Capitulo 61

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Angelina

Eu só queria poder entender esse sentimento estranho que faz com que eu não resista à pessoa que, a única coisa que eu mais quero, é distância. Que tipo de filha faz o que eu estou fazendo com a minha própria mãe? Que tipo de filha trai e mente para a sua mãe? Por que eu não consigo resistir a ele, a pessoa que um dia me fez sofrer, que me machucou? Eu não consigo entender por que sinto isso. Essa não sou eu, essa não é a Angelina de antigamente. Eu tenho certeza de que a Angelina do passado jamais faria isso, jamais. Após ter evitado que o pior acontecesse, me tranquei em meu quarto, com os meus nervos a mil. Por mais que naquele momento a minha cabeça tenha dito não, o meu corpo estava implorando para tê-lo novamente, como da última vez.

Como de costume, saí para a faculdade antes que todos na casa acordassem. Por mais que eu saiba que terei que ver Caio de um jeito ou de outro, prefiro evitar esse encontro pela manhã. Ainda mais porque fui eu quem teve a atitude na noite passada, e não ele. Chego em casa na hora do almoço e, ao avistar de longe, percebo que minha mãe está almoçando sozinha, já que Caio provavelmente ainda está na empresa. Assim que eu ia subir de fininho, sem que ela percebesse, ouço minha mãe me chamar, fazendo-me ir até ela.

— Filha, você chegou tarde hoje — diz, após chegar à sala de jantar. — Sente-se, almoce comigo. — Apesar de não estar com fome, resolvo almoçar para lhe fazer companhia. Vejo a funcionária colocar um prato para mim e servir a minha comida. — Hoje temos um evento para irmos — me comunica animada. — Será um evento das empresas em que Caio é sócio.

— Espero que vocês aproveitem —falo e saboreio a comida.

— Nós vamos aproveitar, sim.  Até porque você também vai conosco.

— Como assim eu também vou? — pergunto, não querendo acreditar.

— Você é da família, então obrigatoriamente precisa estar presente. E nem adianta dizer que não.

— Mas eu não tenho nem uma roupa adequada para esse tipo de evento. — Invento uma desculpa na tentativa de que ela mude de ideia — E também está muito em cima da hora.

— Quanto a isso não se preocupe. Vai vim um estilista e nos trará os melhores vestidos para esse evento. — fala entusiasmada — Faz tanto tempo que não participamos de um evento que fico até nervosa — diz, me fazendo soltar um sorriso frouxo.

Ver minha mãe feliz também me faz muito feliz. Mas, ao lembrar do quanto estou sendo uma péssima filha, isso me faz sentir um verdadeiro lixo, por eu não conseguir resistir a alguém que a faz feliz. Eu sei que o certo seria falar toda a verdade desde o começo, mas o medo da reação da minha mãe me persegue, fazendo com que eu não consiga contar absolutamente nada para ela. Após almoçar com minha mãe, subi para o meu quarto, tomei banho, troquei de roupa e revisei algumas matérias da faculdade antes da chegada do estilista. Por volta das quatro, fui até o quarto de minha mãe, onde o estilista já se encontrava. Como não estou muito animada, apenas escolhi um vestido preto aveludado, de fenda lateral e de manga única.

O evento, que eu não faço a menor ideia de onde seja, está marcado para as oito horas da noite. Então, por volta das seis e meia da tarde, comecei a me arrumar sem pressa alguma. Fiz uma maquiagem um pouco forte para realçar os meus olhos, um penteado de coque alto em meus cabelos, deixando alguns fios soltos. Em seguida, coloquei o meu vestido e um salto fino da cor preta. Percebo que falta algo para destacar e resolvo colocar o par de brincos e o colar que Caio havia me dado. Olhando-me no espelho, vejo que estou pronta para encarar a noite. Com uma bolsinha de mão, saio do meu quarto e desço as escadas. Ao descer a última escada que leva ao primeiro andar, percebo que Caio interrompe o que estava fazendo e me observa com uma expressão de espanto, quase como se estivesse vendo um fantasma. Seus olhos me avaliam de cima a baixo, com a boca entreaberta. Apesar de não ser certo e de eu não querer, não posso deixar de notar o quão elegante ele está com seu smoking preto, que realça seu olhar de uma maneira impressionante, capaz de atrair o interesse de qualquer mulher.

— Filha, você está linda — minha mãe me elogia, me fazendo voltar para a realidade. — Não acha querido? — pergunta para Caio, que fica um pouco nervoso e sem jeito.

— É..sim. Está muito bonita.

— Obrigada mãe. A senhora também está lindíssima. — Agradeço enquanto percebo o quanto o vestido azul celeste, também longo, ficou perfeito em seu corpo.

— É melhor a gente ir. Já estamos atrasados. — Caio nos avisa, conferindo seu relógio. Percebo minha mãe entrelaçando o braço no de Caio, o que me deixa bastante desconfortável. Então, passo à frente deles e sigo em direção à saída da casa, onde provavelmente o motorista já nos aguarda.

Continua......
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