Indomável Desejo | Malila.

Mas um beijo, nunca é só um beijo.

— Sério que posso contar isso a você? — Maraisa olhou Marília que tinha uma expressão triste no rosto.

— Pode confiar em mim, já disse.

— Tudo bem. — Marília olhou para os lados e pensou por alguns segundos. — Tudo começou quando estava começando minha vida depois de ser expulsa de casa com Murilo por ter engravidado, eu precisava de um emprego e consegui um em uma empresa de assistente. — Suspirou antes de continuar. — E lá tinha um homem, muito bem sucedido, no início ele ajudou minha família com algumas coisas, foi bom até demais, sabe?

— Sim.. — Maraisa sentou ao lado da outra. 

— Mas como nem tudo é perfeito, ele começou a ter algumas atitudes estranhas em relação a mim, sempre me queria por perto…

— Ele era casado?

— Sim, tinha uma família, mas nunca fui próxima dela. — Maraisa ajeitou a postura. — E queria que eu fosse amante dele a qualquer custo.

— Você aceitou?

— Não, eu amava Murilo e não era capaz de imaginar cometer uma traição apenas por dinheiro, sem contar que isso iria arruinar minha imagem.

— Entendi…

— Ele começou com presentes caros, roupas de marcas, viagens. — A loira sentia vergonha de falar sobre o passado. — A primeira casa que tive em meu nome foi ele que comprou.

— Por que você não recusava essa aproximação?

— Porque não tinha outra escolha, minha filha quase todos os dias chorava por sofrer bullying na escola por não ter um sapato igual ao das outras meninas e ela só tinha cinco anos, eu não podia simplesmente recusar essa ajuda, querendo ou não foi muito bem vinda na época.

— Imagino sua situação.

— E esses presentes era uma tentativa de me tornar amante dele, mas eu sempre recusei e falei que ele estava perdendo tempo comigo, que ele nunca me teria.

— Sabe quantos ele gastou com você?

— Não, nunca fiquei sabendo sobre esses valores.

— Tem algum patrimônio dele em seu nome?

— Não, não tem nada.

Marília mentiu naquela hora e seu coração acelerou. Praticamente todos seus bens eram dele, pois quando matou o mesmo deu um jeito de arrancar todo resquício de dinheiro que ele possuía. Com muito esforço e dedicação conseguiu, o resto que ganhou e tinha, era mérito do seu trabalho e imagem.

— Enfim, até que um dia ele me machucou de uma maneira inexplicável, roubou minha dignidade e minha alma por pura diversão. — A mais velha ao se lembrar de tudo sentiu um peso na alma e começou a chorar copiosamente, ela não conseguia evitar as lágrimas ao lembrar de tudo.

Maraisa a apoiou no ombro e segurou as lágrimas que queriam sair.

— Ele me machucou de uma maneira que até hoje não consigo me esquecer. Fiquei por dias sem conseguir me mover e com muito medo de falar alguma coisa. Fiquei com tanta raiva, como se tudo fosse minha culpa, mas não tinha como não ser. Ele fez as coisas que fez porque queria, não é?

Maraisa viu que Marília estava com uma expressão triste e abraçou a mais velha ainda mais para si.

— Depois da primeira vez eu achei que tudo iria acabar, mas não, só piorou. — Marília a olhou. — Cada dia era uma tortura diferente.

— Por que não denunciou?

— Ele ameaçou matar Mariane se eu fizesse algo a respeito, então aceitei tudo por ela, se eu passei por isso, foi por amor a ela.