei beijar uma garota, mas algo nela me intriga, me puxa como um ímã. É como se de alguma forma eu a conhecesse, mesmo nunca a tendo visto antes. Reconheço de alguma forma o seu olhar, mesmo que sem brilho.

Seu jeito me faz querer proteger e cuidar dela para que nada e nem ninguém possa a machucar, nem fisicamente e nem de forma alguma. Enid desperta um sentimento de proteção que nunca senti antes, por ninguém. É como se fosse minha missão, meu destino. E como que para me provar que realmente o destino brinca com a gente, mais uma vez ele, o destino, mostrou sua face.

— Oi, mãe. — eu disse enquanto minha mãe entra no quarto de Enid. — Eu estava te procurando quando esbarrei sem querer em Enid e acabei machucando ela ainda mais, então eu quis acompanhá-la para ter certeza que ela ficaria bem. Mas como ela iria ficar sozinha, fiquei aqui mais um pouco e me distrai com a hora.

Minha mãe olhou de mim para Enid por um instante antes de sorrir e se aproximar dando um beijo em minha testa e fazendo o mesmo com Enid. Eu sei que minha mãe é extremamente carinhosa, mas não sabia que ela é assim com seus pacientes também. Não que eu esteja reclamando, pois é bom saber que ela sente carinho por Enid também.

— Que bom que se conheceram. Eu estava mesmo querendo lhe apresentar minha filha Wednesday, Enid.

— Eu não sabia que era sua filha. — disse baixo como sempre.

— Como está se sentindo? Wednesday te machucou mesmo? — minha mãe me olhou em repreensão.

— Não. Na verdade a culpa foi minha. Eu que não estava olhando por onde andava, e não machucou muito, só doeu um pouco a costela, mas já está melhor.

— Você nem deveria ter saído desse quarto, dona Enid. O que a senhorita estava fazendo perambulando nesses corredores?

Eu assistia a interação das duas enquanto minha mãe examinava Enid como se eu nem estivesse ali.

— Desculpe, Tish. Eu só precisava distrair um pouco.

Enid falava baixo e com a cabeça abaixada, como se estivesse envergonhada ou até mesmo com medo ou receio de outras pessoas. Isso não é comum, principalmente para alguém da idade dela, que suponho que seja mais ou menos a minha.
Saio de meus devaneios quando minha mãe se lembra da minha presença ali.

— E você, Wandinha? Está sentindo alguma coisa, minha filha?

— Não, mama. Estou bem, somente alguns enjôos normais. Eu só vim te visitar mesmo.

— Você está doente? — uma voz rouca e sussurrada chamou nossa atenção.

— Não. Doente não, Enid. Mas essa mocinha aqui tem que tomar alguns cuidados, como não ficar andando por aí nesse sol. Será que preciso contratar uma babá novamente, Wandinha? — disse minha mãe com um olhar brincalhão e piscando para Enid.

— Mãe! — gemi frustrada. Mas esqueci isso no momento em que vi um tímido sorriso se formar nos lábios de Enid.

“por que estou reparando tanto nesses detalhes em uma garota?”

— Bom, eu estou quase acabando meu turno, então você pode me esperar, assim vamos juntas para casa. Enquanto isso, você pode continuar fazendo companhia para essa mocinha aqui. — Mortícia deixou um carinho na cabeça da garota na cama e um beijo na minha.