Capitulo 42

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Angelina

Eu só queria acordar e perceber que tudo que passei na noite anterior era um grande pesadelo. Que nada daquilo tivesse acontecido, que tudo fosse uma grande ilusão da minha cabeça. Mexo-me na cama, que é bastante macia, e lentamente vou abrindo os meus olhos. Dou uma rápida olhada no quarto e as lembranças do que Erick e eu fizemos passam sobre a minha mente. E ao perceber que já é dia, me levanto rapidamente, enrolada no lençol, e começo a procurar a minha roupa desesperada. Merda, depois do que rolou entre mim e Erick, acabei pegando no sono e esquecendo completamente de avisar a minha mãe. Com certeza, nesse momento ela deve estar em desespero, pensando que o pior aconteceu comigo. Encontro minha roupa espalhada pelo chão e rapidamente começo a me vestir. Erick acorda um pouco assustado e sem entender a minha atitude.

— Eu preciso ir. Eu não avisei a minha que iria dormir fora, ela deve estar desesperada — informo enquanto coloco o vestido.

— Eu levo você até sua casa — diz enquanto se levanta, e rapidamente vai atrás das suas roupas.

Em um piscar de olhos, vestimos nossas roupas e, em questão de minutos, deixamos o apartamento, e seguindo direto para a garagem onde o carro do Erick está estacionado. No caminho, arrumo meu cabelo, tentando esconder os vestígios da noite que passei. Maldito momento em que a raiva tomou conta de mim e eu desliguei o celular. Se pelo menos tivesse avisado minha mãe, não estaria assim. Após alguns minutos, chego em frente ao apartamento, e saio rapidamente.

— Eu vou com você. — Erick me comunica, após sair do carro.

— Você não precisa se incomodar.

— Não é um incômodo. Talvez sua mãe não fique tão brava quando souber que estava comigo — pensando por esse lado, ele tem razão.

Concordo com a cabeça e logo Erick e eu subimos através do elevador. Ao chegarmos diante da porta, respiro profundamente e decido enfrentar a minha mãe. Assim que abro a porta, encontro-a no sofá, acompanhada de vó Antônia e Flávia. Ao me avistar, Flávia me lança um olhar desesperador. E, ao entrar, dou de cara com a pessoa que fiz de tudo para não encontrar novamente.

— Filha? Onde você estava? O que aconteceu? Passamos a noite toda ligando para você — Minha mãe pergunta completamente nervosa e desesperada vindo até mim. Sinto a raiva que sentir ontem à noite tomar conta de mim novamente, fazendo eu não me importar com as perguntas de minha mãe.

— O que esse homem está fazendo aqui? — pergunto em um tom sério, porém, tentando não demonstrar a minha raiva.

— Todos nós estávamos preocupados com você. Inclusive, o Sr. Mendes, que passou a noite conosco à sua procura. — Minha mãe responde em um tom sério — Onde você estava, Angelina?

— Estava com Erick. Nós passamos a noite juntos — respondo, enquanto encaro Caio, que não disfarçar a sua frustração

— E por que não me avisou? Nos deixou preocupados a noite toda.

— Meu celular descarregou, por isso não avisei.

— Sei que não é da minha conta, mas a sua filha não deveria passar a noite fora. Ainda mais com um desconhecido, sabe como a cidade está ultimamente. — Caio dá a sua opinião, como se alguém tivesse pedido.

— Eu não sou um desconhecido — Erick o responde, encarando.

— Isso, Erick não é um desconhecido, meu bem. Eu o conheço desde quando era criança, e sei que com ele, Angelina está segura. — diz soltando um sorriso —Mas não entendi por que nem um dos dois não me comunicaram?

— Me perdoa dona Ângela, nós...—antes que ele continue o interrompo

— Nós acabamos dormindo, depois da noite que tivemos. — falo descaradamente, enquanto seguro na mão de Erick. Minha mãe fica com um olhar surpreso como se tivesse gostado

— Isso significa o quê? — Minha mãe pergunta curiosa — Que vocês estão juntos? — Erick e eu nos entre olhamos sem saber o que responder.

— Só o tempo dirá — respondo, deixando Caio, ainda mais frustrado, sem poder fazer nada. Flávia também percebe a sua reação e tenta segurar o riso na frente de todos.

— Bom, já que você apareceu, quero agradecer ao Sr. Mendes por ficar a noite toda ao meu lado, me acalmando. — Minha mãe diz com um sorriso no rosto, e logo Caio vai até ela e a segura em suas mãos. — Se você não estivesse aqui, não iria saber o que fazer.

— Não precisa agradecer, fiz isso por você. Como se diz no Brasil, quem quer a mãe também quer a filha — diz com um sorriso no rosto, em um tom nada agradável, olhando seriamente para mim. Sinto aquelas palavras me arrepiaram completamente, sem saber o que ele quis dizer com isso.

Minha mãe se despede de Caio com um carinhoso beijo no rosto. Em seguida, ele se dirige até a vovó Antônia e lhe beija a mão, enquanto ela sorri de forma gentil, sem ter ideia de quem ele é de verdade. Assim que ele passa por mim, me volto para agradecer ao Erick por ter me trazido para casa e me despeço dele, pois sei que minha mãe certamente vai querer ter uma conversa comigo. Depois que eles partem, vou direto para o meu quarto e percebo minha mãe me seguir.

— Acho que precisamos ter uma conversa. — diz séria me fazendo sentar na cama. — Eu exijo uma explicação para o seu sumiço no jantar. Por que foi embora sem dar explicações no momento em que mais gostaria que você estivesse ao meu lado? O que aconteceu? Por que teve aquela atitude? Não gostou do Sr. Mendes? — Me pergunta, fazendo eu engolir em seco, enquanto me seguro para não explodir e dizer toda a verdade. Porque sei o quanto seria decepcionante para ela.

— Me perdoa, mãe. Ver você com aquele homem fez-me sentir medo de que você esqueça o meu pai de vez —falo, tentando segurar as lágrimas.

— Oh, meu amor, o seu pai sempre será o homem que eu mais amei. — diz, sentando em minha frente — Só que eu preciso seguir a minha vida.

— O que você sente por ele? —pergunto com medo da sua resposta.

— Eu ainda não sei te dizer. — diz pensativa — Mas... estar com ele me faz muito bem. Faz eu não me sentir sozinha. Faz eu me sentir segura e protegida.

— Como você sentia com o meu pai?

— Não. Nunca será como eu me sentia com o seu pai.

Não sei o que Caio pretende estando com minha mãe, sabendo que sou filha dela. Não sei se foi planejado ou pura coincidência que seja ele o homem que fez ela sorrir. Mas eu preciso descobrir o que realmente está acontecendo antes que minha mãe passe pelo que passei com ele. Não posso permitir que ele a faça sofrer e a engane, como me enganou.

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