Se eu não tivesse você - Wenclair | g!p

Capítulo 27. I go with you

Wednesday Addams

Finalmente. Finalmente minha filha está em casa. Hoje, depois de meses, estou vendo ela dormir tranquilamente em seu quarto, em seu bercinho. Finalmente posso viver verdadeiramente a experiência completa de ser mãe. 

Deslizo meus dedos em seus finos cabelos castanhos, sorrindo, velando seu sono. Liguei a babá eletrônica e saí do quarto dela.

Voltei ao meu quarto e olhei minha cama, Enid ainda dormia serena abraçada ao meu travesseiro. Sua pele branca iluminada pela claridade que atravessava as cortinas, enaltecendo ainda mais a beleza da minha namorada. Eu não poderia contar o quão sortuda eu sou por ter essa mulher em minha vida.

Sentei na beirada da cama, velando mais um pouco seu sono, e Enid se mexeu fazendo com que o lençol que a cobria deslizasse por seu busto, tornando visível seus seios à mostra. Mas o que chamou a atenção foi a sua cicatriz um pouco acima do seio esquerdo.

Mesmo depois de tantos meses ao seu lado, eu ainda não conseguia olhar para aquilo nela. Lembranças do momento em que ela adquiriu aquela cicatriz faz meu estômago embrulhar. Aquela foi a pior coisa que já presenciei na vida. Ainda tenho pesadelos com ela fincando o maldito bisturi em seu próprio peito. Ainda sinto minhas mãos ensanguentadas e seu olhar desesperado perfurando minha alma e meu coração.

Deslizo meus dedos por toda a extensão do relevo sentindo sua dor. A dor que alguém sente para chegar ao ponto de um ato tão cruel contra si mesmo é algo imensurável.
Ela já sofreu tanto.

Me levanto a cobrindo novamente quando meu celular vibra na cômoda. Pego, percebendo que é uma mensagem de um número desconhecido.

“Precisamos conversar. É importante. — Xavier.”

Desci as escadas e encontrei minha mãe com Amelia no sofá da sala.

— Onde está minha netinha? 

— Está dormindo. — disse me sentando ao seu lado. Amelia estava distraída com o desenho na TV, então mostrei meu celular para minha mãe.

— O que esse canalha está querendo agora? — questionou ela, nervosa.

— Não sei. Tenho medo, mãe. Se ele já souber que Louise nasceu e quiser tirar minha filha de mim?

— Ninguém vai tirar ela de você, meu raio de sol. Você é a mãe dela. Eu vou conversar com minha advogada e você vai se encontrar com ele, e eu e ela vamos te acompanhar. Responda a mensagem e diga que vai.

Fiz o que minha mãe falou enquanto ela foi ligar para a advogada da família. Comecei a assistir com minha irmã na esperança de esquecer um pouco o assunto até que escuto um início de choro da minha lobinha na babá eletrônica. Me levanto e começo a subir às escadas, quando de repente ouço a voz de Enid entrando no quarto dela. Me aproximo devagar e consigo ouvir melhor o que ela fazia.

— Hey, filhotinho da mamãe. Já acordou, hum? Vem aqui. — chego na porta e observo ela de costas para a porta com nossa filha em seus braços. Meu sorriso é enorme olhando aquela cena tão linda. — Quer que a mamãe cante para você? — Enid olha nos olhos da pequena, balançando seu corpo lentamente. As duas ficam se olhando sem notar minha presença enquanto Enid começa a cantar baixinho com sua linda voz rouca.

It's just another night

And I'm staring at the Moon

I saw a shooting star and thought of you

I sang a lullaby

By the waterside and knew

If you were here, I'd sing to you