Capitulo 54

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Angelina

Quando ouvia que amor e ódio caminham juntos, não conseguia acreditar. Para mim era algo impossível; na minha mente, era inconcebível que esses sentimentos pudessem se entrelaçar, uma vez que são totalmente opostos. Para mim, amar e odiar ao mesmo tempo não parecia viável. No entanto, após ter cometido a maior loucura da minha vida, posso afirmar que essa ideia é real. Vejo-me deitada na cama, olhando para o teto, depois de ter errado da pior forma com a pessoa que mais amo nesta vida. Estou me sentindo um verdadeiro lixo por ter deixado o tesão e o desejo falarem mais alto.

Olho para o meu lado na cama e vejo Caio com os olhos fechados, aparentemente dormindo. Com o seu peitoral despido e o lençol cobrindo apenas a sua parte íntima. Vejo a chave que ele havia guardado jogada ao chão, e   decido me levantar com cuidado para pegá-la. Assim que a seguro, um arrepio percorre meu corpo ao ouvir sua voz.

— Onde você vai? — pergunta me fazendo virar.

— Embora, sozinha. — digo, com um tom de voz sério

— Nós vamos embora juntos. Esqueceu que agora moramos na mesma casa? — pergunta, me fazendo sentir o pior ser humano da terra, por ter ficado com ele.

— Não. Mas adoraria esquecer. — falo com grosseira

— Por que você está falando assim? — Pergunta, enquanto respiro fundo e resolvo não disfarçar mais.

— Você é louco ou o que? — pergunto, deixando as lágrimas invadirem os meus olhos — Você está com a minha mãe, a mulher que mais amo, e olha o que acabamos de fazer? — falo deixando as lágrimas cair sobre o meu rosto — Eu estou me sentindo um lixo. Eu trair a minha própria mãe. A única mulher que me ama nessa vida. — digo e não consigo conter o choro. Caio se levanta da cama, enrolado no lençol e vem até mim, para tentar me acalmar. — Não, não se aproxima. — peço o deixando travado — Eu não quero mais que você se aproxime de mim. Nem que me toque, e muito menos que me olhe.

— Não diga isso. Eu sei que erramos, mas não conseguimos resistir,  e simplesmente aconteceu. Não conseguimos evitar — fala como se não tivesse acontecido nada demais

— Simplesmente aconteceu? — pergunto incrédula — É isso que você fala depois de transar com a filha da mulher que você fala que gosta?

— Você quer que eu fale o que? — pergunta enquanto se aproxima, com o seu peitoral malhado à mostra — Que eu não queria que acontecesse? Que eu não estava desejando você? Se você quer que eu fale isso, tudo bem eu falo. Mas vai ser contra a minha vontade. Porque o que eu sinto por você..— o interrompo não querendo ouvir

— PARA, NAO CONTINUA. — me altero, o deixando assustado — Eu não sou mais aquela idiota que você pensa. Eu não vou mais cair nas suas mentiras.

— Não são mentiras. Eu gosto de você, Angel.

— Gosta? — pergunto, rindo sarcasticamente — Há um tempo atrás eu era apenas uma garota sem experiência, que você machucou dizendo mentiras, e agora quer que eu acredite que gosta de mim? — pergunto enquanto lagrimo. — Não, nunca, eu jamais voltarei acreditar em suas palavras —falo, e vou em direção a porta para abrir-la

— Você vai embora desse jeito? — pergunta, me olhando.

— Não. Vou trocar de roupa, antes de ir.

— Deixa que eu pego as suas roupas, pra gente ir para casa juntos.

— Pra que? Para minha mãe descobrir o que acabou de acontecer entre nós?

— Ela não vai descobrir nada. Eu invento uma desculpa qualquer quando chegarmos. Agora deixe que eu pegue as suas roupas, por favor? — Sem respondê-lo, volta para cama e me sento na mesma. Depois do que Caio fez, não tenho nem coragem de encarar ninguém da boate.

Vejo ele vestir suas roupas rapidamente, e logo sai do quarto me deixando sozinha. Arrumo os meus cabelos em sua ausência, e tento tirar um pouco da maquiagem com as mãos. Após alguns minutos, Caio volta com as minhas roupas, fazendo com que eu vista rapidamente.

— Vamos sair pelos fundos. Já conversei com a proprietária, está tudo certo. — ouço ele dizer, e, sem respondê-lo, saio do quarto ao lado dele. Sigo o mesmo caminho pelo qual havia entrado com Flávia e logo saio com Caio, após o segurança nos liberar. Vejo o motorista à nossa espera e rapidamente abre a porta para que nós entremos.

Durante o caminho, tanto Caio quanto eu seguimos em silêncio absoluto. Eu não faço a menor ideia de com que cara irei encarar minha mãe. Que tipo de filha sou eu? Sinto-me suja, imunda, um verdadeiro lixo por não ter resistido a Caio. Eu sei que poderia ter evitado tudo isso, mas não consegui. Algo dentro de mim foi mais forte, fazendo com que eu não pensasse em nada, a não ser aproveitar aquele momento com ele. Vejo o motorista entrar conosco no portão e logo nos deixar em frente à porta. Sinto um nervosismo incomum, sem ter ideia de como encarar minha mãe. Em silêncio, desço do carro e vou em direção à porta. Assim que a abro, dou de cara com minha mãe séria, fazendo meu corpo travar, e logo Caio aparece atrás de mim.

— Onde você estava? Saiu sem me avisar. Você foi buscar a Angelina — pergunta para Caio seriamente.

— Não. Eu esqueci um documento muito importante na empresa, e como você subiu, resolvi não incomodá-la. E por pura coincidência, o motorista também foi buscar a Angelina na casa da amiga dela, não é mesmo? — Ele pergunta para mim, na esperança que eu confirme.

— É, é sim. — digo completamente sem jeito, e sem coragem de encará-la

— Eu fiquei preocupada, querido. Desci para falar com você e não te encontrei.

— Perdão, prometo avisar da próxima vez — diz, normalmente, como se nada tivesse acontecido.

— Eu...eu vou subir para o meu quarto. Estou bastante cansada — falo, indo em direção à escada, sem dar a chance de minha mãe fazer qualquer pergunta. Subo rapidamente e me tranco em meu quarto.

Sem conseguir mais conter as lágrimas, deixo-as escorrerem pelo meu rosto. Que tipo de ser humano eu sou? Menti descaradamente na frente da minha mãe. Não consegui nem encará-la de tanta vergonha pelo que fiz. O que aconteceu foi completamente errado. Eu deveria ter falado o que realmente aconteceu e não ter deixado Caio a enganar. Mas a ideia de como isso a magoaria me fez escolher a mentira, agindo como uma covarde.

Dirijo-me ao banheiro e, em um gesto apressado, removo toda a roupa do corpo. Deixo que a água quente me envolva, enquanto a angústia pela minha ação me consome. Não posso continuar vivendo aqui; não conseguirei olhar para minha mãe ou para Caio sem me lembrar do que aconteceu. Preciso ir embora o mais rápido possível, para qualquer lugar que seja.

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