Angelina
Eu sempre fiz de tudo para que todos ao meu redor se sentissem bem, principalmente para a minha mãe, que é a pessoa mais importante que eu tenho nesta vida. Mas chega de fazer de tudo para a felicidade dela. Agora, mais do que nunca, eu preciso pensar em mim, na minha felicidade, na minha vida e na minha paz. Tudo que eu fiz até hoje foi por ela e para ela; agora preciso pensar em mim e não deixar que ninguém passe por cima de mim.
Hoje pela manhã, voltei à minha rotina e fui para a faculdade. Mas, dessa vez, fui com o motorista que Caio contratou. Confesso que foi bastante estranho, já que me acostumei a ir e vir de transporte público. Como passei o final de semana praticamente trancada em meu quarto, mal consegui falar com a minha mãe, pois preferi ficar feita uma prisioneira do que esbarrar com Caio pela casa.
Após ter estudado durante toda a tarde, começo a me arrumar para encontrar Flávia no horário em que marquei com ela, pois ela é a pessoa com quem posso contar e que pode me ajudar nesse momento de desespero. Eu sei que, da última vez que ela me ajudou com um emprego, após eu sair da empresa de Anita, fiquei bastante traumatizada com o ocorrido. Porém, dessa vez, acredito que dará tudo certo, pois não precisarei me deitar com nenhum desconhecido.
Faço uma maquiagem bem básica em meu rosto, amarro os meus cabelos em um rabo de cavalo, coloco uma calça jeans, e um casaco de couro preto por cima da minha blusa branca, e assim que estava guardando algumas coisas em minha bolsa, vejo minha mãe entrar em meu quarto.
— Filha, você vai sair? — pergunta enquanto se aproxima de mim
— Sim. Eu...eu vou fazer um trabalho da faculdade na casa de uma amiga. — minto, enquanto tento disfarçar.
— Agora? Por que não fez durante o dia?
— Porque... porque eu estava muito cansada e precisava dormir um pouco — falo com um leve sorriso. Sinto-me um verdadeiro lixo quando preciso mentir para a minha mãe, mas há coisas que ela não pode saber, ainda mais agora, estando com a última pessoa com quem gostaria que ela estivesse. — Posso lhe fazer uma pergunta? — pergunto, mudando de assunto, fazendo-a sacudir a cabeça, autorizando. — É verdade que a senhora não quis se casar com o Caio? — pergunto, deixando-a sem reação. — Eu sei que isso não é da minha conta, mas... se a senhora gosta tanto dele, por que não aceitou o seu pedido? — pergunto, fazendo-a olhar para o chão e logo seu olhar ser redirecionado para mim.
— Bom, é que.— ela fica pensativa como se estivesse procurando uma resposta — Eu já sou casada com o seu pai, e mesmo que ele não esteja mais presente em nossas vidas, quero que continue do jeito que está. — fala, fazendo eu não entender muito bem, já que ela gosta de Caio. — Mas como você soube disso? — pergunta, enquanto procuro como dizer a ela que foi Caio que me contou. —Caio contou a você?
— Sim. Ele esteve aqui me pedindo que aceitasse o cartão — falo sem graça, enquanto lembro do que quase aconteceu.
— Fui eu que pedi que viesse aqui. Acho que vocês precisam ter uma amizade, já que agora somos uma família, não é mesmo? — diz, fazendo eu apenas concordar com a cabeça para agradá-la, mas sem encará-la.
— Eu vou indo para não chegar muito tarde.
— Cuidado. Qualquer coisa é só me ligar — dou um beijo em seu rosto, e em seguida, saio do quarto com ela.
Minha mãe me acompanha ao descer as escadas, e vai comigo até o motorista que esta à minha espera. Entro rapidamente no mesmo, mando mensagem para Flávia dizendo que estou a caminho, e falo para o motorista o local que irei ficar. Após alguns minutos dentro do carro, enxergo Flávia de longe à minha espera, em uma rua com pouca movimentação.
— Você não precisa me esperar, tá bom? — informo ao motorista, após ele parar.
— Sim, senhora. — saio do carro às pressas, e encontro Flávia no canto de uma rua.
— Até motorista particular? — Flávia fala impressionada
— Para você ver como a minha vida está — respondo, e solto uma respiração profunda. — Onde fica a boate?
— Vem comigo. — Vejo Flávia entrar na pequena rua deserta e bater em um portão de ferro. Após o portão ser aberto, observo-a falar com um homem, e não demora muito, ela me chama para entrar com ela.
Com um pouco de nervosismo, passo pelo homem que é o segurança e sigo por um corredor escuro. Ainda no mesmo corredor, vejo outros corretores e algumas portas fechadas. Continuo seguindo Flávia, que entra comigo em uma sala, como um camarim. Ao chegar, vejo várias garotas se maquiando, vestidas com minis vestidos super decotados. Observo uma mulher com uma aparência mais velha entrar por onde Flávia e eu entramos e vir em nossa direção.
— Essa é a garota que você falou? — pergunta para Flávia, enquanto me observa dos pés à cabeça.
— Sim. Essa é a Angel. —Flávia responde.
— Angel. — diz o meu nome, e dar uma volta ao meu redor — Você sabe dançar? Tem alguma experiência?
— Sim — se passar o final de semana vendo vídeos na internet sobre dança for alguma experiência, então eu tenho.
— Então, ótimo. — ela vai até uns cabides que tem várias roupas brilhosas e pega uma para mim. — Se apronte, que logo venho chamar você e acertamos algumas coisinhas — Ela me entrega, me causando um grande frio na barriga, e sai.
— Eu não sei se vou conseguir — digo para Flávia, bastante nervosa
— Relaxa. Você vai estar mascarada, ninguém vai lhe reconhecer.
— Mascarada e com dois pedaços de pano. — digo enquanto observo a roupa, que é uma mini blusa e um mini short, que provavelmente vai deixar a metade da minha bunda à mostra.
— Melhor do que ir sem nada né? — fala, fazendo eu concordar. — Eu preciso ir, boa sorte.
— Obrigada. — Flávia me abraça e me deixa sozinha diante as outras garotas que mal me olharam na cara. Vejo uma menina sair de uma pequena porta que ao observar é o banheiro, e logo resolvo entrar para me trocar.
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Minha Obsessão
RomansaAngelina Rodriguez, uma jovem portuguesa de apenas 18 anos que se encontra perdida ao lado de sua mãe após o falecimento de seu pai. Sem condições de manter sua tão sonhada faculdade, Angelina vai a procura por um emprego na intenção de se sustentar...