Não se faça de vítima.

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- Vim aqui ajudar Maraisa, mas ela parece que não precisa de ajuda, não é? - Nazaré me olhou decepcionada. - Tenho que ir. - Caminhei até a mais velha segurando suas mãos.

- Não é oque você está pensando.

- Você estava agarrando ela, ou estou cega? - Olhei pra Maraisa que estava parada no lugar sem mover um músculo.

- Foi um erro estúpido nosso. - Coloquei a mão na testa nervosa. - Não conte nada a Murilo e nem a minha filha, tudo estaria acabado. Meu casamento , o noivado delas. - Já podia sentir lágrimas molharem meu rosto. - Nazaré, eu confio em você como uma filha. Você pode esquecer tudo que viu?

- Não tem como eu simplesmente esquecer.

Maraisa se aproximou de mim e em um ato inesperado segurou minha mão, senti a mesma molhada de suor. Ela estava tão nervosa quanto eu.

- Murilo não pode ficar sabendo, por favor - Implorei olhando para Nazaré com um olhar desesperado. - Eu cometi um grande erro e não deveria ter me envolvido com Maraisa. - Soltei a mão da morena. - Eu amo Murilo e nunca conseguiria viver feliz sem ele. Eu sei e aprendi minha lição, eu não irei cometer o mesmo erro. Eu te imploro, Nazaré, por favor... Não conte a Murilo.

- Ok, Marília, vou manter o segredo. Mas você precisa prometer que nunca mais fará algo assim, por Murilo e pela sua filha. E se Murilo descobrir... Não sei o que vai acontecer, tome cuidado.

- Eu prometo... Eu sou só uma mulher confusa, mas Murilo é o amor da minha vida e eu não posso arruinar tudo. Eu espero que Murilo nunca saiba. É o melhor para todos.

- Vou deixar vocês resolverem essa situação e boa sorte. - Ainda atordoada a mais velha saiu da lavanderia fechando a porta.

- Sabia que isso ia acontecer, a culpa é sua! - Maraisa me fuzilou com os olhos.

- Minha culpa?

- Sim, de quem mais séria?

- Nossa!? - Perguntei como se fosse óbvio em um tom sarcástico. - Não é só eu que tenho esse desejo.

- Mas quem tentou algo foi você. - Maraisa começou a tirar o paletó que usava. - Veio com esses assuntos que eu te desejo, que meu corpo queima por você.

- Ok, mas o meu desejo é recíproco, não a desejo sozinha. Eu não fui a única que quis isso. - Olhei a outra que tinha uma expressão severa no rosto. - Eu queria e você também.

- Mas você foi que começou! - Maraisa argumentou em defesa de si mesma. - Se você não tivesse feito nada disso teria acontecido. Nazaré não teria descoberto. - Maraisa encostou na máquina. - Não consegue mais ficar no mesmo ambiente que eu sem querer me agarrar?

Não, eu não conseguia.

- Não se faça de vítima! - Cruzei os braços. - Você me atraiu e ainda diz que é inocente. Olha oque você fez comigo, seu corpo, a forma que fala, me deixa louca por você! - Olhei para o lado.

- Vamos voltar. - Maraisa ia se aproximar mas não fez. - Vou me trocar e já me reúno com vocês novamente.

- Ok. - Falei e baixei o olhar. - Irei te esperar aqui.

De volta ao jantar, Maraisa e eu olhamos uma para a outra sem saber o que dizer. Cada uma de nós estava se culpando pelo que aconteceu e sentindo vergonha de nossos sentimentos. Tentamos ignorar o que tinha acontecido, mas a tensão era palpável no ar, pelo menos para nós. Sentei-me em meu lugar com um incômodo no estômago e tentei disfarçar a preocupação e a ansiedade.

- O vinho não saiu da roupa, amor? - Mariane perguntou olhando Maraisa entrar na cozinha.

- Nazaré falou que irá tentar fazer algo, mas não se preocupe. - Sentou ao lado da minha filha. - É só uma roupa.

Indomável Desejo | Malila. Onde histórias criam vida. Descubra agora