Enid Sinclair
A única certeza que temos na vida é a morte.
Irônico, não? Nascemos sabendo que um dia, mais cedo ou mais tarde, não estaremos mais aqui. Estamos todos apenas de passagem nesta vida. E mesmo nesse curto espaço de tempo, temos que enfrentar tantas coisas. Tantos conflitos, lutas e barreiras de todos os tipos.
Por mais que pareça que o outro é mais feliz, que tem uma vida boa, a verdade é que todos temos nossas barreiras, nossos demônios a enfrentar. Não importa sexo, cor, religião, classe social ou aparência. Todos passamos por dores e alegrias. Mas sempre tem aqueles cujo karma é mais severo. Onde as dores são sempre maiores que as alegrias. E essas pessoas são as que precisam de apenas uma coisa para poderem se reerguer a cada desmoronamento em sua vida: Amor.
O amor é o sentimento mais puro e divino que existe. Somente ele pode tirar a dor de alguém, como também pode causá-la. Mas sempre será o amor que moverá montanhas, acabará com guerras, que acalentará a alma sofrida.Por mais que o mundo pareça dilacerante, um gesto de amor trás luz na escuridão. O amor é lindo, mas também pode ser cruel se não é nos dado da forma correta. Pois o amor tem várias formas e interpretações e cabe a nós aprender cada uma delas.
Infelizmente existem os desafortunados que não recebem o amor daqueles que os deveriam amar incondicionalmente, pois um filho é um pedaço de você. É sua continuação. Se já nascemos sabendo que a morte é certa, um filho é a garantia de que de alguma forma, uma parte de você continuará vivo.
É impossível não amar seu próprio fruto, independente de qualquer imperfeição.
Mas, infelizmente, nem todos tem a honra de ter ao menos a forma de amor que lhe é direito.Amor fraternal.
O silêncio era como sempre meu companheiro, sendo quebrado única e exclusivamente pelo som de bip da máquina hospitalar ao meu lado. Como imaginei, meus pais fariam de tudo para passar o máximo de tempo possível longe de mim. E na verdade, não reclamo, pois a solidão é mais reconfortante do que o que sinto na presença deles. Me sinto um estorvo, uma intrusa em minha família, em minha casa.
O tempo passa devagar. Ouço passos apressados e diálogos incompreensíveis do outro lado da porta e fico imaginando os vários casos que vinham a aparecer no hospital. Quantas vidas sendo salvas e outras sendo perdidas nesse mesmo instante.
A maioria lutando para continuar vivendo e eu querendo apenas ir.Esse pensamento me mostra o quão egoísta estou sendo por pensar em tirar minha própria vida onde existem várias outras pessoas lutando para continuar vivendo.
Sei que existem muitos outros problemas piores e situações mais agravantes do que a minha. Mas sou fraca, não tenho mais forças para viver assim, não tenho motivos para querer continuar aguentando tudo sozinha.
Não tenho uma razão para enfrentar meus medos, minhas lutas. E no fundo, isso era tudo o que eu queria.
Uma razão. Uma única razão para me fazer querer ficar.[...]
Já fazem alguns dias que estou aqui no hospital e depois da minha primeira conversa com a doutora Mortícia, ela é a única que vem passar mais tempo comigo. Esther vem de vez em quando, mas fica apenas o tempo da visita. Até dormiu aqui na primeira noite, mas foi tão desconfortante tê-la aqui como se estivesse sendo obrigada a ficar comigo que eu lhe afirmei que podia ficar sozinha sem problemas. E nem precisei insistir pois pude até sentir o seu alívio em não ter que ficar.
Mas Mortícia era diferente. Parecia que gostava de estar aqui e passava todo seu horário de almoço comigo. Às vezes conversando mais sozinha do que comigo, já que não sou muito de conversar, ou então somente fica ali... Lendo, assistindo, comendo. Apenas me fazendo companhia.
Sei que ela faz isso por pena, mas mesmo assim não me sinto mal com sua presença.
Ela tem um jeito diferente em me olhar, em me tratar, com um carinho que é desconhecido por mim. Talvez até possa ser assim que seja um carinho maternal. Eu não posso dizer que seja já que nunca tive isso, mas é parecido com o modo que Esther trata a Leah.
Não sei se a doutora Mortícia faz isso somente por pena ou por que desconfia do que se passa em minha mente, mas eu gosto de tê-la por perto. Acho que é a única pessoa em minha vida que me trata como um ser humano e não uma aberração, mesmo sabendo da minha condição. Além dela, somente minha avó tinha me tratado assim, mas infelizmente foi por pouco tempo pois ela faleceu cedo demais. Talvez se ela ainda estivesse viva eu poderia ter ido morar com ela e não estaria pensando em maneiras mais rápidas de me matar.
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Se eu não tivesse você - Wenclair | g!p
FanfictionÀs vezes nos percalços da vida tudo que precisamos é de alguém para nos apoiar. Wednesday se vê grávida aos 18 anos e abandonada pelo pai da criança, contando com o apoio de sua família, ela tenta aprender a cuidar de si mesma e de uma nova vida que...