Capitulo 38

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Angelina

Alguns dias depois

Já se passaram alguns dias desde que rolou o beijo entre Erick e eu, desde então, algumas coisas acabaram acontecendo em minha vida. Para começar Erick e eu não deixamos um simples beijo sem importância, acabar com a nossa amizade. Percebemos que aquilo foi algo do momento, e não valia a pena nos afastar. Então, continuamos saindo como se nada tivesse acontecido, mas é claro que evitamos ficar com os nossos rostos tão próximos, só para garantir. Para a minha felicidade, faz alguns dias que recebi uma ligação para uma entrevista de emprego, e apesar de eu não ter nem uma experiência, resolveram me dar uma chance em uma lanchonete. Apesar de estar feliz com o emprego, não é nada fixo, trabalho somente nos dias mais movimentados como feriados e aos finais de semana. E mesmo não ganhando muito, aos poucos vou juntando cada centavo para pagar as dívidas. Minha mãe não ficou muito feliz ao saber que consegui um emprego temporário, quase enlouqueceu ao saber que trabalho atendendo as pessoas. Para ela, eu não nasci para servir ninguém, e muito menos  me criou para isso. Porém, com os problemas que temos, não tenho direito de escolher.

Após comer uma comida qualquer para não desmaiar no trabalho, volto ao meu expediente, e começo a atender alguns clientes. E falando sobre trabalho, Anita ainda não se cansou de me ligar para tentar falar comigo, para me convencer a voltar para sua empresa. E pelo que eu soube por Flávia, desde que saí de sua empresa, Caio nunca mais apareceu por lá, e é exatamente por isso que Anita não para de me ligar, já que um dos seus melhores clientes desapareceu. Eu sei que ganhava muito bem trabalhando lá, mas nunca mais irei botar os meus pés naquela empresa. Só de lembrar o que passei quando acreditei nas palavras de Caio, faz uma raiva tomar conta de mim. Desde a última vez que o encontrei na boate, nunca mais o vi, e espero que continue assim.

Após receber os pedidos de alguns clientes, vou até o balcão e entrego para que seja preparado. Vou até uma outra mesa, deixo o cardápio com um sorriso no rosto, e começo a limpar a mesa vazia para que seja ocupada novamente. Apesar de não receber bem, o trabalho aqui não para. Estou aqui somente há alguns dias, e já estou me sentindo acabada. Pego um pedido do balcão, vejo de qual mesa é, e vou em direção a mesma. E assim que visualizo quem são os clientes, dou uma travada sem acreditar que sejam eles. Em meio a tantas lanchonetes, eles tinham que vir justo nessa que estou trabalhando? É muito azar para uma pessoa só. Respiro fundo antes de seguir, e resolvo encarar, e assim que chego com os pedidos deles na mesa, Alex toma um susto ao me ver.

— An-angelina? Você está trabalhando aqui? — pergunta como se não tivesse acreditando

— Sim, algum problema? — respondo com um leve sorriso no rosto

— Nossa, eu sabia que você tinha descido de nível, mas não tanto assim — Emily comenta com um sorriso debochado — A galera da faculdade vai adorar saber — diz dando risada, tentando me intimidar

— Você acha mesmo que eu me sinto envergonhada por estar trabalhando como garçonete? Acha que fazendo isso vai me incomodar? Sinto muita lhe informar, mas não. Eu tenho muito orgulho de estar trabalhando para ganhar o meu próprio dinheiro, e não depender de ninguém. Então, por favor faça isso, seja pelo menos uma vez na vida útil para alguma coisa. — falo fazendo o sorriso que estava em seu rosto de desfazer na hora — Se precisarem de mais alguma coisa é só me chamar — falo e saio como se nada tivesse acontecido.

Se eles pensavam que eu iria ficar calada, envergonhada por estar os servindo, se enganaram completamente. Depois de tudo que passei e estou passando, isso para mim não significa nada. Após longas horas em pé no trabalho, finalmente dá o meu horário para voltar para casa. Pego o primeiro transporte público que vejo e sigo exausta. Como eu entrei no primeiro horário no trabalho, chego em casa ao anoitecer. E sem falar com ninguém, pois não havia ninguém na sala, passo direto para o meu quarto, para tomar um banho. Fico durante longos minutos de baixo do chuveiro e assim que saio do banheiro, encontro minha mãe arrumada em meu quarto.

— E aí, como estou? — ela dar uma volta, após perguntar toda empolgada.

— Está lindíssima. Vai sair novamente? — pergunto, fazendo ela apenas balançar a cabeça que sim. — Com o mesmo empresario?

— Sim, filha.

— Posso lhe fazer uma pergunta? — falo fazendo ela concordar com a cabeça que sim enquanto se olha no espelho — Não me leve a mal, mas... esses encontros de vocês está sendo profissional ou...você sabe — pergunto fazendo minha mãe ficar sem jeito, e se aproximar de mim

— Bem...a princípio sim, mas agora eu não sei dizer se ainda é ou...— ela fica completamente pensativa à procura de uma resposta — Nós estamos criando uma grande amizade, é isso que eu posso dizer no momento. Mas se você quer saber se rolou algo, a minha resposta é não. Mas se tivesse você se incomodaria?

— Não mãe, jamais. Eu só quero ver a senhora feliz. Infelizmente o destino não quis que fosse com o meu pai, então que seja com alguém que a faça feliz. — falo deixando escapar um sorriso

— Fico muito feliz em ter o seu apoio, meu amor — diz sorrindo — E por isso, eu quero te fazer um convite. Gostaria que você fosse no jantar de amanhã para conhecê-lo, aceita? — Me convida, deixando-me pensativa

Eu sei que não faz nem um ano desde que meu pai se foi. Para muitos, pode ser surpreendente ver minha mãe com outra pessoa tão rapidamente. Porém, apenas eu compreendo o sofrimento que ela enfrentou quando tudo aconteceu e o quão árduo foi para ela manter esse sorriso no rosto que ostenta agora. Independentemente de estar ou não com alguém, o que realmente me importa é vê-la feliz novamente, assim como era ao lado do meu pai. Por isso, não vejo problema algum em acompanhá-la a esse jantar e conhecer a pessoa que a faz sorrir.


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